Saiu a lista dos indicados ao maior prêmio do cinema. A 94ª festa dos Academy Awards acontece em 27 de março, quando os prêmios serão distribuídos para os melhores do ano durante a cerimônia que ocorrerá no Teatro Dolby, em Hollywood.

Porém, como acontece todos os anos, alguns filmes, astros e técnicos cinematográficos acabam ficando de fora da festa, literalmente chupando dedo.

Irei citar apenas os filmes realmente bons. Produções ruins como Eternos, O Esquadrão Suicida, Titane, Cry Macho, Pig, Matrix Resurrections e Venom: Tempo de Carnificina, por mais que tivessem chances em categorias técnicas, não serão objeto de análise. Preciso esquecê-las imediatamente. Além disso, só posso falar sobre filmes que assisti. Por isso, Casa Gucci, Licorice Pizza, entre outros possíveis esnobados não estão na lista.

Assim sendo, abaixo irei destilar meu ódio e falar sobre os "esnobados" do Oscar 2022. Teve muita gente que ficou de fora e deveria ter sido — pelo menos — indicada.

Segue a lista:


A LENDA DO CAVALEIRO VERDE


Começarei pelo filme A Lenda do Cavaleiro Verde. O filme, que está disponível no Brasil no serviço de streaming Prime Video, foi uma das mais gratas surpresas do ano passado. Adaptação de um antigo poema arturiano, que inclusive foi traduzido por J.R.R. Tolkien, o autor de O Senhor dos Anéis, o filme poderia muito bem ter sido indicado nas seguintes categorias:

  • Melhor Roteiro Adaptado, ocupando a vaga de Duna,
  • Melhor Ator, para Dev Patel que mandou muito bem e teve desempenho superior ao de Denzel Washington, em A Tragédia de Macbeth, apesar de achar que a indicação de Washington não deixa de ser justa por conta da esnobada dispensada à Patel.
  • Melhor Filme, pois trata-se de uma obra densa, soberba e com um dos desfechos mais impressionantes do cinema nos últimos anos.


A CRÔNICA FRANCESA


O novo filme de Wes Anderson, que eu aguardei com entusiasmo, nem é tão bom assim, mas a performance de duas atrizes realmente me impactaram positivamente. 

Sei que muitos devem ter sentido falta do nome de Timothée Chalamet entre os indicados à Melhor Ator Coadjuvante. Mas gente, vamos colocar os pés no chão e admitir: Ele nem é tão bom assim. 

Vamos às esnobadas de A Crônica Francesa:

  • Melhor Atriz Coadjuvante, para Tilda Swinton como J.K.L. Berensen e/ou Léa Seydoux como Simone. Ambas apresentaram um trabalho muito consistente e muito superior ao de Aunjanue Ellis em King Richard: Criando Campeãs.


O ÚLTIMO DUELO


Eu até admito que a indicação de Ben Affleck ao Framboesa de Ouro de Pior Ator Coadjuvante por O Último Duelo foi bem justa. Ele está, digamos, surumbático no longa dirigido por Ridley Scott. Mas em outras categorias o longa foi esnobado pela academia. O Último Duelo foi esnobado nas categorias:

  • Melhor Filme já que é uma obra soberba e que merece ser assistida. Sou fã de Ridley Scott e costumo exagerar de vez em quando (amo Prometheus), mas dessa vez não é fanboyzice não. O filme é Excelente.
  • Melhor Diretor. Ridley Scott nos apresenta, assim como o fez em outro filme esnobado, Cruzada, mais um filme épico empolgante e bem realizado. É um absurdo que ele não tenha sido indicado. A Academia poderia ter aberto uma vaga extra e colocado o nome do icônico diretor.
  • Melhor Roteiro Adaptado para Nicole Holofcener, Ben Affleck (essa indicação ele merecia) e Matt Damon. O filme é baseado na obra de Eric Jager e tem um dos melhores roteiros da década. Dividido em três capítulos, cada um mostrando o ponto de vista de uma personagem diferente para a mesma história, O Último Duelo traz uma história emocionante e com nuances que o deixará de boca aberta, pasmo, com os detalhes sutis que modificam cada narrativa, de acordo com a visão e conveniência de cada personagem. Uma obra-prima.
  • Melhor Ator Coadjuvante para Adam Driver. Sério, eu ainda não me recuperei do baque que foi não ver seu nome entre os indicados. Um absurdo termos Jesse Plemons e Kodi Smit-McPhee, ambos por Ataque dos Cães, e não termos o eterno "Kylo Ren" na lista.
  • Melhor Atriz Coadjuvante para Jodie Comer que encarou a tarefa de representar uma personagem complexa com a desenvoltura de uma "Meryl Streep" e entregou.
  • Melhor Edição. O produto final é excelente.
  • Melhor Figurino e Melhor Design de Produção, uma vez que a retratação do período em que o filme se passa é belo e crível, sem parecer fantasioso ou feérico demais para ser real.
  • Melhor Som. Dá pra sentir cada golpe no duelo final. É absurdamente violento.


NOITE PASSADA EM SOHO


Se um filme de suspense, inspirado na obra de Stephen King, se torna um dos filmes preferidos do próprio mestre do suspense, algo está errado quando não temos indicações para o mesmo.

As esnobadas de Noite Passada em Soho se deram nas categorias:

  • Melhor Roteiro Original. Krysty Wilson-Cairns conseguiu deixar Stephen King bolado. King, que assistiu o filme em sessão especialmente realizada para ele, deve ter pensado: "Bem que eu poderia ter escrito isso aí, heim....". Isso já basta para justificar a indicação.
  • Melhor Atriz para Thomasin McKenzie. A menininha da Trilogia O Hobbit cresceu e amadureceu. McKenzie lembra muito Catherine Deneuve em Repulsa ao Sexo, de Roman Polanski. Os closes em seus olhos e a expressão misteriosa da atriz são elementos que justificam a indicação. Diana Rigg também poderia ser indicada como uma homenagem póstuma, porém justificável dado o trabalho belo da ex-bond girl, que faleceu recentemente.
  • Melhor Atriz Coadjuvante. Apesar de ser uma atriz badalada e festejada, Anya Taylor-Joy foi indevidamente esnobada na cerimônia de indicação deste ano. A atriz está perfeita.
  • Melhor Edição, já que o filme traz um plano sequência incrível e totalmente realizado com efeitos práticos.


IDENTIDADE



O filme original Netflix, escrito e dirigido por Rebecca Hall é muito bom e traz um tema polêmico: O drama das pessoas mestiças que, nos anos 20, se passavam por negras ou brancas, sob a vista grossa das sociedades negra e branca dos EUA. A questão da segregação racial foi bem abordada e tudo no filme está no lugar.

Identidade é um filme necessário, mas admito que não tem peso para figurar nas categorias de Melhor Filme e Diretora.

Bem, vamos às esnobadas de Identidade:

  • Melhor Atriz. Tessa Thompson mostra que é muito mais que a Valquíria da Marvel Studios. A atriz, que já tinha impressionado na TV, com o telefilme Cara Gente Branca, surpreende também na telona como Irene, uma mulher mestiça que prefere inserir-se na sociedade negra americana durante o período mais duro da segregação racial.
  • Melhor Atriz Coadjuvante para Ruth Negga, já que seu trabalho em Identidade é tão bom que eu tinha certeza absoluta que ela seria indicada, facilmente. Mas isso não aconteceu e eu realmente não sei o motivo. Dizer que seria pelo fato de ser um filme de serviço de streaming seria uma desculpa esfarrapada, pois já passamos dessa fase. Inexplicável. Assista o filme e veja por si próprio. Você irá concordar comigo.
  • Melhor Ator Coadjuvante. André Holland, como Brian, realmente me impressionou. Um personagem forte e sua dobradinha com Negga foi uma das coisas mais legais que assisti no ano passado. Muita química e entrosamento. Que dupla.


VIAGEM AO TOPO DA TERRA


A animação francesa, Viagem ao Topo da Terra, foi a esnobada na categoria Animação em Longa Metragem. Produção soberba, animação excelente e uma trama realmente interessante, que tenta explicar a inexplicável motivação dos alpinistas em alcançar os mais altos topos da Terra.

Lindo, não deu pra entender o motivo de não ter entrado na lista. Foi esnobada na óbvia categoria de Melhor Animação.


Assim termino minha lista de esnobados do Oscar 2022. Veja a lista oficial de indicados neste link. Concorda ou discorda comigo? Deixe nos comentários.


Marlo George assistiu, escreveu e está com os olhos sangrando


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