O quarto episódio da animação da Marvel Studios traz mais uma versão alternativa do filme original e surpreende pela forma como abordou o tema da viagem no tempo e suas consequências

Venho reclamando da falta de qualidade dos roteiros dos últimos dois episódios de What If...?, primeira animação da Marvel Studios que vem sendo exibida na Disney+, plataforma de streaming da Walt Disney Company e que vem nos apresentando um novo episódio toda quarta-feira. O primeiro episódio foi tão bom, tão bem resolvido e escrito que acabou por prejudicar os seguintes que não tiveram um texto tão bom.

Agora, com a chegada do quarto episódio, minha esperança de que a série será realmente espetacular é revigorada. O que Aconteceria Se... O Doutor Estranho Perdesse seu Coração ao Invés de suas Mãos, episódio escrito por A.C. Bradley e Matthew Chauncey, supera o primeiro episódio com um roteiro rebuscado e arrojado. As questões filosóficas abordadas tornam, inquestionavelmente, um mero episódio de uma série animada em uma obra-prima. 

O dilema do personagem principal, Stephen Strange, também conhecido como Doutor Estranho, é demasiado humano e as consequências do uso da magia para resolver um problema inevitável e comum concluem a história de forma emocionante. A dualidade das emoções humanas nunca foram tão bem exploradas em um desenho animado. Arrogância, egoísmo, amor, felicidade, tristeza e luto são temperos de uma história com muitos sabores. Com muitas camadas.

Além do mais, o personagem sai do episódio fortalecido, maior e mais complexo. Doutor Estranho é, de fato, um personagem poderoso demais, não só pelos poderes ilimitados, mas também por sua complexidade e riqueza. As possibilidades de uso dessas características, suportadas por tudo que foi apresentado nos filmes e neste episódio animado, são imensas. Strange é, definitivamente, o melhor personagem do Universo Cinematográfico Marvel.

Outro aspecto desta animação que me agradou foi a forma escancarada como os gibis originais são referenciados no episódio. Nem o filme Doutor Estranho, de 2017, se parece tanto com as primeiras historinhas do herói publicadas na revista Strange Tales, da Marvel Comics. A atmosfera mística e a participação de criaturas terríveis, desde as lendárias, até as Lovecraftianas, tem conexões diretas com a publicação.

Pare tudo que está fazendo e assista. 

Você não verá nada melhor que isso hoje. 

O final irá ferir seu coração.



Marlo George assistiu, escreveu e acha que este é o melhor episódio de um desenho animado, baseado em quadrinhos americanos, já feito