Não tem jeito. Conforme a vida passa, nós crescemos, e através de nossas experiências, algumas boas e outras nem tanto, amadurecemos e nos tornamos mais completos. Isso acontece com todo mundo. Uns passam por essa etapa com naturalidade, enquanto outros tem um pouco mais de dificuldade, mas com o passar do tempo cada indivíduo acaba encarando-se no espelho, e o que vê refletido nele está mais pronto para o que há por vir: O futuro.
E, assim como na vida, a história se repete. O último filme da Franquia, dentre aqueles que tratam da saga de Luke Skywalker e sua família, é de longe o mais maduro e completo das oito produções, lançadas até o momento. Deixando de lado a politicagem enfadonha dos episódios I, II e III, a superficialidade da trilogia original e expandindo ainda mais o que foi apresentado em O Despertar da Força, Os Últimos Jedi aproximou a franquia de elementos que são característicos do gênero de ficção científica, também conhecido como sci-fi. Especialmente de uma saga, incompreensivelmente, concorrente: Star Trek.
Percebi isso logo no início do filme, quando alguns termos jamais usados em Star Wars começaram a ser utilizados por algumas das personagens, como ponte de comando, dobra e tiros de tonteio. Além disso, a rebelião parecia mais organizada do que nos filmes anteriores, com um “ar” mais militar.
Ao trazer maiores informações e até debates sobre como a “ciência fictícia” de Star Wars funciona, o filme aproxima-se ainda mais do gênero, deixando de ser uma aventura com temática futurística, para se tornar um sci-fi de respeito. O próprio conceito de dobra para explicar a, velha e boa, viagem na velocidade da luz foi algo ousado, por ter aprofundado um elemento já conhecido dos fãs mais antigos.
Porém, apesar de se aproximar de seus pares mais maduros, Star Wars: Os Últimos Jedi consegue ainda manter a chama original. Ao nos mostrar, finalmente, o destino de Luke e seu novo estilo de vida, temos uma maior noção do que seria herdar, como ele herdou, um legado de luz e escuridão totalmente sozinho. Profundo, introspectivo e, ao mesmo tempo, divertido, Luke me fez lembrar de Miyagi, mestre de artes marciais interpretado por Pat Morita na série Karatê Kid. As correlações são muitas. Ambos portavam conhecimentos antigos e poderosos, exilaram-se para, de alguma forma, fugir do passado e acabaram encontrando discípulos que, após certa relutância inicial, os fizeram enfrentar seus fantasmas. Nada poderia ser mais apropriado.
Quanto aos efeitos especiais e sonoros, incríveis. Apesar de eu não gostar de filmes em 3D, sobretudo quando são um simples pano para aumento do valor do ingresso (como no primeiro filme do herói Thor, cujo 3D não mudava absolutamente nada), devo ressaltar que em Star Wars : Os Últimos Jedi, o efeito tridimensional estava muito bem feito. Foi proporcionada uma real imersão do espectador à tela, o que é visto em pouquíssimos filmes. Além disso, a trilha sonora estava impecável, o que é típico do grande John Williams.
Fica claro que a franquia Star Wars seguirá mais madura e com um futuro ainda mais promissor. Rian Johnson cumpriu bem seu papel dirigindo o filme, trazendo um longa fundamental para o desenvolvimento da trama de Rey, Finn e companhia.
Marlo George ficou feliz de ver que Rian Johnson não jogou a franquia na escuridão...