ESTA CRÍTICA APRESENTA SPOILERS DO FILME "VINGADORES: ULTIMATO", PORTANTO, SE VOCÊ AINDA NÃO ASSISTIU E NÃO QUER SABER SOBRE A TRAMA, NÃO LEIA!!!! (Vamos deixar um espaço em branco até o início da crítica, garantindo que ninguém que não queira receber spoilers tenha sua experiência prejudicada)









































A minha ansiedade com o filme "Vingadores: Ultimato" era enorme. Eu acompanho o MCU desde o primeiro filme do Homem de Ferro, então a conclusão dessa saga é algo muito emocional para mim, ainda mais depois de "Vingadores: Guerra Infinita", que foi um filme incrível, deixando-me ainda mais ansioso.

O filme começa bem, com a música "Dear Mr. Fantasy" do "Traffic"(aliás, diversas outras músicas incríveis estão no filme, como "Doom and Gloom" dos Rolling Stones) e com o cenário apocalíptico pós-Thanos, com todos os Vingadores remanescentes tentando encontrar um modo de reverter o estalo de dedos que dizimou metade de todas as criaturas vivas. Depois disso, o filme vai aos poucos desenrolando-se e contando a história a que se propõe. Como essa crítica contém spoilers, eu imagino que você já tenha visto o filme, por isso eu irei ser direto e não explicar muito sobre a trama.

De início, é importante salientar sobre os rumos dados a cada personagem no longa. O Homem de Ferro (Robert Downey Jr.) tem um final digno do grande herói que foi construído nos últimos dez anos. Desde o início do filme ele passa por situações difíceis em que o personagem poderia literalmente enlouquecer e tornar-se ainda mais egoísta, ao superá-las, do que era no primeiro "Homem de Ferro". Contudo, Tony Stark deixa o egoísmo de lado e pensa naquilo que as outras pessoas, e ele, perderam com Thanos. Assim, mesmo com uma filha e uma vida relativamente normal, ele decide novamente salvar o universo, mostrando que é o principal herói do filme, ao sacrificar-se por, literalmente, metade da humanidade. 


Outro personagem com um final digno de lágrimas foi o Capitão América (Chris Evans), que é meu Vingador preferido do grupo do primeiro filme (de todos, o Pantera Negra é o meu favorito). Ver o romance entre ele e Peggy Carter (Hayley Atwell) finalmente florescer é algo que me deixou muito emocionado no final do filme (e que final, meus amigos).

Personagens secundários como Rocket Raccoon (Bradley Cooper), Nebulosa (Karen Gillan) e outros tiveram sua importância e desfechos interessantes, porém não brilharam tanto quanto os Vingadores originais. Agora, o filme trata três personagens de modo muito ruim: Hulk, Thor e, sobretudo, Thanos.

O desfecho dado ao personagem do Hulk (Mark Ruffalo) é simplesmente bizarro. A fusão entre Banner e a criatura me deixou constrangido o tempo todo de tela, as piadas foram um fracasso e a cada minuto o personagem parecia menos humano. 


O Thor (Chris Hemsworth) é outro caso complicado. Na cena em que ele primeiro aparece, eu fiquei triste. Aquilo que era pra ser uma cena trágica, em que se vê os rumos que um deus tomou após o fatídico estalo de dedos que dizimou metade de sua população, tornou-se uma cena em que muitos riram no cinema. A condição de Thor, um bêbado gordo e sem expectativas, deveria ser vista com tristes olhos, e não com risos. Mesmo assim, os diretores optaram por fazer ele ser uma comédia ao longo do filme, uma decisão que me deixou chateado, visto que o personagem poderia ter tido um rumo de superação melhor do que apenas ir chorar ao colo de sua mãe. 

Mas a pior condução de personagem foi realizada em Thanos (Josh Brolin). Ao final de Guerra Infinita, nós fomos revelados a um vilão incrível. Um vilão com um ideal utilitarista que está disposto a sacrificar não apenas seu maior amor, mas metade de toda a vida do universo, com o fim de que a outra metade prospere. Thanos é um vilão que realiza atos de maldade, mas embaixo dos atos de maldade, há um ideal de bondade. Caso as espécies tratam-se bem o universo e não houvesse guerras, pobreza, desmatamento e outros rumos negativos, Thanos jamais teria realizado o ato de dizimar metade da população (lembre-se, estou falando do Thanos das telas de cinema, e não dos quadrinhos, já que são dois personagens com ideais diferentes, haja vista a inexistência da "Morte" nos cinemas em seu ideal). Por fim, Thanos era mau, mas apenas quando ele sabia que o universo não estava seguindo os rumos que ele considerava corretos.

E tudo isso é desconstruído em apenas uma frase dita por Thanos em "Vingadores: Ultimato". Após ir ao futuro e encarar aqueles que pretendem acabar com seus planos, Thanos os encara e diz algo assim (não me lembro a frase exata): "... eu vou adorar matar vocês". Esse é o grande erro no roteiro de Christopher Markus e Stephen McFeely, reduzir um vilão com um ideal a um ser que é inerentemente mau. Reduzir um ideal a uma vilania. Isso acaba com todo o personagem belamente construído desde 2012, naquela incrível cena pós-credito. Torna ele um personagem mau por seu mau, o que é uma pena. Em resumo, ele é reduzido de um vilão no nível de "Ozymandias" para um vilão qualquer.


Agora, mudando de assunto, a fotografia, dirigida por Trent Opaloch (Capitão América 2: O Soldado Invernal), e a trilha sonora do filme, composta por Alan Silvestre, são incríveis. O preenchimento sonoro que a trilha confere casa muito bem com as cenas grandiosas do longa. Além disso, os efeitos especiais nas cenas de batalha são esplêndidos, ainda que falhem com alguns personagens como Rocket Raccoon e o próprio Hulk, que não parecem muito reais. 

As aparições dos filmes anteriores foram uma cereja no bolo do filme. Eu adorei rever cenas icônicas de "Vingadores" e "Guardiões da Galáxia". Também foram boas as aparições de Howard Stark (John Slattery) e Peggy Carter nos anos 70. 

O nível de atuação do filme é muito elevado. Nenhum ator deixa a desejar e todos remetem muita segurança em suas atuações. Os maiores destaques são Robert Downey Jr. (sobretudo naquela cena de discussão no início do filme) e Scarlett Johansson, que estiveram impecáveis ao longo de todo o filme.

Por fim, "Vingadores: Ultimato" é uma boa conclusão a uma das sagas que, sem dúvida, marcarão minha vida para sempre. Porém, o descaso dado a alguns personagens e a desconstrução daquele que poderia ser um dos maiores vilões de todos os tempos do cinema fazem que o filme seja apenas bom, e não espetacular.




Andreas César assistou, criticou e está triste e contente pelo fim de Vingadores. Triste por saber que não mais verei alguns personagens na tela do cinema, e contente por saber que novos irão aparecer para preencher o vazio deixado pelos outros.