A recente colaboração entre o universo DC e o battle royale Fortnite foi abalada por uma polêmica inesperada. O popular emote de dança do personagem Pacificador, interpretado por John Cena, foi removido do jogo pela desenvolvedora Epic Games após o sexto episódio da segunda temporada da série no DCU, que está sendo exibida no serviço de streaming HBO Max, revelar uma reviravolta chocante.
A polêmica gira em torno do emote conhecido como "Quadris da Paz" (Peaceful Hips Emote), que replicava a coreografia excêntrica de abertura da série do Pacificador. No entanto, a exibição do episódio "O Que os Olhos Não Veem, o Chrisão Não Sente" trouxe a revelação de que a dimensão alternativa em que o herói se encontrava era, na verdade, muito parecida com a "Terra X" do universo DC dos quadrinhos, uma realidade na qual os nazistas venceram a Segunda Guerra Mundial. Na série, esta dimensão alternativa é chamada de "Terra 2".
Com a nova contextualização da série — que culmina na descoberta de uma bandeira americana com a suástica no lugar das estrelas —, fãs mais atentos notaram que os movimentos de braço rígidos e em ângulo de 90 graus realizados por Pacificador na dança podiam ser interpretados como uma referência sutil, ou até mesmo um prenúncio, ao símbolo nazista.
Vale ressaltar que a coreografia de abertura da série Pacificador, na qual o emote do game foi baseado, possui semelhanças notáveis com a animação "A Face do Füehrer" (Der Fuehrer's Face), de 1943. Este desenho dos estúdios Walt Disney, vencedor do Oscar de Melhor Curta Animado, fez parte da propaganda aliada anti-nazista, retratando o Pato Donald como um soldado vivendo sob o regime totalitário do III Reich na "Nazilândia". O ponto central da sátira, e do paralelo com o emote do Fortnite, são os movimentos de braço que, no contexto do curta, imitavam de forma exagerada e crítica a saudação nazista, aludindo ao símbolo da suástica.
O fato de que ambos os personagens, Pato Donald e Chris Smith, estão inseridos em um contexto de crítica ao totalitarismo é evidente, sugerindo que a animação da Disney pode ter servido como uma referência intencional para o DCU. No entanto, a DC Studios e seus co-CEOs, James Gunn e Peter Safran, ainda não se manifestaram para confirmar a inspiração ou a intenção por trás da coreografia na série.
A título de contexto histórico e legal, "A Face do Füehrer" chegou a ser incluído brevemente em uma lista de materiais extremistas na Rússia em 2010, mas foi removida em 2016 por um tribunal superior que considerou sua natureza satírica e crítica ao Nazismo como não extremista. Por sua natureza de propaganda política, e por exibir símbolos do Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães, a animação não está disponível no serviço de streaming Disney+ e não tem estado disponível em nenhum serviço, de forma legal, desde seu lançamento em DVD, numa coletânea de clássicos dos Estúdios Disney. Apesar disso, a animação pode ser encontrada na internet, sem muito esforço.
Diante da repercussão negativa e da suspeita de que o emote pudesse estar inadvertidamente reproduzindo iconografia nazista em uma plataforma amplamente utilizada por crianças, a Epic Games agiu rapidamente. A empresa emitiu um comunicado anunciando a desativação imediata do emote, durante o último final de semana, afirmando que investigaria as "intenções criativas" por trás da colaboração.
Em uma atualização posterior, a Epic Games afirmou ter trabalhado em conjunto com a Warner Bros. Games e confirmou que "não havia intenções criativas" de ligar o emote à chocante reviravolta da história do Pacificador. No entanto, para "evitar qualquer confusão", a desenvolvedora optou por modificar a coreografia do emote em uma atualização futura. Aos jogadores que compraram o item e preferirem não ficar com a versão modificada, foi oferecida a opção de reembolso total.
A situação levanta questões sobre o nível de comunicação entre os estúdios em grandes crossovers, já que a reviravolta na série — vital para o DCU de James Gunn — parece ter pego de surpresa a própria equipe de desenvolvimento do Fortnite.
Fonte: Gamerant
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