Uma crítica diferente, para um filme diferente


Habemos Snydercut! Habemos 10.000 Conteúdos!

Uma vitória dos fãs contra a industria ou apenas uma conveniência perante a maior pandemia das últimas décadas?

A resposta para esta pergunta talvez nós nunca saberemos, mas o filme Liga da Justiça de Zack Snyder acaba de cair no colo dos fãs e entusiastas. É uma realidade.

Outra realidade é o fato de que, com esta crítica, o Poltrona POP atinge a marca histórica de 10.000 matérias publicadas. São 10.000 pedacinhos de informações isentas, com fontes, com cuidado na tradução das notícias internacionais e que formam o que nós pretendemos ser: um site, nem melhor, nem maior, apenas honesto.

Assim, decidimos fazer da crítica sem spoilers de Liga da Justiça de Zack Snyder, cujo lançamento é histórico, nossa décima milésima publicação. Aqui apresentaremos alguns motivos do porque você precisa assistir o Snydercut.

Primeiro Motivo

Um presente! Na verdade, um PRESENTÃO! Sim, o Snydercut ou Liga da Justiça de Zack Snyder é um presente do cineasta não só aos aficionados pela DC Comics e seu universo único, mas também aos fãs de cinema. Para os fãs de quadrinhos o mimo é óbvio, pois trata-se de uma nova versão do tão aguardado filme da Liga da Justiça, desta vez com a visão intacta do diretor. Para os cinéfilos, uma chance, rara de assistir um primeiro corte de um longa metragem, antes das tesouradas que resultam no corte final, aquele que vai para o cinema.


Vale uma explicação. Quando um filme termina de ser rodado ele vai para a montagem. Neste estágio, as cenas, que geralmente são filmadas em ordem não-cronológica, pois dependem das disponibilidades de agenda do elenco e equipe técnica, são emendadas uma nas outras para formar o longa metragem. Esta primeira emenda se chama "primeiro corte", pois nesta etapa, corriqueiramente, algumas cenas já são descartadas. Quase sempre são cenas que não tiveram boa qualidade de registro, as tomadas duplicadas, aquelas que pertenciam à histórias paralelas que não serão mais contadas ou qualquer outra por decisão de direção. Depois deste primeiro corte, o diretor do longa, junto com o montador, podem aparar as arestas e cortar mais cenas, processo que pode se repetir várias vezes até que se chegue ao corte final, ou teathrical cut, que é aquele que vai para o cinema, mais enxuto e com duração média entre 90 e 180 minutos.

O Snydercut tem 240 minutos de duração e equivale ao primeiro corte acima referido, pois traz todas as cenas que foram gravadas pelo diretor para compor a história do filme. Além disso, para fazer tudo ter sentido, foram feitas refilmagens e novas tomadas que conectam os fios soltos de narrativa, tornando este "primeiro corte" um filme completo. Por isso, Liga da Justiça de Zack Snyder não pode ser chamado de "versão estendida", uma vez que é uma espécie de "primeiro corte" amarrado por cenas adicionais.

Para quem gosta de cinema é um deleite.


Segundo Motivo

Eu citei acima que o Snyder presenteou também os fãs da DC Comics. E para estes o presente é realmente especial. Liga da Justiça de Zack Snyder aprofunda ainda mais as personagens, cujo desenvolvimento é vital para entender os filmes anteriores e também os que possivelmente podem vir a serem produzidos. Nos conectamos ainda mais com os membros da Liga, tendo acesso a personagens mais completos e reais. Seus dilemas, aspirações e até motivos para embarcar naquela missão suicida que foi apresentada na versão de Joss Whedon, que foi para os cinemas em 2017, são mais consistentes. Aliás, tudo é mais consistente neste corte do filme.


O roteiro, que é basicamente o mesmo, porém turbinado, ficou mais fluído e a própria história que se pretendia contar ficou mais clara e menos jogada. Enquanto na primeira versão temos um filme genérico, desta vez temos um início de saga, com todas as peças preparadas para suas ações, baseadas em motivações bem desenvolvidas e cujo final, possivelmente será épico. Basta aguardar a Warner liberar a produções das sequências.

É um ótimo momento para ser um fã da DC. Se muitos acham os filmes do Snyder confusos, chatos ou menores que os da concorrência, agora vai ficar difícil continuar depredando o conteúdo Decenauta.


Terceiro Motivo

As atuações ganharam brilho inesperado em Liga da Justiça de Zack Snyder. A impressão que passa é que aquela sensação de desconforto que testemunhamos em 2017 simplesmente desapareceu. 

Isso fica ainda mais visível com o Ciborgue. Ray Fisher é um ator mega talentoso e corajoso. Com as cenas adicionais do arco particular de seu personagem, que foi muito mal aproveitado em 2017, a escala de importância de seu papel aumenta vertiginosamente. O Ciborgue se torna um dos heróis mais interessantes das adaptações cinematográficas de quadrinhos.


O Flash também ganha um brilho maior. De um jovem abobado, Barry Allen se torna alguém em desenvolvimento, cujo amadurecimento pode ser acompanhado pelo espectador. Ezra Miller manda muito bem no papel que desempenha na história. A ampliação de seu núcleo prepara terreno para o filme solo do personagem. Tomara que aproveitem isso.

Já o "núcleo duro" do filme, de personagens que já tiveram longa próprio (levando em conta de que Batman Vs. Superman: A Origem da Justiça é um filme do Batman, porque é) Superman, Batman, Mulher-Maravilha e Aquaman, foram os mais beneficiados com todas as cenas adicionais e refilmadas. Tudo em relação à eles ganha escala estratosférica, mostrando porque eles são os super-heróis mais poderosos de todos. São deuses modernos, não os antigos, desmerecidos pelo Lobo das Estepes, nem os novos que certamente virão, mas aqueles que a Terra precisa. Agora. É emocionante. Aplausos de pé para Ben Affleck, Gal Gadot, Henry Cavill e Jason Momoa.


Jared Leto
melhorou muito, mas não me convenceu tanto. Sua participação é incrível, mas acho que ainda há muito de Heath Ledger em meu sistema para aceitar outro Coringa. Pelo menos por enquanto. Não há como evitar.


Quarto Motivo

Toda a produção é impecável. A direção de fotografia e edição trazem o elemento snyderiano que o Liga da Justiça de 2017, arbitrariamente, jogou fora em favor de um filme mais ao "Estilo Marvel". Visualmente, Liga da Justiça de Zack Snyder se conecta com Homem de Aço, de 2013 e Batman Vs. Superman: A Origem da Justiça, de 2015, criando uma coesão entre as três obras.

Os efeitos visuais, tão criticados pela sua "cara" de videogame, não destoa de tudo que é apresentado pela Warner Bros, especialmente nos filmes da DC. Não é o melhor que poderia ser apresentado? Pode até ser, mas, visualmente, é consistente.

O roteiro é envolvente e as quatro horas de exibição passam voando, mais rápido que uma bala. É um pássaro? É um avião? Não, é um corte perfeito, do início ao fim.


Está aí. Esta é a minha crítica para este filme que é um marco histórico na história do cinema. Assim que terminar de assistir, leia a nossa crítica COM SPOILERS neste link, que foi escrita pelo meu kryptoniano favorito, Kal J. Moon, pois ele irá destrinchar as referências e detalhes do filme, com seu olhar apurado de decenauta das antigas.

Que venham as sequências.



Marlo George assistiu, escreveu e já gritou, diversas vezes, "Kal-El, não!"