O Feed Dog Brasil 2020 - Festival Internacional de Documentários de Moda está de volta! O evento acontece de 15 a 20/12/2020, em edição online, disponível em todo território nacional. Com curadoria da jornalista Flavia Guerra, o festival apresenta uma seleção de 15 títulos brasileiros e internacionais, a maior parte inédita no circuito de cinema, TV ou VOD do país, com 2 pré-estreias nacionais. Todas as atividades paralelas serão transmitidas ao vivo, com acesso gratuito. Todos os filmes estarão disponíveis gratuitamente no site oficial .


No mundo contemporâneo, em um ano que trouxe tantos desafios, é crucial pensar e repensar a moda e a forma como a produzimos e nos relacionamos com ela. Por isso, a programação do Feed Dog Brasil 2020 propõe uma celebração à moda, a seus grandes criadores, mas também promove um debate sobre os desafios criativos, sociais, culturais, de consumo, de sua relação com o meio ambiente, com os direitos trabalhistas, com a atitude antirracista e com uma política inclusiva de fato. Que moda queremos para o futuro? Como ser empreendedor do setor, como pensar a moda como patrimônio cultural e como entender as políticas públicas para o setor? Como continuar criando moda responsavelmente e produzir muito mais do que roupa? Qual o propósito da moda em um mundo em constante transformação? São muitas questões e muitas inspirações que o Feed Dog Brasil 2020 propõe tanto em sua mostra de filmes internacionais e nacionais quanto nas atividades formativas.


A cerimônia de abertura acontece no dia 15/12/2020, às 20h, ao vivo e online, seguida da pré-estreia nacional do documentário “House of Cardin”, de P. David Abersole e Todd Hughes. Inédito no Brasil, o filme mostra um dos maiores ícones da moda mundial, o estilista Pierre Cardin, ainda em atividade e que completou 98 anos em 2020. Sua marca está em roupas, calçados, acessórios, perfumes, malas, jóias e até em aviões. Trabalhador incansável, Cardin espalhou seu nome pelos cinco continentes, sempre com propósitos e ideias muito claras. Neste filme, ele conta sua história, mostra suas principais criações, fala sobre suas frustrações e dilemas sem, em momento algum, perder o senso de humor. 


Na lista de filmes que retratam grandes personagens do mundo fashion, “Martin Margiela: In His Own Words”, de Reiner Holzemer (Bélgica, Alemanha/2019), um dos mais interessantes filmes da produção atual, também faz sua estreia nacional no festival. Controverso, criativo, iconoclasta, enigmático, genial, Martin Margiela tanto produziu como questionou a moda. O estilista belga é referência quando se pensa em nomes que fizeram história e, mesmo assim, concedeu pouquíssimas entrevistas na vida. Neste filme, para o qual Margiela colaborou e criou uma parceria com o diretor, temos a rara oportunidade de entender  a trajetória, as criações e a visão de mundo de Margiela por suas próprias palavras.


O celebrado “The Disappearance Of My Mother”, de  Beniamino Barrese (Itália/2019), parte do perfil de uma das maiores modelos da história da moda italiana para tratar de temas como feminismo, objetificação e comoditização do corpo da mulher. Ao mesmo tempo, é o retrato carinhoso, mas também contundente, de um filho sobre sua mãe. Benedetta Barzini foi a primeira modelo italiana a posar para a capa da Vogue America, alcançou o status de grande figura da moda, foi fotografada por Irving Penn e Richard Avedon, amiga de Salvador Dalí e Andy Warhol, mas decidiu abandonar a moda e a fama. Quem é de fato esta mulher controversa, crítica, bela e questionadora? Beniamino Barrese, que com seu filme de estreia integrou a seleção oficial do Festival de Sundance 2019, filma o que é também uma investigação sobre uma figura que lhe é tão íntima mas também distante.


O documentário McQueen, de Ian Bônhote e Peter Ettedgui (Reino Unido / 2018), mergulha na intimidade de um dos maiores nomes da moda de todos os tempos, o estilista britânico Alexander McQueen. Um retrato emocionante de um visionário da moda, um gênio na passarela que foi incapaz de lidar com o sucesso e encontrar a paz. Contando com entrevistas e depoimentos exclusivos de pessoas próximas,  familiares e personalidades do mundo da moda, o filme mostra a genialidade do artista, até sua morte precoce aos 40 anos.


A programação internacional conta ainda com os premiados documentários “Mapplethorpe: Look at The Pictures”, de Fenton Bailey e Randy Barbato (Alemanha, Estados Unidos/2016), um clássico que retrata um dos mais provocativos, criativos, chocantes e importantes artistas do século 20. O fotógrafo quebrou paradigmas e levou a fotografia, até então desprezada como ‘arte menor’ ao patamar de arte que não só é digna de integrar as coleções e museus de arte mais prestigiados do mundo (como o Guggenheim Museum de Nova York) quanto ser vendida a milhares de dólares.  É sua vida, repleta de altos e baixos, polêmica, sexo, amor, erotismo, arte, som, ousadia, excessos, beleza e dificuldades que Look at the Pictures traz. Sem concessões, sem receio de revelar as nuances da personalidade e do trabalho deste grande artista, que mudou não só a maneira como o mundo vê a fotografia mas influenciou e influencia gerações de fotógrafos pelo mundo, inclusive, e talvez principalmente, os fotógrafos de moda.


Já “Machines”, de Rahul Jain (Índia, Alemanha, Finlândia / 2017), que fez uma carreira de sucesso em festivais internacionais, é um olhar atento sobre as condições de trabalho de uma indústria têxtil na Índia. Nela, os operários encaram jornadas extenuantes de trabalho em condições precárias e nem mesmo direito a equipamentos de segurança e pausa para descanso. Em meio a tudo isso, o olhar que tanto o diretor Jain quanto o diretor de fotografia Rodrigo Trejo Villanueva lançam sobre o cotidiano desta fábrica é de uma beleza rara. Sem discurso, entrevistas ou narração, Machines nos convida a embarcar nesta jornada com os trabalhadores e nos questionarmos sobre nossa própria responsabilidade sobre a indústria da moda globalizada.


A ascensão e queda do império Halston parece ficção e é relembrada na produção americana “Halston”, de Frédéric Tcheng (Estados Unidos/2019). O filme traz a história de como um garoto que fazia os chapéus de Bergdorf Goodman se converteu no rei da moda americana e foi derrubado por ele mesmo.


Num diálogo que olha para a diversidade da moda, “Bangaologia – The Science of Style”, do angolano Coréon Dú, faz um colorido panorama da Bangaologia, suas origens, sua influência na moda e no estilo do mundo contemporâneo, que extrapola os limites de sua África natal e ganha adeptos na Europa, nos Estados Unidos e em outros continentes. Como diz um dos entrevistados do longa, “Um Bangão é sempre Bangâo.” Mas o que é ser um Bangâo? O que é a energia, a essência e o ingrediente africano que inspiram tanto criadores de arte, de moda e estilo quanto músicos e apaixonados pela Banga? Além de buscar respostas, Coréon Dú quebra conceitos pré-concebidos sobre a cultura e a moda africana e traz um olhar interessado e autêntico sobre a África atual e multifacetada. 


A produção nacional do Feed Dog revela como o universo da moda no Brasil é rico e plural, com filmes premiados e que conquistaram prestígio internacional como “Favela É Moda”, de Emílio Domingos (Brasil / 2019), eleito como melhor documentário pelo público do Festival do Rio 2019 e, recentemente, como melhor longa no XII Prêmio Pierre Verger de Filme Etnográfico 2020. Ao acompanhar uma geração que acredita na afirmação de identidades e sexualidades, e que se prepara para integrar as grandes passarelas e editoriais, o filme questiona a força estética e política de jovens negros em busca de realização pessoal no mundo da moda.


O premiado “Estou Me Guardando Para Quando o Carnaval Chegar”, de Marcelo Gomes (Brasil / 2019), revela como a indústria do jeans mudou a vida da pequena Toritama, no interior de Pernambuco. Mais de 20 milhões de calças jeans são produzidas anualmente na cidade, em dezenas de fábricas caseiras, por operários que são também chefes de si mesmos e que não param jamais; a não ser no Carnaval. Com olhar atento, o documentário questiona o significado do trabalho, do lazer e da qualidade de vida em um mundo cada vez mais rápido.


Entre os filmes nacionais, destaque ainda para os longas “Fios de Alta Tensão”, de Sérgio Gagliardi-Gag (Brasil / 2018), e “Deixa na Régua”, de Emílio Domingos  (Brasil / 2016), obras complementares, que retratam a beleza, o significado e o valor do cabelo para a vida, a socialização e a construção da identidade de indivíduos, comunidades e grupos étnicos. Completam a seleção os curtas “Alfaiates de Belo Horizonte”, de  Sílvia Godinho e Ana Luísa Santos (Brasil / 2013), “Mini Miss”, de Rachel Daisy Ellis (Brasil / 2018), e “Planeta Fábrica”, de  Júlia Zakia (Brasil / 2018).


O Feed Dog nasceu em Barcelona em 2015 e chegou ao Brasil em 2017, onde foram realizadas edições presenciais em São Paulo, Belo Horizonte e Brasília. Com patrocínio máster da Riachuelo, através do ProAC ICMS de São Paulo, o evento conta em 2020 com o copatrocínio de Colombo Agroindústria, através da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Para mais informações sobre a programação, disponibilidade de cada filme e atividades paralelas, consulte o site oficial .


Fonte: Feed Dog Brasil (via press-release)