Nem a badalada cena pós-crédito do segundo filme do Venom salva a produção de sua irrelevância inerente

Em 2018 tivemos nosso primeiro encontro com Venom nos cinemas, desde a trágica aparição da personagem em Homem-Aranha 3. Trata-se de um bom filme, mas que não demandaria por uma sequência não fosse por um fato: A cena pós-crédito trazia uma surpresa muita agradável. Woody Harrelson faz uma aparição como Cletus Kasidy, ninguém mais, ninguém mesmo, que o hospedeiro do simbionte Carnificina.

O hype pela sequência foi instantâneo.

Para entregá-la foi contratado Andy Serkis, que apesar de ser mais conhecido por seu trabalho de ator, tem experiência em direção, desde os tempos em que trabalhou na segunda unidade de direção da trilogia O Senhor dos Anéis. Serkis dirigiu algumas das cenas daquele incrível trabalho baseado na obra de Tolkien e, apesar de não ser creditado, parte do mérito da direção vencedora do Oscar é dele.

Com a confirmação de Harrelson no filme para reprisar seu papel como vilão principal e com Serkis na direção, nada poderia dar errado.

Porém, Venom: Tempo de Carnificina é muito ruim. Mal realizado, o longa parece truncado. O diretor conduz o longa como um trem sem freios, uma vez que a história é mal conduzida. A montagem deixou tudo muito apressado o que, metaforicamente, culmina em descarrilar o trem. O desastre era inevitável.

No final, o que temos é um filme de duração atípica para o gênero (mais curta que a dos demais), econômico e que falha até mesmo como entretenimento. Além do mais, o filme desperdiça a oportunidade de apresentar um dos personagens mais interessantes criados pela Marvel nos anos 90 para o público que não é versado nos quadrinhos: Carnificina.


Venom
é, inegavelmente, um personagem popular. Ele figura não só em HQ´s, mas também em animações, games e camisas no mundo todo. A versão de Tom Hardy, apresentada em 2018 e que retorna no novo filme, é uma das melhores encarnações de vilão da Marvel em todas as mídias. Hardy entrega o personagem como ele é: violento, sarcástico e amedrontador. Logicamente, uma figura como Cletus Kasidy, um famoso serial killer, amalucado e perigoso, seria mais amedrontador ainda. Descontrolado e com um simbionte, Kasidy poderia se tornar uma ameaça recorrente nos próximos filmes da franquia e, naturalmente, mais um personagem lucrativo como Venom.

Porém, Serkis e Harrelson nos brindaram com uma versão caricata da personagem. Serkis errou em todas as suas decisões na direção, enquanto Harrelson interpretou o personagem sem o mínimo esmero.

Aliás, ninguém parece à vontade em tela. Hardy não deu o seu melhor, especialmente nas cenas em que dialoga com seu simbionte. Não parecia uma conversa real e o trabalho porco da equipe de CGi colaborou bastante para o resultado terrível que vimos em tela.

Michelle Williams retorna como Anne Weying e não brilha porque não tem texto destinado a desenvolver o envolvimento de sua personagem na trama, além de ser a princesinha em perigo.

Outra que voltou foi Peggy Lu como a Srª. Chen. A participação dela é legal, pena que a piada já tinha sido explorada em materiais de divulgação do longa.


Falando em piadas, as anedotas são vírgulas no roteiro, tornando Venom: Tempo de Carnificina em mais um filme engraçadinho de super-heróis, como Shazam!, de 2019. Os culpados são o próprio Tom Hardy, que escreveu a história e Kelly Marcel (Cinquenta Tons de Cinza) que roteirizou a "coisa".

E sim, o filme tem cena pós-crédito (que vazou na internet e todo mundo já viu). Soube que muita gente surtou, pirou e que cabeças explodiram. Só tenho a dizer que não vi nada demais. Previsível, a cena presta-se apenas para fazer fãs descerebrados gritarem no cinema, em constrangedoras passadas de recibos nerd histéricas. Ora, o que está estabelecido, conexões e demais interações, já está estabelecido. O que rola nesta cena nada mais é que uma, previsível, consequência do sucesso do primeiro filme do simbionte. Ia  rolar de qualquer jeito, fosse através do multiverso ou não.

Não sou contra filmes divertidos, descontraídos e descompromissados. Mas sou contra besteirol travestido de filme de ação. Se é pra ser besteirol que saia do armário!



Marlo George assistiu, escreveu e quase levou uma mordida ontem

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