
Muito bem escrito pelo diretor e por Charles Randolph, o roteiro ousa ao tratar de um tema complicado como o sistema imobiliário e financeiro americano com um certo toque de bom humor, que é uma das marcas de McKay. Quando pensamos que tudo o que está sendo dito pelas personagens soa confuso, eis que o diretor nos brinda com a presença de uma celebridade hypada, como Margot Robbie, Selena Gomez, entre outras, para nos explicar de modo curriqueiro, e bem mastigado, tudo aquilo que nos parecia complicado demais. Isto torna mais fácil a compreensão do tema proposto, especialmente para o público de fora dos EUA.
A edição dá ao filme o ritmo frenético de um filme de ação, mas em "A Grande Aposta" não há explosões, lutas ou outros efeitos especiais. Há manobras, brigas por debaixo dos panos e maquiavelismos. Também não há heróis ou vilões. Há interesses.
Ryan Gosling, que narra o filme, não está bem e novamente não convence. Sinceramente, não sei como ele conseguiu sustentar a carreira até hoje, uma vez que sempre foi limitado dramaticamente. Por outro lado, Steve Carell novamente convence como ator de filmes dramáticos, como o fez em Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo, mostrando maturidade artística . Está possivelmente em seu melhor momento da carreira.
Brad Pitt também faz parte do elenco, vivendo o bancário aposentado Ben Rickert, um papel pequeno, mas conveniente para Pitt, que entre além de atuar, produziu o filme. Aparece pouco, mas demonstra mais uma vez que é igual ao vinho. Quanto mais envelhece, melhor ator ele se torna.
Mas todas as atenções se voltam para Christian Bale, que exagerou na tinta mas entregou seu personagem com uma verdade raramente vista. Não sei não, mas sinto cheiro de Oscar no ar.
O filme traz também participações de Marisa Tomei, Hunter Burke e Karen Gillan.
Com trilha sonora original esperta, "A Grande Aposta" é recomendadíssimo.
Marlo George assistiu, escreveu e também ouve "Master of Puppets" para se concentrar.