Nada poderia ser mais clichê.
Por isso, foi com baixa expectativa que comecei a assistir A Babá, nova produção original da Netflix, cujo a missão de fazer a crítica me foi designada. Sim! O filme tem clichês, vários, mas o que eu não esperava era que iria me divertir tanto assistindo esse filme de McG, diretor que nunca me convenceu.
McG, mais conhecido pelo seu trabalho em Somos Marshall (2006) e O Exterminador do Futuro: A Salvação (2009), dois filmes que considero ruins, acertou em A Babá porque decidiu resgatar o bom e velho cinema de terror dos anos 60 e 70, à exemplo do que fizeram Robert Rodriguez e Quentin Tarantino com a série Grindhouse, dez anos atrás. Rodriguez e Tarantino renovaram os filmes B de terror, com Planeta Terror e À Prova de Morte. Agora, McG atualiza o sub-gênero para entregá-lo às novas audiências, com um longa gore ao extremo, sexualmente apelativo, ensanguentado, surreal, absurdo, assustador e divertidíssimo.
– Era disso que eu estava falando! – gritei, assim que terminou a esperta cena pós-crédito. Nada poderia descrever melhor o que senti ao final da exibição. Entretenimento é isso! É fazer o amante do gênero, seja lá qual for, sentir-se novamente representado e satisfeito, percebendo que o sonho ainda não acabou.
Além disso, o figurino explora com esperteza os clássicos tipos que vemos em filmes com temas estudantis americanos, com roupas desenhadas na medida certa e adequadas à cada uma dessas arquetípicas personagens, como o capitão do time de futebol americano, a cheerleader, os bully boys (que pareciam ter viajado no tempo, direto dos anos 80 para o set do filme), a oriental descolada, o nerd clássico e, é claro, a babá gostosona e maior que a vida.
Todas essas referências são bacanas e deixaram o filme mais interessante, pois são sutis e necessárias, feitas para o cinéfilo ou expectador mais atento. Mas se posso citar um defeito em A Babá seria o excesso de citações à filmes, séries de TV e até mesmo celebridades. São tantas que até spoiler o filme dá.
Ainda não assistiu Mad Men: Inventando Verdades? Caso a resposta seja "não", cuidado!
O elenco é praticamente desconhecido, salvo Robbie Amell (o Deathstorm da série Flash) e Bella Thorne, de Juntos e Misturados (2014), não tinha assistido nada com nenhum dos demais atores do longa. Judah Lewis e Samara Weaving são os protagonistas, ele um menino sem muita experiência e ela uma atriz que vem construindo sua carreira desde 2008, fazendo participações em séries como Ash vs Evil Dead e filmes nada badalados como Monster Trucks, do ano passado. Lewis é uma promessa, mas ainda precisa se provar, já Weaving, que é filha do diretor Simon Weaving e sobrinha do mito Hugo Weaving, é belíssima e mostrou ter talento e maturidade para encarar novos desafios. Está pronta. O restante do elenco dá conta do recado e encarna suas personagens e seus destinos com dignidade. Não fizeram feio.
Dito isso, recomendo que se divirta com A Babá. Sustos e risadas garantidas!
Marlo George assistiu, escreveu e também tem um time de sci-fi dos sonhos.