Dirigido por David Gordon Green e estrelado por Judy Greer e Andi Matichak - com participação especial de Jamie Lee Curtis, Anthony Michael Hall e grande elenco (mesmo!) -, "Halloween Kills - O Terror Continua" dá sequência ao filme de 2018, porém por uma ótica mais "plural". Mas funcionou? Então...
O reboot da franquia Halloween - igualmente dirigido por Green em 2018 - ignora completamente qualquer acontecimento referente aos filmes que sucederam o original de 1978 para trazer mais frescor à saga e também restabelecer diversos personagens canônicos de forma mais coesa para alguns e um completo sacrilégio para outros.
Ter caído nas graças da distribuidora Blumhouse agregou valor àquela produção pois haveria ainda mais liberdade para trabalhar melhor os personagens originalmente criados por Debra Hill e John Carpenter, a fim de que entendêssemos de forma minimamente satisfatória a epopeia daqueles sobreviventes. Trazer o universo de guerrilha às mulheres da trama foi uma boa sacada, que conversa com esses exigentes novos tempos. O sucesso nas bilheterias mostrou a aprovação do grande público, aquele que não quer ver mais de cinco filmes para entender algo que acabou de estrear nas telonas. E os fãs veteranos reclamaram mas acabaram aceitando.
O plano original talvez não fosse uma trilogia mas o gancho para continuação já havia sido plantado nas cenas finais do filme de 2018 e agora a audiência teria de se engajar para assistir uma trilogia. A pandemia atrasou um pouco esse plano e é aqui que "Halloween Kills" começa, imediatamente durante os acontecimentos do filme anterior, na mesma passagem de tempo, uma vez que nossas heroínas sobreviveram mas o dia das bruxas não havia acabado. E sim, o psicopata Michael Myers "deu um jeito" de sobreviver também.
Na trama, minutos depois de Laurie Strode (Curtis), sua filha Karen (Greer) e sua neta Allyson (Matichak) deixarem Myers enjaulado e queimando no porão, Laurie é levada às pressas para o hospital com ferimentos graves, acreditando que ela finalmente matou seu torturador ao longo da vida. Mas quando Myers consegue se livrar da armadilha delas, seu ritual de banho de sangue recomeça. Elas se juntam a um grupo de outras sobreviventes da primeira violência de Myers, que decidem fazer justiça com as próprias mãos, formando uma multidão de vigilantes que começa a caçá-lo de uma vez por todas (será?).
Porém, em defesa do filme, pode-se dizer que temos aqui um autêntico exemplar de slasher, bem sanguinolento, com algumas mortes bem chocantes, daquelas que fazem a audiência até a virar o rosto ou sentir um calafrio na espinha. Uma em particular deixou este escriba um tanto "pra baixo" por se tratar, talvez, da forma mais triste e mais miserável de se morrer - evitaremos spoilers nessa crítica mas ocorre com uma senhora afrodescendente no começo do filme. Essa cena serve para que o espectador não sinta pena de Michael Myers.
Sim, um personagem levanta essa bola na trama como justificativa para não tê-lo executado em 1978. E é bem importante esse questionamento pois as forças policiais da época não deixariam um maníaco homicida vivo e a história explica, de forma bem didática, voltando em alguns flashbacks para mostrar alguns acontecimentos do filme original sob outra óptica.
Não, não chega a ser um retcon - talvez um pouco - mas pelo menos ajuda parte da audiência que não conhece os momentos canônicos da saga a se situar para poder acompanhar a trama sem ficar se perguntando a que os personagens se referem.
Em determinado momento, parte ou toda a audiência vai acabar torcendo para que o assassino favorito do dia das bruxas acabe com a vida naquela pequena cidade por conta de decisões equivocadas ao extremo. Mas toda essa dinâmica com diversos personagens acabou dando outros pontos de vista que não os das protagonistas...
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(Numa determinada cena, os moradores de Haddonfield armam uma emboscada para Michael Myers e todos juntos o enfrentam, com porretes, armas de fogo e o que mais estiver à mão. Quando o monstro homicida tomba, NINGUÉM pensou em ir além dos limites da bravata urbana e assassinar Myers, cortando sua cabeça com um machado, por exemplo. Não à toa, ele consegue escapar e fazer mais vítimas em seguida...)
"Halloween Kills" tem diversos erros perceptíveis de continuidade - um personagem cai de uma janela com o rosto virado para baixo e, na cena seguinte, aparece morto com o rosto para cima sem um arranhão sequer, só para ter uma ideia -, a música de Daniel A. Davies tenta atualizar o tema clássico de John Carpenter com algum sucesso, e a direção de fotografia comandada por Michael Simmonds (do filme anterior) é eficiente e, vez ou outra, ainda se permite ousar em alguns ângulos (como naquela cena de morte da senhora afrodescendente citada acima).
Entretanto, "Halloween Kills" é o tipo de filme que não dá para assistir impassível pois reza na mesma cartilha dos slashers clássicos - para o bem ou para o mal - e fará o público gritar, torcer, virar a cara e se espantar com a possibilidade de algo assim acontecer na vida real. Agora é aguardar o fim (será?) dessa trilogia com "Halloween Ends" em 2022 - isso se o mundo como o conhecemos não acabar antes...
Kal J. Moon processará os cidadãos da cidade de Haddonfield por propaganda enganosa, uma vez que gritaram "o mal morre hoje" e não morreu...
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