Em meio à onda de adaptações de games para as telonas, Until Dawn: Noite de Terror se destaca na HBO Max, não apenas por celebrar os 10 anos do aclamado jogo de PlayStation, mas por conseguir a proeza de ser um filme de terror eficaz por mérito próprio. Produzido pela Screen Gems e PlayStation Productions, o longa, com roteiro de Gary Dauberman e Blair Butler, nos convida a uma jornada claustrofóbica e sangrenta, que, apesar de tropeçar em alguns pontos, entrega uma experiência imersiva e assustadora.
A trama, que se desenrola em um loop temporal, é uma homenagem clara e bem executada a clássicos do terror. Referências a filmes como "Poltergeist: O Fenômeno", "O Albergue" e até mesmo o recente "Terrifier" são evidentes, mas o filme consegue criar sua própria identidade. A história de um grupo de amigos que precisa sobreviver a uma noite de terror para escapar de um ciclo de morte e violência é envolvente, e a decisão de criar uma narrativa original, ambientada no mesmo universo do jogo, foi acertada.
O elenco, embora encabeçado por uma promessa de Hollywood e um veterano conhecido, é o ponto de partida para o horror. A atriz Ella Rubin, que recentemente esteve em "Anora", filme vencedor do Oscar, e em "Rua do Medo: Rainha do Baile", interpreta Clover, uma personagem que, por uma tragédia pessoal, acaba por colocar seus amigos em uma situação de extremo perigo. A atuação de Rubin é interessante, mas não chega a brilhar, enquanto o restante do elenco jovem funciona mais como "carne para o abate", servindo para construir a atmosfera de tensão e vulnerabilidade. O veterano Peter Stormare, famoso por seu papel como Lúcifer em "Constantine", dá vida ao vilão de forma impecável, roubando a cena com sua presença e carisma sinistro.
O trabalho técnico de Until Dawn: Noite de Terror é um dos seus maiores trunfos. A direção de fotografia de Maxime Alexandre é notável, capturando a essência opressora e sombria do jogo original. Em muitos momentos, a atmosfera e a ambientação são tão convincentes que nos sentimos imersos em uma experiência interativa, como se estivéssemos segurando um controle. Essa proeza visual, aliada à edição precisa de Michel Aller, que utiliza uma paleta de cores frias e tons escuros para intensificar o terror, eleva a qualidade da produção.
A direção de David F. Sandberg, conhecido por "Quando as Luzes se Apagam" e "Annabelle 2: A Criação do Mal", é o que une todas as peças. Sandberg demonstra um controle primoroso do ritmo e da narrativa, sabendo exatamente quando acelerar o suspense e quando deixar o terror crescer organicamente. Ele consegue, de forma impressionante, conduzir o elenco e as cenas com uma maestria que poucos diretores conseguem, e sua visão é a chave para o sucesso do filme.
No final das contas, Until Dawn: Noite de Terror é um filme que merece ser visto. Apesar de alguns furos no roteiro e de um elenco jovem pouco memorável, ele é um dos raros exemplos de adaptações de games que funcionam. Sandberg e sua equipe provam que é possível criar um filme de terror inteligente, tenso e imersivo, mesmo em um momento em que as pessoas preferem "jogar" suas histórias a assisti-las. Se você é fã de terror, prepare a pipoca e apague as luzes. É uma experiência que vale a pena.
Marlo George assistiu, escreveu e já viu uma boneca de pano o espiando atrás da porta
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