Os Irmãos Duffer comentem a quarta temporada de Stranger Things com mais do mesmo


Há três anos foi lançada a terceira temporada de Stranger Things, série dos Irmãos Russo que emula uma experiência televisiva oitentista como nenhuma outra. Foi um espera muito longa, ampliada pela pandemia, sem nossos companheiros de jornada (ou seria melhor dizer, campanha), Dustin, Max, Lucas, Will, Onze, Mike, entre outros.

Agora, após o lançamento da quarta temporada, que curou nossa sede por mais de Hawkins, cidade onde a aventura se passa, e seus moradores peculiares, precisamos curar a ressaca e encararmos a realidade que se impôs: Não tivemos nada, nada, além da apresentação do vilão principal da série, nesta quarta parte da saga. O que tivemos foi uma temporada com duração excessivamente longa e com roteiro que trazia nada mais do que o mesmo que já tínhamos assistido nas três temporadas anteriores.

Isso é ruim?

É!

Isso é muito decepcionante, porque foi uma espera demasiada longa para não termos desenvolvimento de personagens. Para além de algumas novidades, como mostrar novos vícios e relacionamentos de algumas das personagens, não tivemos novidade nenhuma sobre as mesmas. Tivemos uma sucessão de dilemas repetidos. 

Fora uma pequena amostra sobre o afloramento de sentimentos afetivos de Will — que aconteceu para surpresa de ninguém, afinal é um fan-service esperado — não tivemos nenhuma novidade.

Apesar de não termos um desenvolvimento real, profundo, senti que a personagem Max, interpretada por Sadie Sink (abaixo), saiu um pouco mais rica ao final da temporada.

Outra bola fora foi a falta de coragem de se desapegar de seus grandes ícones. Uma série de horror, e sim, Stranger Things é uma série de horror, nós precisamos ter mortes de personagens importantes para que o futuro dos que sobreviveram ao último episódio assistido seja incerto. Em nenhum momento eu senti medo pelas personagens, porque eu já sei que os Irmãos Duffer não matam os personagens mais importantes da série. Aliás, novamente eles nos apresentam um novo personagem com o qual nos identificamos e nos importamos, para matá-lo sumariamente e sem nenhuma necessidade. 

Isso aconteceu na primeira e na segunda temporada, com Barb (Shannon Purser) e Bob (Sean Astin). A regra de Stranger Things é clara: Não se apegue à nenhum "novo garoto ou garota do quarteirão", porque eles não irão durar muito.


Talvez, a grande novidade tenha sido a estratégia de dividir a temporada em duas partes, tendo sido a primeira parte liberada no final de maio, e a segunda no dia 01 de julho. Eu simpatizo com essa ideia, apesar de achar que seria melhor se os episódios fossem lançados semanalmente e não em blocos. Isso gerou maior engajamento, permitiu debates e teorias. 

O engajamento foi tão forte que a canção Running Up That Hill (A Deal with God), de Kate Bush, foi para o topo das paradas de serviços de streaming em junho, durante o hiato da série, sendo um movimento inesperado, afinal, a canção é de 1986.

No início do texto eu digo que a série apresentou "mais do mesmo". E isso se reflete também nos valores de produção. Stranger Things 4 é extremamente bem realizada, com episódios muito bem dirigidos, produção cinematográfica, direção de arte que remete mesmo aos anos 80 e atores muito acima da média. É sempre um deleite assistir Stranger Things, apesar de todos os excessos e repetições do roteiro desta quarta temporada.

Agora, resta-nos aguardar os anúncios sobre a quinta, e última, temporada da série, que previsivelmente irá flertar ainda mais profundamente com o gênero do horror cósmico. Só espero que não seja uma conclusão com gosto de café requentado.

Stranger Things é uma série boa, mas poderia ser muito melhor, caso se desprendesse de suas amarras narrativas. Apresentar um vilão slasher, no melhor estilo Freddie Krueger (o ator deste ícone do cinema, Robert Englund, faz uma participação especial na temporada), Jason Voorhees, Samantha "Sam" Pringle, Daniel Robitaille, Michael Myers, entre tantos outros, e não termos uma listagem grande de mortos ao final da temporada é um furo imperdoável. Vecna (Jamie Campbell Bower) é um personagem legal demais para não ter o impacto que eu esperava.

Como admirador do gênero slasher, fiquei decepcionado. Não ter diminuído o elenco principal foi o grande erro dos Duffer.



Marlo George assistiu, escreveu e ama bagulhos estranhos

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