Nova produção da Happy Madison é de rachar o bico


"Se uma bobagem é o que você quer?", como cantarolam na abertura de um desenho animado esperto da TV, a resposta, em 2020, é: A Missy Errada.

O novo longa da Netflix em parceria com a produtora de Adam Sandler, Happy Madison, é uma bobagem assumida. O filme é tão bom que ele te engana, fazendo-o pensar que se trata de mais um daqueles longas que achamos tão ruins que se tornam bons. Mas ao contrário, A Missy Errada é um filme muito bom. Tão bom, que achamos que estamos errados em achá-lo tão bom, o que nos faz pensar que ele deveria ser ruim. Porém, ele é muito bom e isso é uma realidade, por mais que se tente negar.

Deu pra entender?

Este filme é uma daquelas coisas que só acontecem a cada alinhamento estelar pra despertar Cthullu. É algo simplesmente raro. Um filme cujo arrojo em ser tosco é tão refinado que o catapulta para o status de clássico da comédia sem dúvida alguma. Ele pode ter destaque na prateleira, ao lado de Um Príncipe em Nova York, Dodgeball, Austin Powers, Fargo e Matadores de Velhinha.

Olha o Hurley no avião de novo, kkkk

O filme traz o ótimo David Spade (Joe Sujo) no papel principal e outros coadjuvantes recorrentes em filmes do Adam Sandler, como Nick Swardson, Jonathan Loughran, o infame Rob Schneider, entre outros. Só o canastrão elenco de apoio (e o fato de que a produtora é do Adam Sandler) já te faz pensar em recusar uma assentada para assistir o filme, mas não desista. Sente-se e aguarde a primeira piada. Aposto que você não vai se arrepender.

E o maior motivo disso é a estrela do filme: Lauren Lapkus.

A americana de Illinois é muito engraçada e tem um rosto exótico, perfeito para o papel. Sua beleza estranha incomoda e tudo que sai de sua boca, constrangedor. É impossível não sentir pena, vergonha alheia, raiva, empatia e carinho pela personagem que é muito bem construída. Spade foi a escada perfeita para Lapkus.

O roteiro é engenhosamente escrito pelos roteiristas Chris Pappas e Kevin Barnett (Zerando a Vida). A dupla realmente conseguiu pegar tudo que há de horrível em viagens para reuniões corporativas, já estive em algumas e são um pé-no-saco, e elevaram à máxima potência. E o engraçado é que o filme tem  mérito de quase não ter clichês.


Dirigido por Tyler Spindel, que já tinha trabalhado como ator em filmes do produtor, Adam Sandler, como Zohan: O Agente Bom de Corte (2008) e Cada um tem a Gêmea que Merece (2011), assinou seu décimo trabalho em direção com caneta de ouro. O longa é muito bem realizado.

A Missy Errada só tem uma piada sem graça, e nem foi proposital. Em uma das cenas Missy faz uma referência à dupla de mágicos Siegfried e Roy. Cinco dias antes do filme entrar na grade da Netflix, Roy faleceu em decorrência da atual pandemia que vem assolando o mundo estes dias. Uma pena.

Assista A Missy Errada. Se não gostar, desculpe-me, talvez ( eu disse "talvez") você seja chato.



Marlo George assistiu, escreveu e riu demais