David Lynch, o mestre do surrealismo no cinema, nos deixou aos 78 anos. O diretor, conhecido por obras como os filmes "Eraserhead" (1977), "Veludo Azul" (1986), "Cidade dos Sonhos" (2001) e a série "Twin Peaks" (1990-1991), era célebre por criar universos cinematográficos inquietantes e cheios de mistério. 

O motivo do falecimento do cineasta ainda não foi revelado, mas Lynch sofria de enfisema pulmonar, conforme relatou o site The Hollywood Reporter, em agosto do ano passado.

A morte de Lynch foi anunciada em sua página no Facebook, em postagem que traz a seguinte mensagem: "É com profundo pesar que nós, sua família, anunciamos o falecimento do homem e do artista, David Lynch. Agradeceríamos alguma privacidade neste momento. Há um grande vazio no mundo agora que ele não está mais conosco. Mas, como ele diria: 'Mantenha seu olhar no donut e não no buraco'... É um lindo dia com sol dourado e céu azul até onde a vista alcança."



Lynch construiu uma carreira marcada por visões oníricas e narrativas enigmáticas, desafiando as convenções do cinema tradicional. Seus filmes, como "O Homem Elefante" (1980), exploravam temas obscuros e perturbadores, cativando tanto críticos quanto fãs.

O cineasta dirigiu, em 1984, a pioneira adaptação cinematográfica de 'Duna', a obra-prima de Frank Herbert. Embora não tenha sido um sucesso comercial na época, a versão de Lynch se tornou um clássico cult, influenciando gerações de cineastas e cultivando uma legião de fãs dedicados. Sua interpretação ousada e visualmente rica do universo de Arrakis continua a fascinar e dividir opiniões até hoje, consolidando seu lugar na história do cinema de ficção científica.

A obra de Lynch era marcada por uma estética singular, que combinava elementos do cinema noir com influências surrealistas. Seus filmes, como "Estrada Perdida" (1997) e "Império dos Sonhos" (2006), eram labirintos narrativos que convidavam o espectador a desvendar seus mistérios. Apesar de não ter conquistado o reconhecimento da Academia, como Francis Ford Coppola, Lynch recebeu um Oscar honorário em 2019, atestando sua importância para o cinema. 

Nos últimos anos, Lynch se dedicou à pintura e à meditação transcendental. Em suas memórias, "Room to Dream", ele compartilhou reflexões sobre sua vida e carreira, revelando um homem complexo e apaixonado por sua arte. A perda de David Lynch é uma perda para o cinema mundial, mas seu legado como um dos diretores mais originais e influentes de sua geração permanecerá por muitos anos.


Fonte: THR