Animação da Sony abre a corrida para o Oscar de Melhor Animação


A Sony Pictures Animation nos brindou em 2018 com o excelente Homem-Aranha no Aranhaverso e abocanhou o Oscar de Melhor Animação de Longa Metragem. Méritos pra isso teve de sobra: Roteiro inteligente, personagens bem construídos, vindos de realidades alternativas e integrados ao cenário de forma convincente e direção impecável.

Porém, o que mais se destacou na animação descolada baseado nos personagens Marvel foi a animação. A técnica é tão legal que foi patenteada pela Sony.

Agora, em A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas, a Sony usa sua nova arma, nos apresentando mais um filme de animação belo, cheio de referências à cultura nerd e temas polêmicos.

A tal família Mitchell da animação é um retrato da maioria das famílias atuais do mundo real. É uma caricatura tão bem desenhada que, em certos momentos, pode incomodar aqueles nos quais a carapuça servir. 


A protagonista é a moderninha Katie Mitchell, que pretende estudar Artes na Universidade da Califórnia. Pretensa cineasta, demonstra talento para o trampo desde cedo e tem vários "filmes" independentes postados no Youtube, que refletem sua própria vida, numa referência clara aos diretores que tem identidade própria, como Quentin Tarantino, Peter Jackson e Zack Snyder

Seu pai, Rick Mitchell, não acredita muito no sonho da filha e isso tem uma consequência importante no final do longa. Não se liga em tecnologia e sim na natureza. Já Linda Mitchell, a mãe de Katie e do pequeno Aaron, é super-plugada e se importa demasiado com o que rola nas redes sociais, em especial no Instagram. Não é muito segura quanto à própria imagem e essa amarra é uma das coisas mais interessantes que o filme aborda. Aaron é um menino comum, tímido, que ama dinossauros.

Os vilões do filme deveriam ter sido a perfeita e invejada (por Linda) família Posey, mas a ameaça da perfeição dos esnobes vizinhos dos Mitchell é substituída por uma ameaça global, promovida por uma figura cuja vilania repousava por trás de uma interface agradável. Dizer mais é dar spoilers, e eu não irei fazer isso aqui.


O roteiro e direção são de Mike Rianda e Jeff Rowe. O filme é um road movie e isso é aproveitado ao máximo, enriquecendo o filme com situações engraçadas, ainda mais referências e ritmo que tornam a animação fluída. As quase duas horas de duração passam rápido e quando me dei conta o filme tinha terminado. Além disso, A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas traduz a cultura dos memes e dos conteúdos virais de uma forma tão bem sacada que qualquer outro filme que tentar, ou melhor dizendo, ousar fazer o mesmo irá falhar miseravelmente, sendo possivelmente acusada de plágio. Todas as inserções de elementos claramente advindos de comportamentos de redes sociais são colocados precisamente no momento certo.

Os cenários do filme, especialmente no terceiro ato, são muito bonitos. Não dá nem pra descrevê-los com palavras, você precisa ver.

O filme ainda traz críticas bem-vindas à fissura causada nas famílias pelas redes sociais que podem gerar polêmica. Assim como apresenta uma personagem homossexual em um desenho animado de "censura livre". E como não foi sutil, e sim feito de modo que deixou bem clara a opção sexual da personagem, pode ser algo que irá arrepiar cabelos por aí.


A animação segue a mesma linha de Homem-Aranha no Aranhaverso e é uma pena que o filme só possa ser visto, em tempos de pandemia, na TV. Este filme merecia uma tela enorme.

Lançado na semana seguinte à festa do Oscar 2021, esta animação marca o início da corrida para os Oscars no ano que vem. Tomara que esteja entre os indicados, porque tem cara de vencedora.

Produzido em parceria com a Netflix, A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas, está disponível para streaming na plataforma. Não perca tempo e assista urgentemente.


Marlo George assistiu, escreveu e queria viver em um mundo que refletisse as capas de álbuns do Journey