Com produção executiva de Zoe Saldana e Eva Longoria, estrelada por Olivia A. Goncalves e grande elenco (e bota grande nisso!), "As Crônicas de Cucu" pode ser considerada a sucessora espiritual latino-americana daquela outra série da família do "carinha que morava logo ali", onde "só doido vai"...
Apesar de todas as características e semelhanças entre "As Crônicas de Cucu" (título brasileiro equivocado de "The Gordita Chronicles" - "As Crônicas de Gordita", que significa "gordinha" em espanhol e faz total sentido com a trama a série chamar-se assim originalmente) e "Todo Mundo Odeia o Chris", talvez a maior diferença seja o ponto de vista. Sai o Brooklyn do final dos anos 1970, entra o subúrbio de Miami de meados dos anos 1980. Saem as dificuldades de uma família afrodescendente tentando sobreviver num bairro hiper-violento, entram as dificuldades de uma família latino-americana imigrando para os Estados Unidos durante a "década do eu", sofrendo preconceito da própria comunidade "hermana" e da usual burocracia norte-americana com estrangeiros. Mas ambas relatam coisas similares a todas as pessoas que tiveram de lutar para se estabelecer numa nova vizinhança.
Na trama, a família Castelli prepara-se para mudar-se da República Dominicana para a ensolarada Miami por conta do patriarca Victor Castelli (Juan Javier Cardenas) ter conseguido um bom emprego de vice-presidente de marketing numa empresa de aviação comandada pelo ex-astronauta Glenn Frank (Patrick Fabian). Completam a família a matriarca Adela (Diana Maria Riva), a filha mais velha (mas não muito) Emilia (Savannah Nicole Ruiz) e, claro, a pré-adolescente Cucu (Olivia A. Goncalves), que narra as histórias e coloca tudo em contexto para quem está assistindo "no futuro" sobre as confusões arrumadas por essa "família muito unida (e também muito ouriçada)".
A parte "ruim" é que a série é viciante - exatamente como a do "DJ Suco de Fruta" - e depois de assistir o segundo, talvez a vontade de maratonar apareça. E o problema nisso é que a série foi recém-lançada e a primeira temporada tem apenas dez episódios. Se por um lado é bom, que entrega um produto bem enxuto em termos de narrativa, por outro lado fica-se na expectativa de que a série faça sucesso para ser renovada - e ter de esperar por novos episódios pode ser complicado dependendo de como estão as produções atuais em relação à fusão da Warner Bros com a Discovery, com aprovações de futuras temporadas pendentes e tal.
Tem também o veterano Patrick Fabian - de "Better Call Saul" -, que interpreta um personagem ainda mais caricato que o restante como o chefe sem-noção do patriarca da família Castelli (e no tom correto, sem resvalar no exagero irritante). Já o restante do elenco é bem esforçado e correto mas nada que realmente seja algo de destaque. Mas, curiosamente, a série é bem plural nesse sentido, onde pelo menos cada membro da família Castelli ganha a merecida atenção da trama - talvez o episódio que melhor exemplifique isso seja o sexto, onde vemos as diversas facetas da competição entre latinos e norte-americanos. Ainda há a questão das turminhas do colégio, onde todos são separados em "clãs" e os jovens precisam se esforçar para sobreviver socialmente - repare no grupo de "patricinhas" chamado "Chicletes" (quer nome mais "anos 80" que esse?!). Além disso, há muitas referências da cultura POP da época como Miami Sound Machine, Menudo, Ronald Reagan, dentre outras...
"As Crônicas de Cucu" é perfeita para dar umas boas risadas, principalmente para quem tem algum grau de ascendência da América Latina. Apesar de ter algumas (poucas) semelhanças com telenovelas mexicanas, não chega a ser proibitivo para quem busca uma boa, saudável e leve diversão para toda a família. Dale!
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