Escrito e dirigido por Ben Falcone, estrelado por Melissa McCarthy, Octavia Spencer, Bobby Cannavale, Pom Klementieff e Jason Bateman, "Esquadrão Trovão" é a nova aposta na cobiçada fórmula dos super-filmes. Mas... funciona? Bem...



É grave, doutor?
Tammy - Fora de Controle, As Bem-Armadas, Caça-Fantasmas, Superinteligência. Crimes em Happytime, A Cabana, Ma, Dolittle, Convenção das Bruxas... Se tem duas mulheres de renome em Hollywood que precisam urgentemente rever os rumos de suas carreiras, elas atendem pelos nomes de Melissa McCarthy e Octavia Spencer. Há pelo menos uns cinco anos, essas duas talentosas atrizes tem feito escolhas de papeis em filmes constrangedores ou perto disso, oscilando com uma ou outra coisa que desperte a atenção de quem gosta do cinema de qualidade. E em "Esquadrão Trovão", a palavra "constrangedor" ganha um novo significado.

Na trama, duas amigas de infância de Chicago (EUA) se reencontram após muitos anos separadas por uma briga fútil e acabam formando uma dupla de super-heroínas quando uma delas cria uma fórmula que dá superpoderes a pessoas comuns. A ~"beleza" dessa sinopse é que resume praticamente a maioria dos filmes de super-heróis que tanto pululam o imaginário do público em geral. 

Mas, curiosamente, o filme começa bem, explicando que apenas pessoas de má índole adquiriram poderes nesse ~"universo" e, por conta disso, existem muitos vilões e nenhum super-herói. Nossas heroínas seriam as primeiras a desempenhar essa ingrata função, sem nenhuma experiência e, uma delas, ainda adquire esses poderes acidentalmente (um doce para quem adivinhar...).


Mesmo que a trama seja mais do mesmo, com trechos retirados das mais diversas histórias de SUPERação (ha!), com um pouquinho de polimento e bastante boa vontade, daria para girar o parafuso em outra direção, caprichar em diálogos debochados, criando uma boa paródia e ainda despejar umas boas críticas em relação a como duas mulheres reagiriam às situações normalmente vividas por homens nesse tipo de filme. Mas estamos falando de algo saído da mente nada brilhante de Ben Falcone (que além de roteirista e diretor, também atua e aparece no filme só para ser morto em seguida - até que a cena é engraçada quando se sabe quem é).

E não, não é pelo fato de Falcone ser casado com Mccarthy que o faz ser um diretor ruim (se bem que Paul W.S. Anderson taí para comprovar que isso pode ser, sim, um problema na hora de se escolher um projeto). Ele é um péssimo contador de histórias, um péssimo condutor de talentos e um péssimo gestor de... sei lá o que ele tenta gerir, de verdade.

E isso se reflete num filme morno, quase frio, onde talentos parecem bater cabeças no intuito de espremer o mínimo de dignidade que ainda lhe restam.


Pra não dizer que tudo é farofa artificial, os efeitos especiais não são ruins - só não são maravilhosos. Ainda que careça de uma boa explicação, a criação de mundo até convence, de acordo com a suspensão de descrença do espectador. Na pior das hipóteses, poderia ser um piloto de seriado... numa TV dos anos 1990, claro (e que seria cancelado após 12 episódios - ou menos).

É uma tortura para qualquer cinéfilo ou mesmo pessoas que só querem relaxar e assistir uma boa comédia de ação ver Melissa McCarthy e Octavia Spencer improvisando cantorias ou mesmo encenando piadas físicas a respeito de corpos obesos porque o roteiro é raso e recicla um texto do século passado em matéria de humor. Quem se esforça com afinco e até garante algumas poucas risadas é Bobby Cannavale, que se entrega à canastrice como se não houvesse amanhã - se tá no inferno, já sabe o que fazer...

"Esquadrão Trovão" é um acidente de percurso onde muitos morrem, outros saem feridos mas ninguém sai impune. O que não se faz para garantir a grana do aluguel, hein...?



Kal J. Moon é um super-ser babaca que julga pessoas que confundem "mas" com "mais" na hora de escrever...