A arte não serve de nada se o artista não souber se está, de fato, tocando a plateia - ou pelo menos, é assim que muitos críticos e entusiastas pensam.

Se a arte não pode ser apreciada, talvez sua existência nem possa ser comprovada.
Mas e quando esta arte é desenvolvida num país onde expô-la é proibido?

Este é o principal tema de "O Dançarino do Deserto", filme estrelado por Nazanin Boniadi, Freida Pinto, Reece Ritchie e grande elenco.

Liberdade - inclusive de expressão

"O Dançarino do Deserto" conta a história - verídica - inspiradora de um corajoso dançarino iraniano, Afshin Ghaffarian.

Ambientado em Teerã durante o ano de 2009, em meio ao clima volátil das eleições presidenciais e ao “Movimento Verde”, Afshin e um grupo de dançarinos arriscam suas vidas e formam uma companhia de dança clandestina.

A dança tem o poder de curar a sociedade. Mas dança também é expressão. Pode-se contar uma história através da dança. E a dança também tem o poder de emocionar...

Essa é a conclusão que chegamos quando assistimos "O Dançarino do Deserto", filme que consegue elevar o espírito mesmo com tantas cenas sem emitir uma palavra sequer.

O espectador se surpreende positivamente ao assistir um belo espetáculo que parte do comum, do ordinário e do ainda estranhamente corriqueiro nos dias de hoje.


Quando vemos artistas sendo hostilizados pela família - como em "Whiplash" -, até entendemos pois a sociedade nunca captará o real objetivo de quem respira arte - uma canção pop diz "eu vivo pelos aplausos" e isso não poderia estar mais correto.

Ver a saga deste protagonista da vida real que aprende a desenvolver seus passos com vídeos do YouTube e só quer se apresentar a uma plateia tem a missão de dar força a quem persegue seu sonho da mesma forma, seja em dança, atuação, artes plásticas, música ou qualquer coisa que comova de alguma forma o ser humano.

"O Dançarino do Deserto" mostra uma realidade bem difícil de entender ou aceitar. É estranho ter de admitir que uma pessoa tenha de deixar o próprio país para poder viver daquilo que acredita. Mas a vida real não é feita de finais felizes.

Recomendadíssimo para quem precisa de um estímulo a continuar sonhando e pretende fazer dele uma realidade.



Kal J. Moon se matriculou na escola de dança da vida mas ainda está aprendendo os passos mais difíceis...