Após um início atrapalhado e inconsistente, série do herói ganha fôlego em episódio surpreendente

Quem leu minha crítica dos primeiros dois episódios de Gavião Arqueiro, lançados na última semana na plataforma Disney+, viu que a inconsistência da história me fez dar uma nota ruim para a minissérie em sua estreia. 

Porém, a série se redimi neste terceiro episódio. Livre de soluções fáceis e nada críveis, e também do clima de novela mexicana, o que temos é uma aventura alucinante, com cenas de ação incríveis e fotografia estupenda. O roteiro é realmente esperto, trazendo muitos easter-eggs para os fãs dos quadrinhos e piadas engraçadas. Lembrando que a Marvel Studios, quase nunca acerta nas piadinhas infames que são contadas nos filmes de cinema.

Um dos vídeos promocionais da série já tinha trazido um trecho da cena em plano sequência que rola nos primeiros 20 minutos do episódio. Assisti-la agora, com o devido contexto e na íntegra, foi um deleite. O trabalho da equipe de filmagem, cinematografia e efeitos, tanto visuais, quanto especiais, mandaram muito bem, mostrando um trabalho soberbo e que funciona na dinâmica da dupla de heróis, vividos por Jeremy Renner e Hailee Steinfeld (acima).

Ela, Steinfeld, está fenomenal. Muito comprometida e focada, entregando a personagem como a imaginamos: Destemida, heroica, impressionante e real. Já ele, Renner, continua antipático e isso não tem a ver com a personalidade do personagem. Tem a ver com atuação mesmo. Atente à cena na qual Clint trava um diálogo com Kate num restaurante. Dá pra sentir que ele está dando o texto sem nenhuma preocupação em atuar. É a pior cena de todas as séries da Marvel Studios até aqui.

O engraçado é que, até mesmo as flechas, meros acessórios de cena, ganharam personalidade neste episódio, enquanto Clint continua desinteressante como personagem, por mais que o roteiro dos últimos filmes nos quais apareceu e, agora, sua minissérie tentem cumprir a árdua tarefa de torná-lo carismático.


O título do episódio, Eco, faz referência à personagem que é, de fato, apresentada neste episódio. Interpretada pela atriz Alaqua Cox (acima), Maya Lopez (que nos quadrinhos é a vilã Eco, filha adotiva de Wilson Fisk, o Rei do Crime) tem sua origem contada de modo muito cuidadoso e terno. A vilã tem suas motivações atuais baseadas em um passado triste, devastador. Maya é, entre os vilões, a que teve sua origem mais bem contada. Talvez, sua história só não seja mais tocante que a de Thanos e Loki, mas estes tiveram vários filmes para se desenvolverem e mostrarem suas motivações, enquanto Eco se torna imensa após apenas 40 minutos de fita rolando.

Uma curiosidade sobre Cox. Assim como sua personagem, a atriz é surda na vida real. Um exemplo de inclusão que a Marvel Studios repete em Guardião Arqueiro, uma vez que conhecemos outra personagem surda, Makkari, de Eternos, interpretada por uma atriz que tem esta mesma característica, Lauren Ridloff (The Walking Dead).

A minissérie Gavião Arqueiro, ao que tudo indica, está encontrando seu caminho. Adorei.



Marlo George assistiu, escreveu e não curte Imagine Dragons