"DC Liga dos Super Pets" é a nova animação estrelada por super-seres da DC Comics, que chegou aos cinemas e, agora, aporta num streaming perto de você. Mas vale a assistida por qualquer pessoa ou é algo destinado apenas à criançada? Vamos descobrir...


"Ele é meu amigão!"
O super-cão Krypto remonta a uma tradição da era de ouro das histórias em quadrinhos. Criado na edição 210 da revista Adventure Comics em 1955 pelos saudosos Otto Binder e Curt Swan (este último, simplesmente, "O" desenhista que definiu o visual moderno do Superman e cujas premissas de uniforme são seguidas de perto até hoje, só para ter uma ideia), teve um revival numa ÓTIMA série animada homônima em 2005, de onde parte da história deste longa-metragem se inspirou livremente.

Na trama, Krypto, o Super-Cão, e Superman são melhores amigos, inseparáveis, que combatem o crime em Metrópolis e compartilham os mesmos superpoderes. Um dia, Clark  / Superman expressa querer pedir sua namorada Lois Lane em casamento, Krypto fica com ciúmes, achando que será abandonado por seu dono. Quando Superman e os membros da Liga da Justiça são sequestrados por uma porquinha-da-índia que tem uma obsessão de fã pelo arqui-vilão Lex Luthor, Krypto deve convencer um atrapalhado bando de um abrigo de animais a dominar seus poderes recém-descobertos e ajudá-lo a resgatar os super-heróis para salvarem o planeta da ameaça que isso representa.


A premissa acima entrega exatamente o que o filme propõe: algo simples, direto e que funcione bem para audiências bem mais jovens do que os filmes de animação com personagens da DC Comics estão acostumados. E respondendo a pergunta que abre essa crítica, não, esse longa animado não é proibitivo ao público adulto (decenautas ou não), ainda que o foco seja realmente a audiência infantil.

O visual da animação é bacana, bem feitinho e atrai o olhar, apesar de muito "limpinho" em muitos momentos onde se precisaria de uma certa "sujeira" e caos visual, resultando em algo "morno" criativamente falando. Mas o roteiro do diretor estreante Jared Stern - ao lado de John Whittington - consegue superar (ha!) qualquer obstáculo visual com boas piadas, ritmo coerente e muitas, MUITAS referências aos filmes clássicos dos personagens da DC Comics, com destaque às menções visuais nada sutis a "Superman" (1978) e "Batman" (1989) - e sobram até indiretas ao "super-bigode" de Henry Cavill em "Liga da Justiça"!


(Uma menção que pouquíssimas pessoas devem reparar é que a "identidade secreta" de Krypto é Bark Kent - aqui, traduziram como "Cachorro Kent" -, que foi como chamaram o personagem no obscuro seriado live-action - estilo "TV Colosso" - chamado "The Adventures of Superpup", filmado em 1958 mas que nunca foi ao ar... e o nome também lembra Clark Kent)   

Mesmo tendo um roteiro mais simples (porém nada simplório), mostrar que o principal ato de vilania é o mero ato de egoísmo (e ver isso numa cena em que voltamos a ver Lex Luthor sendo "a maior mente criminosa de todos os tempos" novamente faz o coração decenauta adulto palpitar mais forte). E ressaltar que atos de bondade em prol de quem precisa - e não somente a quem se tem laços de amizade - é uma lição de moral que muito adulto deveria parar para ouvir.


Mas, como nem tudo é perfeito, "DC Liga dos Super Pets" tem cara de "longa-metragem que deu origem à série" e entende-se porque não conseguiu atrair o público para assistir no cinema. E também não pode deixar de se falar do visual do querido e cultuado personagem afro-descendente Ciborgue, que aparece com um estranho penteado "metade black power" (pois engloba apenas metade de sua cabeça) gerando um estranhamento e que mais parece uma piada de (muito) mau gosto que não teve a revisão necessária.

"DC Liga dos Super Pets" é um longa animado bem honesto em sua proposta, que pode agradar tanto crianças quanto adultos e trabalha bem a interação de suas personagens com a mensagem positiva que deseja passar à audiência mais jovem - e também incentiva a adoção de animais, tópico bem relevante nos últimos anos. Resumindo: é um desenho animado bonitinho e simpati-CÃO!



Kal J. Moon já foi careca, ouve smooth jazz e já teve um casal de gatos que o salvou de um princípio de incêndio dentro de casa no meio da madrugada. Contando, ninguém acredita...


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