Dirigido por Malcolm D. Lee, estrelado por LeBron James, Don Cheadle, Cedric Joe, além de Pernalonga e (quase) toda a turma da animação Looney Tunes, "Space Jam - Um Novo Legado" tem a ingrata missão de se igualar ou superar ao primeiro filme, um grande sucesso de bilheteria. Ainda mais numa época em que boa parte do público está trancado em casa.


Maldito algoritmo
Nunca fui fã de "Space Jam - O Jogo do Século". Provavelmente tenha funcionado muito bem com as crianças da época mas pra mim, que assisti alguns anos depois do alto hype, era só um filme correto no quesito animação mas com muitos coadjuvantes de luxo sem a menor importância para a história e um final bem óbvio. Porém, o grande sucesso de bilheteria e aceitação do público gerou boatos de uma continuação que demorou muito tempo para ver a luz do dia.

Michael Jordan (o astro de basquete do primeiro filme) não queria voltar ao time, provavelmente por conta das pesadas críticas em relação à sua atuação - além de não ter formação de ator, o coitado ainda teve de se esforçar para criar conexão com bolas de tênis ou pessoas vestidas de colant verde para serem substituídos pelos amados personagens que conhecemos. Quem poderia ser o novo astro de basquete a substituí-lo à altura? Mas a pergunta mais importante é: precisávamos de um novo filme? Bem, exatos 25 anos depois, temos a resposta... 


Na trama, quando o jogador de basquete LeBron James e seu filho Dom (Cedric Joe) estão tendo problemas de relacionamento por conta de terem objetivos diferentes - o garoto quer ser programador de games enquanto o pai quer que ele siga a carreira esportiva -, ambos são aprisionados num mundo digital por Al G. Ritmo (Don Cheadle - sério, esse é o nome!) - uma inteligência artificial trapaceira. LeBron precisa trazê-los de volta para casa em segurança levando o Pernalonga e os Looney Tunes a uma vitória contra os campeões digitais de Al G. Ritmo na quadra: um elenco de peso formado por astros e estrelas do basquete... e seu próprio filho. E se LeBron perder o jogo, ele e parte do mundo inteiro ficará preso naquele ambiente digital... para sempre.

É necessário salientar que qualquer um dos dois filmes são direcionados à crianças e, talvez, pré-adolescentes. Não dá para esperar muito em relação à arcos dramáticos, viradas de roteiro ou mesmo atuações dignas de prêmios (aliás, não precisa, né?). E parece ter sido exatamente esse o pensamento tanto do diretor Malcolm D. Lee quanto a equipe de SEIS roteiristas para usar somente o que cada participante envolvido tem de melhor, mas sem nada muito complicado.


Além disso, o filme parece um esforço real e nada discreto de fazer propaganda das franquias da Warner Bros e do patrocinador oficial de LeBron James (note com o que se parece o formato do buraco no chão quando LeBron cai no mundo Looney). No começo, as referências são bem interessantes que vão de "Mad Max - Estrada da Fúria" a "Casablanca", passando, claro, pelas animações estreladas pelos integrantes da Liga da Justiça. Mas depois que "abrem as porteiras" (só assistindo para entender) é um verdadeiro vale-tudo de citações visuais de animações e filmes, numa miscelânea "muito parecida" com o que ocorre no recente "Jogador Nº 1". É virtualmente impossível listar tudo e isso distrai um pouco o foco da narrativa principal.

Entretanto, o filme lembra outro problema: as atuais animações dos Looney Tunes tem tido bastante dificuldade de atingir um novo público. Houve pelo menos três versões recentes que não aumentaram exponencialmente os número de audiência e muito menos os lucros em cima de licenciamentos como brinquedos e outros produtos relacionados. E é realmente complicado ter uma marca tão valiosa quanto essa e não ter o lucro esperado.


Voltando ao roteiro, uma grande sacada foi trazer o melhor de três mundos (basquete, games e animação) para uma mesma seara e extrair o máximo de cada base. O game inventado pelo filho de LeBron deve agradar a quem curte esse tipo de jogo que se aproveita de movimentos de um esporte conhecido para extrapolar as leis da física (os efeitos especiais são muito bem trabalhados para intensificar os movimentos). Quem é fã dos Looney Tunes muito provavelmente vai entender cada referência a piadas de antigos episódios. E quem é muito fã de basquete, reconhecerá diversas participações especiais de alguns campeões do esporte.

(E LeBron deve ter exigido ter menos tempo de atuação física pois seu personagem aparece mais tempo sendo dublado em versão animada do que em live action, o que resolveu parte do problema enfrentado por Jordan no primeiro filme)


O vilão Al G. Ritmo é basicamente uma cópia do que foi mostrado no recente "A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas"? Sim. Parte da trama apela pro sentimentalismo próximo de sua resolução? Exato. O visual "realista" não chega nem perto da beleza de sua versão animada? Também. Mas lembre-se: "Space Jam - Um Novo Legado" tem o público infanto-juvenil como alvo (e que provavelmente nem vai reparar nesses detalhes). E por isso, mesmo sendo uma diversão rasa para adultos - que dará um ou dois risinhos quando entender algumas referências -, deve agradar em cheio a criançada e a quem só precisa de algo colorido e menos elaborado por quase duas horas de duração. Vendo por esse lado, o resultado no placar é bem favorável.



Kal J. Moon jogou basquete na escola por seis meses e conseguiu a incrível façanha de fazer ZERO cestas durante todo o período escolar...



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