Marcelina (Mariana Xavier), Dona Hermínia (Paulo Gustavo) e Juliano (Rodrigo Pandolfo) estão de volta em "Minha Mãe é uma Peça 2" (Divulgação) |
A maldição do raio
O público brasileiro já está acostumado com a personagem Dona Hermínia. Já assistiu diversas vezes a peça de teatro que inspirou o primeiro filme, sabe que é baseada na mãe do próprio Paulo Gustavo - que canta a canção-tema do novo filme -, já voltou a vê-la em algumas participações dos programas de TV estrelados pelo comediante (ou mesmo em comerciais), repete vários de seus bordões por aí e até já esbarrou no livro com histórias inéditas sobre essa mãe - e se identificando sempre. Isso é sinônimo de sucesso, uma vez que a personagem é um dos maiores exemplos de "fenômeno transmídia" - onde pode ser transposto para diversas mídias sem perder o encanto do público.
(Isso sem contar o talento e o carisma de Paulo Gustavo, que é indiscutível)
Com "Minha Mãe é uma Peça 2", não é diferente. O espectador presenciará várias situações que vão da comédia a pequenos toques dramáticos, sempre dando espaço à imaginação de quem assiste para criar a tal da identificação.
Na trama, a mãe mais divertida do Brasil tornou-se apresentadora de TV, ficou famosa, mudou de endereço, de status econômico... mudou quase tudo, só não mudou a si mesma. Dona Hermínia (Paulo Gustavo) continua irreverente e muito preocupada com os problemas da família: Marcelina (Mariana Xavier) decide ser atriz e Juliano (Rodrigo Pandolfo) se descobre bissexual. Para completar, a irmã Lucia Helena (Patrycia Travassos), que mora há anos em Nova York, resolve fazer uma longa visitinha.
Iesa (Alessandra Richter), ao lado de Dona Hermínia (Paulo Gustavo): pouco aproveitamento em cena (Divulgação) |
Porém, é muito difícil superar o insuperável. Não dá pra esperar genialidade a todo momento. O público envelhece e o que era engraçado ontem pode não ter lá tanta graça amanhã. Independente do motivo, isso é um fato.
O roteiro escrito por Fil Braz (do excelente "Tô Ryca!") - em parceria com o próprio Paulo Gustavo - investe em novas situações mas não sai do "mais do mesmo" do atual cinema brasileiro. Mesmo que avance alguns centímetros em direção ao drama, com toques mais realistas - como no caso da personagem Tia Zélia (Suely Franco), que agora sofre de esclerose -, tudo é meio "pincelado" sem se aprofundar muito por conta do ritmo frenético adotado já no primeiro filme.
Outros personagens parecem caídos de pára-quedas, como Lucia Helena (Patrycia Travassos) - que dá a impressão de estar em cena apenas para dizer que "a Iesa (Alessandra Richter) tá chata pra CAR@LH#!". Ou mesmo a empregada Valdéia (Samantha Schmütz), que aparece pouco e sem uma função melhor aproveitado pela história...
Tia Zélia (Suely Franco), com Dona Hermínia (Paulo Gustavo): ideia interessante mas mal desenvolvida... (Divulgação) |
Algumas situações não despertam o mesmo riso na platéia por não ter o mesmo frescor. Todos já sabem o que esperar de Dona Hermínia, que talvez estivesse melhor numa série de TV, uma vez que o novo filme tem o mesmo tipo de pegada. Sobra o riso forçado ou o sorriso amarelo, dado com o canto da boca fechada para não deixar ninguém sem graça.
Resumindo: será um grande sucesso de bilheteria - apontando para mais uma continuação -, independente de qualquer crítica negativa. Se é a sua praia, vá assistir sem preconceito. Mas não espere o inesperado...
>>> "Minha Mãe é uma Peça 2" estreia somente em 22/12/2016 mas haverá pré-estreias a partir de 15/12/2016.
A mãe de Kal J. Moon também é uma peça. Nem queira saber...