É curioso que Hollywood, de vez em quando, tenha o costume de fazer um comeback de astros e estrelas em papeis que geralmente não lhe seriam oferecidos - fato que chama a atenção da mídia especializada e, claro, dos júris das concorridas premiações do mercado audiovisual. Alguns desses medalhões voltam à ativa justamente por conta dessas investidas de jovens cineastas e da arriscada aposta de alguns estúdios em filmes de baixíssimo orçamento mas com algo mais a oferecer do que efeitos visuais vultosos ou frases de efeito.
O filme "A Última Showgirl" chamou a atenção nas premiações mais recentes por trazer de volta a atriz e modelo Pamela Anderson interpretando uma personagem que era "a sua cara" - mas a versão atual e não aquela que povoou o imaginário coletivo desde que apareceu em clipes de bandas como Cinderella e Aerosmith (falamos disso AQUI), além, claro, do seriado "Baywatch - S.O.S. Malibu".
Na trama, Shelly é uma veterana dançarina de Las Vegas (EUA) que precisa planejar seu futuro quando seu show é encerrado abruptamente após 30 anos de duração. Além disso, quer reatar seus laços afetivos com sua filha - já maior de idade e com quem não convive desde a infância - e, quem sabe, viver um relacionamento afetivo duradouro com o homem que parece ser o único que realmente se importa com ela...
O problema principal do roteiro de Gersten não é o conteúdo mas, sim, a forma. Com pouquíssimos conflitos que realmente valham a pena à sua protagonista, a trama trata de detalhes tão íntimos que, talvez, somente quem já tenha passado por situação semelhante consiga se identificar e até torcer por um bom desfecho.
A direção de Gia Coppola (de clipes de artistas POP como Carly Rae Jepsen e Halsey, além de obscuros filmes como "Palo Alto" e "As Sete Faces de Jane" - e também neta de um dos maiores diretores da História do Cinema) segue um caminho que mistura uma atmosfera teatral, quase documentarista e algo aprendido em videoclipes (mas que não orna tão bem, gerando um resultado artístico híbrido porém menos comercial - e, por isso mesmo, difícil de digerir). E isso acaba se refletindo, em parte, na performance de seu elenco.
O mesmo também pode ser dito da vencedora do Oscar Jamie Lee Curtis, que interpreta a melhor amiga da protagonista e também é mais ou menos um reflexo sombrio que lhe espera se não agir rapidamente para mudar seu status quo - uma mulher que outrora já foi linda mas atualmente mora em seu próprio carro pois perdeu a casa e pertences para a jogatina. Curtis está muito "solta" e parece improvisar bastante em vez de entregar uma performance digna de nota - e olha que a personagem pedia algo um pouco mais caprichado.
Brenda Song, Kiernan Shipka e Billie Lourd fazem o que podem com o pouco que lhes foi oferecido - mesmo assim, são bem funcionais com a proposta. E Jason Schwartzman (do recente - e superestimado - filme "Mountainhead") é responsável pela melhor fala do roteiro - justamente a que abre os olhos da protagonista em relação à passagem do tempo e que, por tabela, lhe tira da alienação que o showbiz traz.
Também chama a atenção a direção de fotografia de Autumn Durald Arkapaw (do recente filme "Pecadores"), que usa uma composição cromática baseada em tons róseos e verdes - algo que foge ao ar de Las Vegas e aproxima da cafonice de Miami -, trazendo também bastante "câmera na mão" para capturar o "realismo" das cenas, focando bastante em close-ups para captar a emoção de cada membro do elenco e também abusando do granulado para emular aquela atmosfera de narrativa antiquada.
Ainda que verdadeiramente esforçado, "A Última Showgirl" parece a 'prima pobre' do já citado "A Substância", com temas muito próximos e propostas bem semelhantes. Vale como curiosidade mas dá para entender porque não avançou muito nas premiações. Havia potencial mas falhou justamente na execução. Pena.
Kal J. Moon acha que está velho demais para essa m&rd@ toda... Mas o show tem que continuar!
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