Um rapaz com a habilidade de conversar com carros, e um carro com ideias totalitárias. Esses são apenas alguns dos elementos de "Carro Rei", novo longa da diretora Renata Pinheiro, que acaba se ser selecionado para competição oficial do Festival de Roterdã. O filme tem como tema uma mobilização popular que toma um caminho irracional e perigoso, combinando elementos fantásticos para abordar questões sociais e políticas do presente. Será distribuído comercialmente no Brasil pela Boulevard Filmes - ainda sem data oficial de estreia.


O protagonista de "Carro Rei" é Uno (Luciano Pedro Jr), que ganha esse nome em homenagem ao primeiro carro adquirido por seus pais, e no qual ele nasceu a caminho da maternidade. Uno, desde criança, fala com esse mesmo carro, e o considera como seu melhor amigo. Um acidente trágico separa os dois: Uno se torna um jovem ativista ambiental, enquanto o carro é despachado para o ferro-velho do seu tio Zé Macaco (Matheus Nachtergaele), um mecânico com ideias mirabolantes.  


A diretora - que assina o roteiro com Sergio Oliveira e Leo Pyrata - define o longa como “um filme sobre luta de classes. O projeto surge da observação das cidades brasileiras e da constatação de um exagerado apego da população aos automóveis. Os carros particulares ocupam as ruas, as mentes e os planos dos governantes: são mais que veículos, são tratados com mais regalias que os transeuntes. Essa importância desproporcional dos automóveis na sociedade brasileira, pode ser fruto de uma falsa crença que o carro é um símbolo de ascensão social e prosperidade. 'Carro Rei' é o resultado de uma investigação artística que busca construir uma relação interpessoal entre personagens inusitados, objetos inanimados e humanos, em ambientes que revelam essa complexidade. Nos meus filmes tento construir uma narrativa considerando que linguagem visual é tão importante quanto o diálogo. E neste contexto, os objetos também tem grande significância e são personagens vivos.


O filme se passa em Caruaru, uma cidade média nordestina, onde a crise econômica está afetando a todos, especialmente a classe trabalhadora. A ideologia de extrema direita, carregada de falsas esperanças, está se espalhando com velocidade; e ela chega de carro. 


No filme, a cineasta teve a oportunidade de retomar a parceria com Sergio Oliveira, premiado diretor e roteirista com quem ela trabalhou desde seu primeiro curta, e com quem co-dirigiu o recente longa "Açúcar". A fotografia é assinada pelo argentino Fernando Lockett, com quem trabalha desde seu primeiro longa. Para o elenco, nomes como Matheus Nachtergaele, que define como “um artista excepcionalmente versátil que conquistou uma reputação formidável no Brasil e no exterior”; Luciano Pedro Jr, jovem ator negro alagoano, que faz sua estreia em longa metragem; Clara Pinheiro, jovem atriz recifense que iniciou sua carreira no cinema aos 12 anos participando de filmes relevantes para a cinematografia brasileira; Jules Elting, da Alemanha, de carreira sólida no teatro e há alguns anos emergente no cinema internacional de arte. 


Fonte: Boulevard Filmes (via press-release)