Nos anos 90, possuía um PC 486 DX2 66MHz equipado com um HD de 532 MB, rodando Windows 95 e com um drive de CD-ROM. Essa configuração era suficiente para executar clássicos como Mortal Kombat Trilogy, Revolution X e Street Fighter II Turbo (mídias oficiais, caríssimas na época, e que mantenho até hoje)

Porém, um dos jogos que eu mais curtia recebi de presente no Dia dos Namorados de 1996 e apresentava em sua capa uma mulher atraente, vestida com trajes provocantes e armada com duas pistolas. Durante anos, sonhei com uma animação protagonizada por uma personagem tão forte e bela. Esse sonho se tornou realidade quase três décadas depois, mas o resultado final não correspondeu às minhas expectativas.

Tomb Raider: A Lenda de Lara Croft é uma animação que prometeu reviver a aventura da icônica exploradora, mas entregou uma experiência aquém das expectativas. A série, infelizmente, tropeça em diversos aspectos, desde a animação de qualidade duvidosa até um enredo fraco e desrespeitoso com a essência da franquia.


Um dos maiores problemas da animação reside em sua qualidade visual. A animação dos personagens é rígida e pouco expressiva, com movimentos que parecem forçados e desconexos. Os cenários, por sua vez, apresentam um design genérico e pouco inspirador, sem a mesma riqueza de detalhes que os jogos da franquia costumam oferecer. Mas a pobreza técnica e artística desenvolvida pelos departamentos de arte, efeitos visuais e animação, não se compara à tragédia (no mau sentido) promovida pelos roteiristas.


A trama da série, escrita por Tasha Huo (The Witcher: Origem de Sangue), Shakira Pressley (Meu Pai é um Caçador de Recompensas) e Troy Dangerfield (The Witcher), se perde em uma série de clichês e subplots desinteressantes, desviando o foco da jornada de autodescoberta e superação de Lara Croft. A história apresenta uma série de personagens estereotipados e diálogos pouco inspiradores, que não conseguem prender a atenção do espectador. Além disso, a série tenta inserir elementos modernos e politicamente corretos na narrativa, o que acaba soando forçado e destoando do universo estabelecido nos jogos.

A animação se distancia significativamente da proposta original da franquia Tomb Raider. A Lara Croft apresentada na série é uma versão infantilizada e pouco autêntica da personagem que conquistou milhões de fãs ao redor do mundo. A série parece mais interessada em agradar a um público mais jovem e em inserir elementos da cultura pop do momento, do que em honrar a rica história da franquia.

Em em relação à reinterpretação visual da icônica protagonista, que gerou uma grande polêmica entre os fãs da franquia, preciso dizer que a Lara Croft apresentada na animação possui um visual mais jovem, com traços mais delicados e menos acentuados, em comparação com as representações anteriores da personagem nos jogos. Não acredito que seja um fato decisivo para o meu desagrado com a série, mas não posso negar que isso não me incomodou. Cadê aquela moça gostosona da capa do CD-Rom?

A trilha sonora, composta por Pinar Toprak (Capitã Marvel) e Gerrit Wunder (Star Girl), não consegue criar a atmosfera de aventura e mistério característica da franquia.

Além dos problemas técnicos e narrativos, a direção da série também deixa a desejar. Julie Olson (Mestres do Universo: Salvando Eternia), Giselle Rosser (Seis Mãos) e Cassie Urban (Danza de los Muertos), à frente da animação, não conseguem imprimir um ritmo consistente à narrativa, alternando entre sequências de ação atropeladas e momentos de desenvolvimento de personagens lentos e pouco envolventes. A falta de uma visão clara sobre o tom da série é evidente, resultando em uma experiência visual e narrativa confusa.

Tomb Raider: A Lenda de Lara Croft é uma oportunidade perdida de trazer a icônica exploradora para um novo público. A animação apresenta uma série de problemas técnicos e narrativos que comprometem a experiência do espectador. A falta de respeito pela fonte original e a tentativa de agradar a todos os públicos resultam em um produto final genérico e desinteressante.



Marlo George assistiu, escreveu e entendeu tudo ao ver os trabalhos anteriores de todos os envolvidos...

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