Diante da iminente partida de um integrante do grupo para o exterior, tendo ainda o desafio de desenvolver os estudos do curso de Produção Cultural do campus da Universidade Federal Fluminense (UFF) em Rio das Ostras, na Região dos Lagos (RJ), um grupo de jovens estudantes resolve promover um festival de artes. A partir da organização do evento, dos dilemas e obstáculos enfrentados pelos alunos e, claro, das festas, as dores e as delícias da vida universitária vivida nas faculdades abertas pelo interior do país estão em pauta no filme “Verão em Rildas”, de Daniel Caetano, que estreia nos cinemas em 04/10/2018.
Foto oficial (Divulgação)
Além de mostrar os bastidores por trás da organização do Festival Ostras Coisas, o filme contextualiza o momento vivido pela cidade, abordando temas como violência contra mulher, insegurança e machismo. Outro ponto de destaque da produção é a polêmica Xerek Satânik, nome criado pelos próprios estudantes para uma festa que se realizou em maio de 2014, em seguida ao encerramento de um curso que se dedicava a estudar o tema “Corpo e resistência”.

Após uma performance que envolvia a inserção de uma bandeira na vagina da artista, o evento foi alvo de inquérito da Polícia Federal e investigação realizada pela própria universidade, gerando um debate acalorado entre conservadores e liberais. Apenas em 17/08/2018 - quatro anos após o evento -, o Ministério Público Federal arquivou o processo considerando a festa uma “manifestação artística”.

"A geração retratada no filme é justamente a que enfrentou aquela polêmica e desde então briga pela sobrevivência do curso, ainda hoje sob risco de ser fechado. Quando apresentei a primeira versão do roteiro, partiu deles a sugestão de incluir o episódio da performance no filme que decidimos fazer", conta Daniel Caetano. "Toda essa polêmica tinha Rio das Ostras como cenário. Por conta do seu crescimento - graças aos royalties vindo da extração de petróleo, foi a cidade que teve proporcionalmente o maior crescimento populacional em todo o país na década de 2000 -, o poder municipal propôs para a UFF a criação de um pólo universitário na região, em 2004. A criação do exame nacional do ENEM permitiu que estudantes de todo o país pudessem escolher estudar nos cursos da UFF em Rio das Ostras desde então, criando um ambiente universitário numa região pouco urbanizada de uma cidade jovem e violenta", explica o diretor.

Contando atualmente com mais de mil estudantes, os cursos da UFF de Rio das Ostras ainda hoje convivem com a constante precariedade de condições de estrutura básicas, a ponto de manter há vários anos diversos contêineres alugados que são usados como salas de aula e afins. Por isso, o campus ainda se mantém sob o risco de ter seus cursos fechados.

Fonte: Cavideo (via press-release)