Comédia romântica "Na Sua Casa ou na Minha?", estrelada por Reese Witherspoon e Ashton Kutcher, é diversão despretensiosa, apesar de trazer uma reflexão bacana sobre o cotidiano adulto atual


Sempre que eu estou com um tempinho livre e quero me livrar das preocupações do dia-a-dia, desligando meu cérebro de tudo e de todos, costumo assistir um filme leve, sem maiores dilemas ou divagações. Comédias besteirol ou românticas são passatempos ideais para estes momentos. Até reprises valem, aliás, muitas das vezes, assistir novamente um filme qualquer, seja meloso ou boboca, tem grande potencial de não só desligar o cérebro, mas chegam até a nos desconectarem da realidade.

"Na Sua Casa ou na Minha?", nova comédia romântica da Netflix, é um destes filmes descompromissados, que não exigem do telespectador qualquer esforço reflexivo sobre a vida, o universo e tudo mais. Porém, apesar de ser um filme leve e de narrativa fluida, fácil de assistir, o longa-metragem nos mostra um pouco da relação de Debbie e Peter (Reese Witherspoon e Ashton Kutcher, respectivamente) que me fez refletir sobre como o corre-corre da vida adulta atual pode impactar o nosso futuro, decidindo, à nossa revelia, nosso destino.

Após vinte anos mentindo para si mesmos, Debbie e Peter permitiram que estas mentiras decidissem questões importantes em suas vidas. Questões decisivas. E o tempo, este eterno vilão, acaba por soterrar, dia-após-dia, qualquer resquício de esperança que poderiam, quiçá um dia qualquer, ter um final feliz. 

O roteiro até indica que "finais felizes" são relativos em seu texto, mas nada (especificamente a auto sabotagem) deveria nos impedir de tentar buscá-lo.

E nós, os adultos, às vezes nos sabotamos e criamos obstáculos que nós mesmos não somos capazes de superar. E não só no amor, como no caso do filme, mas em diversos aspectos de nossas vidas. "Na Sua Casa ou na Minha?" me fez pensar em tudo isso, mesmo sendo um mero passatempo despretensioso.

A dupla de protagonistas está muito bem, tem muita química e a dinâmica entre elas funciona. Reese Whiterspoon (Johnny & June) e Ashton Kutcher (O Efeito Borboleta) estão mais velhos, mais experientes e talentosos. 


Wesley Kimmel (acima, com Whiterspoon) é o talento mirim, vivendo o filho de Debbie, e formou uma bela dupla com Kutcher. O menino mandou muito bem e já tem uma carreira em séries nerds como O Livro de Boba Fett e WandaVision

Infelizmente, a trama aproveita muito mal Steve Zahn (Diário de um Banana), que interpreta um personagem extremamente desnecessário. Zahn é um ator excelente e me incomodou sentir que sua presença no longa é injustificável.

Tig Notaro (Army of the Dead) foi, como sempre, Tig Notaro. Há quem goste de artistas que não se preocupam em desenvolver personalidade para suas personagens, parecendo serem sempre a mesma pessoa, não importa o papel que esteja interpretando. Não é o meu caso.

Tecnicamente o filme é bem realizado, tem boa fotografia, por Florian Ballhaus (Mulher-Hulk: Defensora de Heróis), beneficiada pelas belas locações. A edição, que ficou à cargo de Chris A. Peterson (Jessica Jones), é interessante porque traz pra telona a dinâmica das interações em redes sociais de modo diferente, mesclando cenas em locações diversas de modo a compor, após breve transição, um único cenário. Apesar deste recurso ser usado à exaustão, por exigência da trama, não se tornou algo cansativo.

O filme foi escrito e dirigido por Aline Brosh McKenna, sendo este seu primeiro trabalho em direção. Foi um bom começo para McKenna, que é mais conhecida por seu trabalho no roteiro da série Crazy Ex-Girlfriend e no filme O Diabo Veste Prada.

Se estiver precisando de um filme divertido, gostoso de assistir e que até faz pensar, "Na Sua Casa ou na Minha?" é uma boa pedida.


Marlo George assistiu, escreveu e também odeia quem arruma livros pela cor

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