Tentar superar uma obra de sucesso é sempre um desafio. Especialmente quando a obra a ser batida foi bem sucedida em se inserir na cultura popular de modo a gerar mais do que produtos correlacionados, mas também pessoas que são batizadas com nomes de personagens da produção.

Mais difícil ainda é, não só superar tal produção, mas também ter que obter êxito em substituí-la, uma vez que a pretendente é sucessora natural da popular obra original.

Sim, estou falando de Game of Thrones (GoT), a obra a ser superada, e de House of the Dragon, a herdeira de seu legado televisivo.


A primeira temporada de Game of Thrones é, historicamente falando, um marco da TV internacional. Nunca antes uma trama de fantasia medieval foi tão bem recebida pelo público e crítica. E o sucesso de GoT foi contínuo, até a exibição do último episódio da mal fadada oitava temporada da série, que decepcionou muitos dos fãs e, quase, enterrou a franquia.

Porém, mesmo após o ocaso do sucesso de GoT (pessoas com camisas com as Casas dos Lordes da atração se tornaram raríssimas, até mesmo em eventos nerds, após a oitava temporada), a HBO decidiu dar prosseguimento à franquia — tendo inclusive produzido um episódio piloto, estrelado por Naomi Watts, que custou milhões de dólares e que foi parar na gaveta da produtora de TV, visto que não tinha ficado tão boa quanto deveria, para poder ressuscitar a marca — e eis que fomos presenteados com Game of Thrones: House of the Dragon (HotD), série que se passa quase 200 anos antes da obra original e que teve uma primeira temporada tão magnífica quanto Game of Thrones.

A trama gira em torno da família Targaryen, cujas origens remontam à antiga Valíria, e que é ancestral de uma das personagens principais de GoT, Daenerys Targaryen, interpretada por Emilia Clarke. Se GoT tinha Sete Reinos para mostrar e apresentar dezenas de personagens que os habitava, HotD centrou-se apenas em duas famílias principais, Targaryen, lógico, e os Hightower, e algumas agregadas à corte da Fortaleza Vermelha.


Como as tretas se davam "em família", HotD é muito, muito diferente, em estilo, à GoT, não dando para compará-las em termos narrativos. Enquanto GoT tinha um jeitão de saga épica, HotD é um novelão, no melhor sentido do termo.

Não quero que você tome nenhum spoiler, portanto, não irei contar mais sobre a trama, mas adianto que cada episódio da série é bem escrito e tem todos os ingredientes constantes da "receita" de GoT: Muita violência, algum sexo, surpresas impressionantes e batalhas de cair o queixo.

Outra coisa que chama muito a atenção de quem dá uma chance à série é a escalação de elenco. A trama se passa em três períodos diferentes, e as personagens amadurecem, mudam, mas continuam sendo reconhecíveis, mesmo que algumas delas sejam interpretadas por atores e atrizes diferentes. Um feito que deve ser recompensado com prêmios na próxima temporada de premiações, especial o SAG Awards, o prêmio do Sindicato dos Atores dos EUA, já que a premiação vai para o elenco, e não para apenas um de seus integrantes.


Porém, se tivermos que escolher um ator para ser premiado neste elenco maravilhoso, eu escolheria Paddy Considine (acima), intérprete do Rei Viserys Targaryen, mesmo tendo visto que Emma D´Arcy, Matty Smith e Olivia Cooke, como Rhaenyra, Daemon e Alicent, respectivamente, tenham feito um trabalho esplendoroso.

Considine deu tanta profundidade e dignidade à sua personagem, tornando-a tão interessante, que o próprio criador do livro no qual a série se baseia, Fogo e Sangue, George R.R. Martin, revelou que o Viserys de Considine é muito melhor que o Viserys que ele criou para o romance.

Já li o livro e assisti a série. Concordo plenamente.

Quando se fala em GoT, se fala em dragões. Quem não se lembra de Drogon, Rhaegal e Viserion, os dragões de Daenerys?

Sim, temos dragões em HotD, e eles não estão só no título da atração, eles permeiam toda a história e sempre que aparecem são um deleite aos olhos. Cada um dos 16 monstros que aparecem em tela é diferente um dos outros. As criaturas criadas digitalmente tem personalidade própria e cada vez que somos apresentados à mais um deles, conforme assistimos a série, mais impressionados ficamos com o trabalho de computação gráfica empregado.


HotD
 tem muitas locações reais, com adições digitais, o que deixa a cenografia muito bela. Os props e elementos de cena reais são mesclados aos virtuais de forma orgânica e o visual funciona muito bem.

Deste modo, se você gosta de GoT, você precisa assistir HotD. Caso não tenha assistido a série original, sugiro que o faça antes de encarar a mais nova, pois irá curti-la mais se já tiver um conhecimento prévio da saga.




Marlo George assistiu, escreve e já voou em dragão pelos céus do Rio de Janeiro. Sério, podes crêr.

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