Trinta e cinco anos depois, do filme original, a sequência definitiva de Predador é uma volta ao passado do universo criado por Jim e John Thomas


Em 1987, durante o auge dos filmes de brucutu, quando Sylvester Stallone, Jean Claude Van Damme, Chuck Norris e Billy Blanks reinavam nas telonas explodindo tudo que encontravam pela frente, outro mega-astro do sub-gênero, Arnold Schwarzenegger, estrelou mais um filme de guerra, mas que na verdade era um filme de ficção-científica disfarçado: O Predador.

Escrito por Jim e John Thomas e dirigido por John McTiernan (Duro de Matar, Rollerball, O Último Grande Herói), o filme trazia uma história genérica, sobre um grupo de mercenários que precisam resolver problemas que os militares não querem meter a mão, porém com um inesperado antagonista: um alienígena que tem como hobby caçar habitantes locais dos planetas que visita, usando tecnologia muito, muito superior à de seus alvos. O Predador trazia conceitos interessantes do sci-fi para os "filmes de exército de um homem só" que eram populares nos anos 80, tornando-se, pela ousadia, um dos mais célebres de seu tempo, tendo ganhado muitas sequências e até crossover com outra grande franquia, Alien

Quem não se lembra dos infames Alien Vs. Predador e Aline Vs. Predador 2?

Agora, em 2022, o filme ganha uma nova produção, desta vez uma prequência, e acerta ao não mudar o tom e estilo do original, grande pecado das sequências que foram lançadas na esteira do primeiro filme. O Predador: A Caçada poderia ser considerada uma refilmagem de O Predador, caso sua trama não se passasse dois séculos antes das aventuras de Dutch, o icônico personagem de Schwarzenegger. Os dois filmes tem a mesma estrutura narrativa e personagens com papeis similares, apesar da "roupagem diferente". A impressão que tive é que o novo filme é um espelho do original. Igual, porém diferente.


A protagonista da nova história é Naru, uma nativa norte-americana da tribo Comanche que busca o reconhecimento de seu povo ao tentar, mesmo sendo uma mulher, se tornar uma caçadora. Tudo em sua vida corria mal, pois todos duvidavam de suas capacidades de caça, apesar de uma habilidade natural para a tarefa, até que ela topou com um inimigo muito mais desafiador que um mero leão da montanha. Ela cruzou o caminho de um "Predador".

A trama parece bobinha, mas o roteiro escrito pelo diretor do filme Dan Trachtenberg em parceria com Patrick Aison é muito bem escrito e traz momentos e sequências de tirar o fôlego. O texto, em parte escrito na língua Comanche, é inteligente e tem uma qualidade ímpar: é extremamente sintético. Tudo é explicado de maneira concisa, sem diálogos inúteis ou embrenhados de agenda progressista forçada, algo que poderia ocorrer uma vez que o filme retrata uma mulher buscando seu lugar em um mundo masculino. Por mais que isso não retrate a realidade. Afinal, estamos assistindo um filme, bem legal, de fantasia e ficção científica.

Em termos de referências, o segundo filme da franquia, Predador 2, é homenageado e canonizado por O Predador: A Caçada. Porém, apesar de termos ainda uns quatro filmes depois do protagonizado por Danny Glover, não peguei nenhuma outra referência à estes.


O maior destaque do elenco vai para a protagonista, Amber Midthunder e seu par na tela, Dakota Beavers. Como Naru e Taabe, dois irmãos que vivem uma relação respeitosa, apesar de competitiva, a dupla empresta seu talento à história, transformando as personagens que interpretam em figuras essenciais e inesquecíveis da franquia.

Vale citar o belo trabalho da equipe de dublês. As cenas de ação são iradas e muito arrojadas.

Filmado em locações escolhidas com sabedoria, O Predador: A Caçada tem direção de fotografia exuberante, sendo um belíssimo longa-metragem. A cinematografia é de Jeff Cutter, de Rua Cloverfield, 10.

A trilha sonora, composta por Sarah Schachner, de Renascida do Inferno, marca muito bem o filme. Os temas são bonitos e trazem elementos de músicas tradicionais mesclados à ritmos modernos.

Dan Trachtenberg entregou um filme bonito, pois trata de um tema delicado e que poderia acabar caindo na pieguice do "empoderamento feminino", de forma lúcida. Livre de "lacrações", O Predador: A Caçada mostra a história de uma mulher realmente poderosa em uma batalha de vida ou morte contra um inimigo gigantesco e ameaçador. As similaridades entre o desafio de Naru e as batalhas que as mulheres da vida real enfrentam no nosso mundo real são muitas e, muito embora seja um filme sobre uma heroína dirigido por um homem, O Predador: A Caçada mostra-se muito prestativo neste sentido.

Não há muito mais a falar, apenas que É O MELHOR FILME DESTE ANO (por falta de opção e oportunidade de algo melhor) até o momento.



Marlo George assistiu, escreveu e teve que passar pano pra esse filme, legal, pra salvar o ano...

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