Depois de grande pompa e massiva divulgação (inclusive tendo sido exibido mundialmente primeiro no Brasil), eis que o novo trabalho de Zack Snyder chega a seus súditos mais leais - e também à uma verdadeira turba de detratores. A saga "Rebel Moon" é, provavelmente, o projeto mais ambicioso do diretor, com ares de super produção que todo blockbuster deveria ter. E, por isso mesmo, deveria ter havido mais "carinho" com a execução deste curioso exemplar de aventura escapista...
Na trama, quando uma pacífica colônia na lua de uma galáxia muito, muito distante se vê ameaçada por uma colossal e tirana força militar, a misteriosa Kora passa a ser a única esperança de sobrevivência daquele povo. Com a missão de encontrar guerreiros para enfrentar o inimigo, Kora reúne um pequeno bando de insurgentes, deslocados, camponeses e órfãos de guerra de vários mundos, que tem dois objetivos em comum: redenção e vingança. Enquanto a sombra do poderio militar avança sobre a lua mais improvável de todas, começa a batalha pelo destino daquela galáxia, que depende deste novo exército de heróis.
Fazendo uma analogia rasa e esdrúxula apenas para efeitos de simples comparação (e que pode até parecer blasfêmia do ponto de vista de qualquer cinéfilo), o processo de criação de Snyder tem muito a ver com o de Tarantino (dadas as devidas proporções, óbvio) pois ambos sempre pensam em grandes cenas, frases de efeito e aquele senso de que qualquer coisa pode, de fato, ocorrer em suas histórias - claro que cada um com suas características especiais. Porém, o que mais aproxima esses dois realizadores é que ambos entregam obras melhores quando tiveram críticas desfavoráveis em seus trabalhos anteriores... Eles não lidam bem com elogios pois isso é prejudicial a seus processos de criação. Estar na (tão em voga) zona de conforto deixa-os "preguiçosos" do ponto de vista criativo...
O primeiro capítulo da saga "Rebel Moon" destila diversas referências - e reverências - à cultura viking e também da revolução bolchevique mas, curiosamente, bem pouco de "Star Wars" - exceto pelo "tropo" principal. A audiência encontrará ecos de cultuadas sagas cinematográficas como "Harry Potter", "Avatar", "Matrix", "Blade Runner"... Mas também de sagas de quadrinhos como "A Casta dos Metabarões", além de algumas citações visuais a animes como "Yamato" (ou "Patrulha Estelar"), "Ghost in the Shell" e até, surpreendentemente, ao gênero hentai - dentre muitas outras influências que pululam aqui e ali - pululam, não... Poluem. O filme aponta tanto para os lados que fica difícil não perceber que há bem pouca - ou quase nenhuma - originalidade ali. Quando se aponta para diversos lugares, o que sobra de original e criativo?
Já disseram, num remoto passado, que Snyder, por conta de sua inabilidade em extrair emoções de seu elenco, cerca-se de veteranos nomes da indústria afim de, por si só, ~"alcancem" o que está tentando dizer em sua lavra. Mal comparando, é como na feitura de quadrinhos, quando o arte-finalista "completa" a nanquim o desenho a lápis do famoso desenhista. Mas quem leva todo o crédito é somente quem tem fama, não quem fez o obscuro "trabalho corretivo" - que já trabalhou com quadrinhos, sabe.
E aí, voltamos ao problema da direção: quando a personagem não está muito clara à atriz e ela não tem material emocional decente com que se expressar, resta ao diretor "guiar" e mostra-lhe sua "visão". E fica bem claro que Snyder não fez seu trabalho da forma mais adequada aqui. E quando o elenco ~"não acredita", isso fica claramente estampado no produto. É muito difícil de defender essas escolhas equivocadas... A principal pergunta é: por quê?!
Quanto aos aspectos técnicos, não há o que reclamar. Design de produção elaborado (comandado por Stefan Dechant e Stephen Swain), figurino interessante (projetado por Stephanie Portnoy Porter), maquiagem e penteado idem (com diversos nomes responsáveis), trilha sonora incidental decente (cortesia de Tom Holkenborg, velho colaborador do cineasta). E, claro, direção de fotografia do próprio Zack Snyder - com composições criativas, ângulos de cena instigantes e buscando imagens belas, além de bom uso de iluminação para composição...
Sabe quando, no primeiro "Avatar", tem uma cena na qual claramente parece o fim do filme, com direito até a tela escurecendo, mas, por algum motivo, o filme continua? A sensação é exatamente essa ao fim da exibição da primeira parte de "Rebel Moon". Se vai ser um sucesso de público - o único êxito que de fato interessa -, só o tempo vai dizer. Para o bem ou para o mal, Zack Snyder fez de novo um filme "velho" em sua concepção. Mas, para agradar a quem? Vai saber. Aguardemos as cenas dos próximos capítulos...
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