Destaque no Festival Varilux de Cinema Francês em 2018, escrito e dirigido por Fabien Gorgeart, estrelado por Clotilde Hesme, Fabrizio Rongione, Thomas Suire e Grégory Montel, "O Poder de Diane" observa como uma gravidez pode ser um agente catalisador na vida das pessoas, mesmo que seja "apenas" uma barriga de aluguel.

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As armadilhas emocionais envolvendo os participantes da prática da "barriga de aluguel" (ou "barriga solidária", quando uma mulher se oferece - ou é paga - para gerar uma criança para um casal que não pode ter filhos de forma natural) já fez parte de inúmeras mídias, da literatura, passando pelo cinema e chegando à TV no formato de telenovelas. Não há muito a acrescentar aos personagens, que provavelmente serão hiper-protetores quanto à criança que em breve virá ao mundo, mesmo que alguns deles tentem se manter afastados evitando o relacionamento afetivo com o objeto da transação. E com "O Poder de Diane" não é diferente.

Na trama acompanhamos a rotina de Diane (Clotilde Hesme), que ao ser convidada para gerar o bebê de seus melhores amigos - Thomas (Thomas Suire) e Jacques (Grégory Montel) -, não hesita nem por um momento em aceitar a proposta. No entanto, a situação se complica quando ela se apaixona por seu eletricista, Fabrizio (Fabrizio Rongione).

Como esse é o primeiro longa metragem escrito e dirigido por Fabien Gorgeart - egresso do mercado de curta-metragens -, verificamos aqui um profissional preocupado em ser simples e direto, econômico ao evitar enrolações num roteiro que se presta apenas a mostrar a rotina da protagonista enquanto um ser cresce dentro de si e modifica, para o bem ou para o mal, o status quo de sua vida por nove meses. O ~"problema" é que parece que estamos vendo um documentário de tão sintético que o filme é. Mesmo que esforçado, a impressão que se dá é que o roteirista acredita piamente que todos os entraves da vida de Diane é provocado pelos homens a seu redor - ainda que eles sejam as pessoas prontas a ajudá-la quando está com problemas. Ainda que ela se apresente como muito independente, a vida mostra que está sempre sendo "salva" por aqueles que supostamente causam os problemas...

O pior é que o filme se vende como uma comédia mesmo que hajam pouquíssimos momentos engraçados nesta história - um momento específico trata de como diferentes pessoas reagem a um diálogo que pode soar como ~"homofóbico", ainda que o personagem que o proferiu jure que não teve a intenção (não se sabe se a intenção do roteirista foi de criar um momento cômico ou reflexivo - ainda que tenha sido bem dicotômico).

Independente disso, "O Poder de Diane" parece ciente de não querer passar uma mensagem muito específica. Mostra apenas a rotina de uma protagonista bem diferente do que se está acostumado quando alguém pensa numa futura mãe sendo transformada aos poucos, quase à revelia, pela gravidez mas não muito. Clotilde Hesme dá conta do recado, mesmo que sua personagem não tenha tamanha profundidade para que ela pudesse acrescentar algo digno de nota. O restante do elenco - predominantemente masculino - está okay mas ninguém se destaca (talvez propositalmente).

"O Poder de Diane" é um filme para se acompanhar sem muitas expectativas pois todo mundo que assistir sabe como essa história termina. Isso não é ruim. Mas também não é bom.




Kal J. Moon ainda está boquiaberto com a cena do ombro deslocado...