Apocalipse blasé
Quando foi originalmente anunciado que sairia uma nova série de animação do mesmo criador do clássico "Cowboy Bebop" (a série animada, não aquele live-action horroroso), meio mundo entrou em polvorosa com as possibilidades - e a outra metade bocejou e virou pro outro lado a fim de continuar dormindo. Mas quando se anunciou que o cineasta Chad Stahelski (dos filmes "John Wick 4" e "Bailarina") seria o ~"coordenador de sequências de ação", aquela metade acordada acendeu um imaginário alerta amarelo - também conhecido como "pé atrás". Daí, a plataforma paga de streaming Max decidiu-se pela distribuição semanal de episódios - aos domingos! -, e... bem...
Na trama, o ano é 2052. O mundo parece estar à beira de uma paz e estabilidade sem precedentes - e o analgésico Hapna, desenvolvido pelo renomado neurocientista Dr. Skinner, teve bastante a ver com isso. Difundido em todo o mundo, sem efeitos colaterais conhecidos, diz-se que Hapna libertou a humanidade da dor. Até que Skinner desaparece repentinamente da face da Terra. Em 2055, ele ressurge como um profeta responsável por inúmeras mortes e anunciando o fim da civilização. Hapna é projetado com um efeito fatal e retroativo, que se manifesta três anos após a ingestão, mesmo por aqueles que o tomaram apenas uma vez.
Pela trama descrita acima, fica claro que se trata de uma espécie de parábola bolada rapidamente em tempos de pandemia, para extrapolar em cima de todo o clima de terror que a humanidade passou naquela quase meia década de incerteza. O resultado não foi o esperado. Além de diversos movimentos de narrativas propositais para rememorar o já citado "Cowboy Bebop" - pelo menos três episódios são fortemente baseados na idolatrada série lançada em 1998.
(e, vale ressaltar, mesmo "Cowboy Bebop" só virou sucesso após sua distribuição nos Estados Unidos - e, consequentemente, atingindo meio mundo)
A impressão que dá é que a premissa já estava pronta e chamaram Watanabe para trabalhar num projeto que foi rejeitado para outra mídia - há como enxergar um filme que foi abandonado ainda no roteiro mas salvo em modelo de animação por conta de custos de produção. O último episódio traz exatamente o que se acha que vai acontecer desde o primeiro - com o bom e velho gancho para uma (desnecessária) continuação.
O mesmo vale para a apurada direção de arte comandada por Miho Sugiura (de "Jujutsu Kaisen 0"), que criou um moderno mundo bem crível - ainda que pareça uma versão revista e atualizada do que Jun'ichi Higashi fez em "Cowboy Bebop". Por diversas vezes, a audiência pode se perder prestando mais atenção ao cenário do que necessariamente no que está acontecendo na trama.
Kal J. Moon sempre desconfiou que um remédio para acabar com todos os males deveria se chamar "panaceia"...
Em todo o site, deixamos banners de sugestões de compra geek, mas você pode nos ajudar fazendo uma busca através deste link, e deste modo poderemos continuar informando sobre o Universo Nerd sem clickbaits, com fontes confiáveis e mantendo nosso poder nerd maior que 8.000. Afinal, como você, nós do portal Poltrona POP já éramos nerds antes disso ser legal!