Marvel flerta definitivamente com a ficção científica em episódio piloto perfeito

Loki é, sem sombra de dúvidas, a série de TV que eu mais esperei a estreia durante todo o período de pandemia. O hype estava altíssimo e a expectativa na estratosfera. E agora, terminando de assistir o piloto, posso afirmar que o hype não foi em vão e a expectativa não foi alta o suficiente.

Estou praticamente sem palavras.

A trama do episódio piloto é o flerte definitivo da Marvel com o gênero sci-fi, e estou falando aqui de ficção científica de verdade, cerebral, crítica e, principalmente, inteligente. Além disso, as referências que foram trazidas são muito convenientes, afinal, toda a ambientação que remete à metade do século 20, e aqui vale lembrar que entre as décadas de 40 e 60 tivemos o lançamento de grande parte dos clássicos do gênero, não só na TV, cinema, mas também na literatura, demonstra o esmero do trabalho da direção de arte da série. Impecável.

As piadas que são uma preocupação minha sempre que a Marvel Studios lança uma nova produção, são desta vez inteligentes. Nada de galhofas ou bobagens. Todas as piadas são circunstanciais, com timing perfeito, sem exageros e contextuais. O roteiro é primoroso, especialmente ao mostrar Loki em uma situação, para ele inesperada, de submissão e impotência. O episódio piloto faz um raio-x do vilão como poucas vezes eu assisti na TV.


Tom Hiddleston
retorna em grande forma, mostrando perícia em seu mister e conhecimento de seu personagem. Afinal, são mais de 10 anos como Loki e Hiddleston domina seu território. Owen Wilson é uma excelente adição ao elenco, servindo de escada para Hiddleston em uma dobradinha que dá gosto de assistir. Há muita química entre os atores. Dentre os coadjuvantes a atriz com mais tempo de tela é Wunmi Mosaku, como Caçadora B-15, e sua principal função foi servir de alívio cômico em uma cena fundamental para a conclusão do episódio. Serviu bem ao seu papel, e é necessário que seja melhor explorada em episódios vindouros, uma vez que a atriz está creditada em todos os episódios da série, segundo o IMDb.

Para concluir a obra prima, os créditos finais trazem como trilha incidental uma música que lembra bastante o tema de Doctor Who, e como a série tem como tema viagens temporais, caiu como uma luva.

Este primeiro episódio, "Propósito Glorioso", foi dirigido por Kate Herron que já trabalhou em Sex Education, uma série que trata de relacionamentos complicados. Trouxe essa experiência para o piloto de Loki e realiza um episódio esperto e emocionante, puxando da alma de Hiddleston os sentimentos mais profundos da personagem, conduzindo o episódio com arrojo.

Ansioso pelo próximo episódio.



Marlo George assistiu, escreveu e já se conectou com a TVA no passado, quando sintonizava o canal no UHF usando seu antigo videocassete