A segunda temporada de The Walking Dead: Dead City chegou com a promessa de expandir o universo da franquia, explorando a tensa dinâmica entre Maggie e Negan em uma Nova York pós-apocalíptica. No entanto, o que foi entregue se assemelha mais a um eco melancólico do passado do que a um passo audacioso para o futuro. A temporada, em vez de consolidar a série como um ponto de entrada para novos espectadores, parece ter se acomodado em ser um presente exclusivo para os fãs de longa data, aqueles que já conhecem a fundo as complexas histórias de redenção e traição dos protagonistas. Esse foco excessivo no público fiel, embora compreensível, acabou por limitar o potencial da série de se tornar algo maior.
A narrativa, em sua essência, não consegue escapar da sombra do material original. Enquanto a primeira temporada ofereceu um vislumbre de um novo mundo, a segunda se aprofunda em conflitos que parecem apenas repetições de arcos já vistos na série-mãe. A tensão entre os personagens, que poderia ser a faísca para novas histórias, é frequentemente contida por referências e lembranças de eventos passados. Esse constante olhar para trás impede que o enredo avance de forma significativa, criando uma sensação de estagnação. Para um espectador que não acompanhou as onze temporadas de The Walking Dead, a experiência é alienante, cheia de subtramas e motivações que não são devidamente apresentadas, mas sim pressupostas.
A decisão de mergulhar tão fundo na mitologia existente da série tem um custo alto. A expansão do universo, que deveria ser a principal meta de um spinoff, se torna um pretexto para um reencontro com rostos familiares e conceitos já explorados. A série falha em criar personagens secundários cativantes e tramas que possam sustentar o interesse por si só. Eles existem mais como peças de um quebra-cabeça que só os fãs mais dedicados conseguem montar. A Nova York pós-apocalíptica, que deveria ser um personagem por si só, com suas próprias ameaças e oportunidades, se reduz a um mero cenário para os dramas pessoais de Negan e Maggie, interpretados por Jeffrey Dean Morgan e Lauren Cohan, respectivamente.
Para um novo fã, a série não oferece uma porta de entrada, mas sim um muro intransponível. A história de Negan, por exemplo, que é central para o enredo, não é revisitada de forma a contextualizar sua jornada para quem chega agora. Sua redenção e o peso de seus crimes são tratados como fatos consumados. A trama de Maggie e seu desejo de vingança, embora mais explícita, também carece de profundidade para quem não acompanhou a série original. A audiência é convidada a embarcar em uma jornada que já está em andamento, sem um mapa para guiá-la.
O maior erro da segunda temporada de Dead City foi subestimar a importância de uma nova abordagem. O público de The Walking Dead já está familiarizado com zumbis, sobreviventes e dilemas morais. O que se espera de um spinoff é a inovação, a exploração de novos gêneros ou a introdução de novos temas que possam revigorar a franquia. Em vez disso, a série opta por repetir a fórmula, com poucas variações. A sensação é de que a equipe criativa tem medo de arriscar, preferindo se apegar ao que já funcionou, mesmo que isso signifique sacrificar o potencial de crescimento.
A tentativa de aprofundar os personagens existentes, embora nobre, se perde na falta de um enredo que justifique essa exploração. A dinâmica entre Maggie e Negan, embora tenha sido a principal atração da série, se torna repetitiva. As tensões, embora reais, não evoluem de forma significativa, e o espectador tem a sensação de que está assistindo ao mesmo conflito novamente. O clímax da temporada, em vez de abrir novas portas, parece fechar velhas feridas de forma previsível.
Em última análise, a segunda temporada de The Walking Dead: Dead City é um desserviço para a própria franquia. Ao se voltar exclusivamente para os fãs já existentes, a série falha em expandir o universo e em cultivar novos interesses. A experiência é como entrar em uma festa familiar onde todos já se conhecem, deixando o novo convidado de lado. Em vez de ser uma ponte para novas histórias, ela se tornou uma ilha isolada, de difícil acesso.
A franquia The Walking Dead tem um vasto potencial para se reinventar e conquistar um novo público. Outras séries, como Fear The Walking Dead, em suas fases iniciais, e The Walking Dead: Daryl Dixon mostraram que é possível explorar novos caminhos. No entanto, Dead City escolhe o caminho mais fácil, o da nostalgia. O resultado é uma temporada que é satisfatória para quem já está na jornada, mas que pouco faz para convencer os demais a embarcar. É uma oportunidade perdida de mostrar que o mundo pós-apocalíptico ainda tem muito a oferecer.
Marlo George assistiu, escreveu e anda, como um zumbi, rodando em looping eterno
Em todo o site, deixamos banners de sugestões de compra geek, mas você pode nos ajudar fazendo uma busca através destes links, e deste modo poderemos continuar informando sobre o Universo Nerd sem clickbaits, com fontes confiáveis e mantendo nosso poder nerd maior que 8.000. Afinal, como você, nós do portal Poltrona POP já éramos nerds antes disso ser legal!