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CRÍTICA [CINEMA] | "Ela", por Marlo George

Quais são os caminhos e os descaminhos do amor? Por que ele tanto nos afeta? Por que precisamos dele? Ela, filme mais recente de Spike Jonze, pode não responder à estas, e outras, perguntas sobre o assunto, mas pode nos fazer refletir.


O filme conta a história de Theodore Twombly, um homem comum que vive em um futuro não muito distante e que decide comprar um sistema operacional (também chamado pela sigla S.O.) com inteligência artificial. Este S.O. deveria, inicialmente, servir como uma espécie de secretária eletrônica super avançada que é capaz de interagir com o proprietário e fazer upgrades conforme adquire experiência. Theodore configurou seu S.O. para que simulasse uma voz feminina e assim o programa assume a "identidade" de uma mulher virtual que se auto-batiza Samantha. Conforme o tempo passa, Samantha (em razão dos upgrades) vai aos poucos tomando consciência de si própria e Theodore, encantado com aquela "mulher" perfeita, acaba se apaixonando por ela.

Longa que filosofa sobre a aparente e atual inabilidade do ser humano em se relacionar, potencializada pelas novas tecnologias.

Tendo em mãos dois atores fabulosos, talentosíssimos, Spike Jonze nos apresenta um longa que filosofa sobre a aparente e atual inabilidade do ser humano em se relacionar, potencializada pelas novas tecnologias. O filme parece apontar para o que vai se transformar o homem quando o mero contato social, seja direto ou por intermédio de mídias sociais, não for mais satisfatório o suficiente. Quando isto acontecer, a tendência, segundo a teoria Jonzeniana, é o ser humano buscar a satisfação em um contato consigo próprio, nem que sua contraparte seja uma versão virtual de si mesmo, configurada com o único propósito de agradá-lo. Em suma, o homem irá, no futuro, olhar para o próprio umbigo e obter satisfação somente perante ao espelho, por assim dizer.


Os aludidos atores são Joaquin Phoenix e Scarlett Johansson, ou Theodore e Samantha, respectivamente. A química de ambos é tão grande que pode ser sentida pelo mais incauto dos espectadores, apesar da ausência visual de Johansson. O trabalho dela [Johansson] é tão primoroso que podemos questionar novamente a elegibilidade de atores que não estão em cena aos prêmios de cinema, em especial ao Oscar.

O tema, polêmico, foi primeiramente discutido na época em que o filme O Senhor dos Anéis: As Duas Torres foi lançado. Este filme apresentou ao mundo o ator Andy Serkis, que fez um trabalho de atuação soberbo como a criatura digital Gollum. Assim como Serkis, Johansson merecia ser pelo menos objeto de consideração pelos membros votantes das premiações de cinema. Até onde a presença pessoal do ator, em tela, é necessário para que seu trabalho seja reconhecido? Fica aí, novamente, a questão.


Phoenix merecia uma indicação ao Oscar por seu Theodore. Ele foi indicado ao Globo de Ouro e outros a cinco outros prêmios menores (até o momento da publicação desta crítica), mas estranhamente não ao Oscar. A forma como sua personagem imerge em seu próprio mundo imaginário ao lado de sua feérica cara metade é comovente. Em vários momentos me peguei torcendo pelo amor de Theodore e Samantha, mesmo sabendo que algo naquele relacionamento estava errado, absurdo. Mas isto se deu por causa do personagem que me foi, tão carinhosamente, entregue por Phoenix.

A música The Moon Song (que concorre ao Oscar de Melhor Canção) reflete bem o amor entre Theo e Sam. Composta por Karen Orzolek e Spike Jonze, é interpretada lindamente no filme por Scarlett Johansson e Joaquin PhoenixEla tem uma conclusão bombástica, paradoxal, que irá explodir cabeças por aí. Falar mais seria dar spoilers...



Marlo George assistiu, escreveu e tem a impressão de estar diante de um filme que terá o mesmo impacto que Matrix teve, mais ou menos quinze anos atrás.

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