Escrito e dirigido por M. Night Shyamalan, estrelado por Gael García Bernal, Vicky Krieps, Rufus Sewell e grande elenco, "Tempo" pode ser uma parábola sobre o medo de envelhecer... ou algo mais.
Tem filmes que nos fazem questionar a nós mesmos: "Esse filme é bom, é ruim ou esse diretor simplesmente não está nem aí para a 'hora do Brasil'?". Independente da resposta, a pergunta geralmente tem sido feita após assistirmos a qualquer filme recente escrito e dirigido por Shyamalan.
Livremente baseado em "Castelo de Areia" - história em quadrinhos suíça de Frederik Peeters e Pierre-Oscar Lévy, já publicada no Brasil -, o filme conta a terrível desventura de três famílias e um misterioso homem que descobrem, durante um feriado tropical, que a praia isolada onde eles estão relaxando por algumas horas está, de alguma forma misteriosa, fazendo-os envelhecer rapidamente... reduzindo suas vidas inteiras num único dia.
Esta é a segunda ou terceira adaptação comandada por Shyamalan. A premissa é boa e instigante. A realização, nem tanto. A princípio, não por culpa dele ou de seu elenco, ambos esforçados unicamente em dar alguma veracidade a esta estranha história que parece oriunda - como muitas na carreira do diretor - do seriado "Além da Imaginação".
(e nisso até a inspirada direção de fotografia comandada por Mike Gioulakis - de "Vidro", outro questionável filme do diretor - agrega valor à produção, que emula um registro mais documental, com bastante "câmera na mão" e closes nos rostos dos atores para captar toda a emoção como se o espectador estivesse vivendo a mesma situação dos personagens)
O problema é quando ~"acaba" o material a se adaptar e o diretor resolve "improvisar" explicações que sequer existem no material original. O real problema nem são as explicações em si mas, sim, na redundância em esmiuçar cada mínimo detalhe dessa explanação, como se o público não tivesse entendido quando dito da primeira vez no momento em que o mistério foi elucidado - basicamente como se a audiência não fosse suficientemente capaz de captar quão ~"genial" seria tal ideia. E quando isso acontece, no terço final de exibição, é só ladeira abaixo.
O que era apenas sugerido na trama original acaba escancarado de uma forma que chega a ser ofensivo, a ponto de fazer com que o espectador se pergunte: "Esse filme é bom, é ruim ou esse diretor simplesmente não está nem aí para a 'hora do Brasil'?". A resposta, mais uma vez, talvez não importe.
"Tempo" tem uma gama de atores e atrizes dando seu melhor como num salto de fé nas mãos de um diretor que parece não estar lá para segurá-los. Nenhuma das interpretações são dignas de prêmios mas, novamente, o elenco é esforçado - até o próprio Shyamalan, que tem uma participação mais do que especial dessa vez, com real importância à trama. Pena que o filme transforme uma história que beira temas filosóficos e eternos nos quadrinhos (como racismo, percepção da vida através de diferentes idades, descoberta sexual, o amor através do tempo etc) para uma narrativa estéril, genérica e pueril do que feito no atual cinema de suspense e terror. É Shyamalan "shyamalando" mais uma vez...
Você já conhece a regra: assista com expectativa baixa e sem nada muito importante para fazer - o famoso "dá pra ver". Talvez você goste. Mas não confie muito nisso.
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