Estrelado por Addison Rae, Tanner Buchanan, Madison Pettis, Peyton Meyer com participação especial de Rachael Leigh Cook e Matthew Lillard, "Ele é Demais" é um bom exemplo de como fazer uma releitura de um "clássico" da Sessão da Tarde...


Atualização realizada com sucesso
Quando se fala em "filme de Sessão da Tarde", quem tem mais de 30 anos de idade costuma pensar que se trata de algo bacana que assistiu "outro dia", na época em que as pessoas assistiam programas de forma aleatória no que costumávamos chamar de "TV aberta".  Mas, na verdade, muitas dessas obras já tem mais de vinte anos de existência.

Por isso mesmo, pensar num remake de "Ela é Demais" talvez fosse a coisa mais errada a se fazer nos dias de hoje. Reflita sobre a premissa: uma jovem adulta terminando o ensino médio vira alvo de uma aposta entre machos-alfa para que um deles a transforme de ~"baranga" à rainha do baile. Porém, ao conhecer melhor a jovem reclusa - depois de um "banho de loja" -, o apostador se apaixona por ela. Só essa premissa já tem tudo para ser reprovada pela sociedade atual, que dirá que a mulher não deve ser objetificada como um troféu a ser conquistado, direitos humanos etc.


Mas R. Lee Fleming Jr. - roteirista do filme original (e de alguns episódios de cultuados seriados como "Friends" e "One Tree Hill") - aceitou o desafio e resolveu se perguntar: e se invertermos o jogo? E se mostrarmos que as supérfluas jovens adultas de hoje em dia podem ser tão mesquinhas quanto eram os machos-alfa do filme de 1999? E se pudéssemos enxergar aquela premissa pelos olhos dessa nova geração hiper-conectada?

É aí que "Ele é Demais" entra, com uma premissa muito familiar: Padgett (Rae), uma influenciadora digital de relativo sucesso - mas que esconde que é pobre e está tentando conseguir dinheiro para pagar a vindoura faculdade - aceita o desafio de uma de suas "amigas" ricas de transformar um rapaz pouco popular em rei do baile. O escolhido é Cameron (Buchanan), jovem recluso que ama fotografia e cavalos mas não tem muitos amigos na escola por conta da forma como se porta (ele basicamente afronta todo e qualquer "mauricinho" quando se sente incomodado no ambiente onde estão).


Mesmo seguindo de perto o filme original, a surpresa aqui é fazer "igual mas diferente". Como a protagonista é uma influenciadora digital, muito do que vemos no filme passa pela tela de seu celular - e não de forma gratuita, pois a primeira reviravolta da trama usa desse tipo de narrativa para avançar a história, tornando-se parte intrínseca da motivação da personagem, além de também mostrá-la ganhando dinheiro de monetização de seus vídeos e presentes caros de marcas que a patrocinam (contando até com a participação especial de uma das Kardashian). Esta estratégia muito provavelmente ajudou em diversos momentos da produção pois, sendo um dos filmes rodados durante a pandemia, muito de suas gravações puderam ser feitas de forma remota utilizando desse artifício.

Esse tipo de filme não requer tanto talento de seu elenco, no fim das contas. Basta um bom diretor para guiar seus atores ao objetivo e temos nosso filme. Para esse projeto, foi chamado Mark Waters, acostumado a trabalhar com elencos jovens em filmes como o remake de "Sexta-Feira Muito Louca" e o (esse sim) clássico "Meninas Malvadas". Em "Ele é Demais", ele deixa o elenco bem à vontade, com espaço para o humor quase involuntário - ensaiado para parecer "despojado" - mesmo em cenas que podem não fazer muito sentido como uma festa temática dos anos 1920 em que jovens dançam o "charleston" como se não houvesse amanhã (?) ou adolescentes de biquíni lavam dúzias de carros esporte em frente à escola (!) sem nem mesmo uma explicação para tal. Mas todas as cenas de interação de todo o elenco passam veracidade de forma correta. Nada que levará prêmios mas também não manchará a carreira de ninguém...

Curioso foi escalarem Addison Rae para protagonizar o filme. Ela é uma "tiktoker" profissional - e tem uma linha de cosméticos só dela - mas se sai bem como atriz, com bastante presença e não demonstra nenhum embaraço em cena. Tanner Buchanan está correto como par romântico e é bem estranho quando o máximo que fazem por seu personagem para que fique "bonito" é... cortarem seu cabelo longo. Madison Pettis interpreta bem a amiga / vilã com muitas caras e bocas, além da técnica do "pescoço bamboleante" para impor opinião. E Peyton Meyer parece mais uma caricatura de Taylor Lautner no início de carreira pois ele tira a camisa para mostrar o peitoral malhado em quase todas as cenas em que aparece (isso vira uma ótima piada no final)...


O filme tem um microcosmo estudantil bem factível, digno do melhor seriado adolescente que a audiência pode imaginar. Tem diversidade nas personagens apresentadas, vários gêneros sendo abrangidos - faltou bem pouco para ser um filme feito pelo algoritmo, na verdade. Existe também, claro, algumas referências ao filme original, como tocar uma nova versão da canção "Kiss Me" no momento-chave do filme (e alguém dizer que conhece de algum lugar) ou fazer a atriz Rachael Leigh Cook interpretar a mãe da protagonista - uma vez que ela foi a protagonista do filme original (pena que ela está complemente apática no papel e nem tem uma fala importante). Já Matthew Lillard - o eterno Salsicha dos filmes do Scooby Doo (e que também estava no filme original como um baderneiro) - interpreta um diretor de colégio que fala umas coisas meio nada a ver, como um autêntico "tiozão" - mas que surpreende no final.

A trama encerra com uma óbvia lição de moral sobre ser você mesmo e não viver de aparências mas de uma forma positiva e leve. "Ele é Demais" pode ser assistido sem nem sequer ter visto o filme original - o que, por si só, é ótimo para a geração atual. Já quem é fã do filme "clássico", talvez ache o remake um tanto superficial. Mas a verdade é que ambos os filmes são apenas bons passatempos quando não se tem nada melhor pra fazer. Mas não decepcionam.




Kal J. Moon não gosta de ouvir lixo musical. Mas não tem culpa que isso tenha se tonado popular...

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