Sabe aquele filme que, nos anos 1980 ou 1990, provavelmente assistiríamos às segundas-feiras na TV aberta? "Chefes de Estado" tem esse espírito... mas tenta passar por um produto de entretenimento politicamente engajado - e esse foi seu maior erro.
Na trama, Na trama, Sam Clarke - primeiro-ministro do Reino Unido - e Will Derringer - ex-astro de filmes de ação e recém-eleito presidente dos Estados Unidos - têm uma rivalidade pública que coloca em risco o “relacionamento especial” de seus países. Mas quando se tornam alvos de um implacável adversário estrangeiro, que consegue desbaratar as forças de segurança dos dois líderes, ambos são forçados, a muito contragosto, a contar com as duas únicas pessoas em quem podem confiar: um no outro. Aliados à agente do MI6 Noel Bisset, eles precisam fugir e encontrar uma maneira de trabalhar juntos por tempo suficiente para impedir uma conspiração que ameaça todo o planeta.
O roteiro de Josh Appelbaum (criador da série "Citadel"), André Nemec ("Missão: Impossível - Protocolo Fantasma" e do estreante Harrison Query é uma tremenda bobagem e mera desculpa para boas cenas de ação, explosões e cenas de luta. Porém, quando tenta falar sério sobre como políticos norte-americanos se acham prepotentes e salvadores naturais do planeta, soa pueril e até inadequado - como aquelas insuportáveis lições de moral ao final de cada episódio de "He-Man" ou "A Nossa Turma".
A direção de Ilya Naishuller (do filme em primeira pessoa "Hardcore: Missão Extrema" e do recente "Anônimo") é eficaz, com bom equilíbrio entre ação e interação entre seu numeroso elenco. Se tivesse um roteiro que se levasse menos a sério - e tivesse melhores momentos de comédia -, seria um novo clássico.
Já o restante do elenco coadjuvante tem pouco espaço para o fiapo de ideia que o roteiro lhe proporciona. O personagem de Paddy Considine (do recente filme "Improvisação Perigosa") até tem uma motivação convincente - vingança, claro! - mas é mais uma caricatura ambulante do que uma persona de fato. O veterano Stephen Root (da cultuada série "Barry") interpreta um aliado do vilão mas que também age como uma espécie de voz da consciência - também é outro que, no papel, tinha potencial mas, na execução, tornou-se um desperdício de um ator tão competente. Carla Gugino (de filmes nerds como "Watchmen" e "Sin City") e Sarah Niles (da cultuada série "Ted Lasso" e do vindouro filme "Quarteto Fantástico - Primeiros Passos") também são desperdiçadas num joguete de "arenque vermelho", para despistar quem está por trás do estratagema final do vilão.
O único do elenco coadjuvante que realmente entendeu que não dava pra levar seu papel a ferro e fogo foi Jack Quaid (do recente filme "Acompanhante Perfeita"), realizando o sonho de todo fanático por filmes de ação, com seu próprio momento de glória num levante contra o ataque a seu bunker anti-terroristas - que rende a melhor cena de explosão do longa.
A direção de fotografia de Ben Davis (de filmes díspares como "Três Anúncios para um Crime", "Guardiões da Galáxia", "Os Banshees de Inisherin" e, pasmem, "Kraven - O Caçador") - aliada à esperta edição de Tom Harrison-Read ("Tomb Raider - A Origem") - passeia pelo básico do cinema de ação e aventura mas tenta alguma ousadia com alguns ângulos inusitados e até giro do eixo de câmera, gerando surpresa em algumas cenas.
"Chefes de Estado" poderia ser "O" filme de ação do ano mas fica no meio termo e, por conta do ritmo claudicante, acaba não empolgando tanto quanto poderia. Aquele bom e velho ~"dá pra ver". Boas cenas de ação e pancadaria que tem que dividir espaço com blábláblá sobre geopolítica mundial. Para assistir naquele domingo maroto, comendo lasanha, rindo com a família mas não prestando muita atenção. Pena.
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