O ator Ney Latorraca (foto) faleceu na manhã de 26/12/2024. Ele estava internado desde 20/12/2024 na Clínica São Vicente (Gávea / RJ) para tratamento de um câncer de próstata - o ator foi diagnosticado em 2019, realizou uma operação para retirada da próstata mas, infelizmente, em agosto de 2024, a doença retornou e em metástase. O óbito foi decorrente de uma sepse pulmonar. Ele tinha 80 anos de idade.


Nascido em julho de 1944 em Santos (SP), era filho de um crooner de boates e de uma corista. Em São Paulo, estreou na profissão aos 19 anos de idade na peça "Pluft - O Fantasminha". Chegou a atuar na peça teatral "Reportagem de um Tempo Mau" no Teatro Arena, com direção de Plínio Marcos (1935-1999) - infelizmente, a peça não chegou a estrear de fato (teve apenas uma apresentação em 1965), uma vez que foi censurada por conta da ditadura militar (com membros do elenco presos e tudo). 

Após estudar na Escola de Arte Dramática (Santos / SP), atuou em algumas peças onde morava, até estrear na TV Tupi na novela "Super Plá" (1970) e no filme "Audácia - A Fúria dos Trópicos" (1970). Teve participação em diversas novelas como "Escalada" (1975), "Estúpido Cupido" (1976) - uma das primeiras novelas a gerar produtos derivados como revistas em quadrinhos, chiclete de bola e álbum de figurinhas dos personagens -, "Coração Alado" (1980) - onde protagonizou uma cena de violência sexual (a primeira da televisão brasileira) -, "Um Sonho a Mais" (1985) - em que desempenhou nada menos do que seis papeis diferentes (incluindo a travesti Anabela e o milionário à beira da morte Volpone) e "Vamp" (1991), em que interpretou o hilário Conde Vlad (outra novela que gerou álbum de figurinhas).

Também participou de duas minisséries importantes para a TV brasileira: "Anarquistas, Graças a Deus" (1984) - baseado no livro homônimo de Zélia Gattai (1916-2008) - e "Rabo de Saia" (1984), adaptação do livro de José Condé (1917-1971), em que interpretava o mulherengo Quequé, caixeiro viajante que tinha 3 mulheres em diferentes estados brasileiros no pudico final da década de 1920. E não há como esquecer seu protagonismo como um dos membros do elenco original da série humorística "TV Pìrata", cujo personagem mais emblemático era o "Barbosa", um senhorzinho que vivia aprontando das suas e repetindo as falas das pessoas (além, claro, de seu próprio nome).

E é necessário lembrar que "O Mistério de Irma Vap" - peça dirigida por Marília Pêra (1943-2015) em que Latorraca contracenava com Marco Nanini - entrando para o Guinness - O Livro dos Recordes como a peça que ficou mais tempo em cartaz com o mesmo elenco (11 anos no total).

Suas últimas participações na TV foram discretas: voltou aos icônicos personagens Barbosa na série humorística "Tá no Ar: A TV na TV" em 2018 e Conde Vlad em um episódio da série "Cine Holliúdy" em 2019.

Ney Latorraca deixa o marido, o também ator Edi Botelho, com quem era casado há mais de 30 anos. Além, óbvio, de uma imensa legião de fãs, famosos ou anônimos (que o chamavam, carinhosamente, de "Seu Neyla"). Descanse em paz.


Fonte: G1 (via site oficial)