Dirigido por Aaron Horvath e Michael Jelenic, com vozes originais de nomes como Chris Pratt, Anya Taylor-Joy, Charlie Day, Jack Black, Keegan-Michael Key, Seth Rogen - dentre outros -, "Super Mario Bros - O Filme" é um longa-metragem animado que é mais um produto audiovisual que redime a reputação das adaptações baseadas em cultuados games.


"Isso não é um comercial. É um filme!"
A frase acima é dita pelo personagem Luigi logo no início de "Super Mario Bros - O Filme" mas serve para explicar o real motivo de qualquer adaptação audiovisual com inspiração direta ou indireta em games - filmes ou seriados - soçobrarem em seus êxitos tanto por parte da crítica especializada quanto pelo público-alvo. Afinal, se a obra não é levada a sério, é apenas uma propaganda mal-feita do produto original, certo? Que bom que este não é o caso aqui...

Na trama, dois irmãos bombeiros hidráulicos que moram no Brooklyn chamados Mario e Luigi são ridicularizados após a veiculação de um cafona comercial de TV de sua empresa. Após atenderem sua primeira cliente - e as coisas não saírem exatamente como planejaram -, descobrem que a rede de esgoto do bairro está entupida, resolvendo ajudar. Daí, são inesperadamente sugados por uma espécie de portal mágico e ambos são separados, indo parar em locais diferentes de um misterioso reino fantástico onde uma tartaruga-macho tirano chamado Bowser quer começar uma guerra por um motivo bem questionável enquanto uma princesa precisa reunir exércitos dos reinos vizinhos para conseguir enfrentar o que vem pela frente. Enquanto isso, Mario tem de aprender a superar os obstáculos quanto procura seu irmão e Luigi precisa tentar sobreviver enquanto sofre no perigoso calabouço de Bowser.


Não importa nem um pouco de onde a audiência conhece Mario, Luigi e companhia. Pode ter sido nas diversas versões de games ou no desenho animado (mais conhecido pelo personagem Toad ser bem ~"pistola" por conta da maravilhosa dublagem em português) ou por brinquedos ou o que quer que seja. Esse filme não é um mero comercial mal-feito mas sim algo que não só funciona individualmente, sendo de fácil entendimento pelo público "neófito" quanto pra quem já jogou de todas as formas possíveis. 

O trabalho da adaptação feito por Matthew Fogel - que pode quase ser considerada uma transcrição do material original (como o clássico "Sin City - A Cidade do Pecado", por exemplo - mais fiel, impossível), salvo pequenos detalhes omitidos ou modificados  - impressiona por entregar entretenimento suficiente num longa animado de MENOS de uma hora e meia com uma quantidade absurda de referências, se tornando forte candidato ao prêmio de "fanservice gigante" de 2023, que dificilmente será superado.


(Sério, o nível de detalhamento -  que vai de músicas de "entre fases" do game que serve de toque de celular de um personagem à referências ao ato dos veteranos de "soprar cartucho", dentre outros pequenos easter-eggs - é tamanho que o filme, em dados momentos, mais parece uma "cut scene" de quase uma hora e meia)

Porém, mesmo sendo um espetáculo visual e sensorial, com humor bem equilibrado tanto para um público mais jovem - infantil mesmo, sabe? - quanto para adultos nostálgicos, o roteiro pormenoriza a participação do personagem Luigi, que se destaca apenas no início e no final da trama. A "jornada do herói" aqui é do Mario, que divide essa tarefa com Luigi somente nos minutos derradeiros de exibição, o que, por si só, é uma pena... Não chega a ser algo que atrapalhe a experiência mas como esse filme parece ser apenas o início de uma nova franquia - e há possibilidade de diversos futuros spin-offs - voltada para ambos os públicos (neófitos e veteranos), espera-se que, num futuro próximo, o "Mario verde" tenha igual destaque que seu irmão...

Este texto não ficaria completo sem falar da inteligente escolha da Universal Pictures em escolher Raphael Rossatto para ser a voz brasileira de Mario, com sotaque italiano-abrasileirado e tudo, algo tão acertado que até deu inveja ao público norte-americano, que criticou o fato de Chris Pratt não interpretar o personagem dessa forma (é "preguiça" que chama...). E, sério, ouvir frases como "Sou eu!" e o caco "Vai pentear macaco!" (numa provocação a Donkey Kong - que, pra quem não sabe, aparece aqui como pseudo-vilão - não por muito tempo - homenageando o game original Atari, onde Mario surgiu) com este tipo de interpretação é impagável... Isso aí, chega de influenciadorezinhos que não são nem do ramo dublando as coisas aqui - o dinheiro deve vir para nossa dublagem, que, afinal de contas, provou mais uma vez que é a melhor do mundo. Afinal, "isso não é um comercial, é um filme", né?


"Super Mario Bros - O Filme" é uma diversão leve, muito simples, direta, feita para infantes e adultos dividirem as poltronas do cinema, vibrando juntos - que sairão da sessão com um belo sorrisão no rosto. É a grata surpresa de 2023, o "filme-evento" do ano. Se você é fã, vá ao cinema assistir urgentemente. Se não é, vá também, pois se tornará. Vale cada centavo do caro ingresso.

P.S.: Sim, existem duas cenas depois do fim do filme. A primeira, entre os créditos, mostra parte do que ocorre com o vilão pouco após o desfecho da trama. Já a segunda revela a chegada de um personagem muito querido do lore de Mario e companhia - essa cena é, literalmente, um easter egg. Gigante, sé é que você me entende...



Kal J. Moon usa bigode (com barba), boné, ostenta uma barriga saliente e um macacão azul no armário pronto para ser usado. Só falta aprender a consertar canos de esgoto mas isso vai demorar a acontecer...

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