Estrelado por Andy Garcia, Gloria Estefan, Adria Arjona, Diego Boneta e grande elenco, o remake de 2022 de "O Pai da Noiva" segue os passos do filme... não, do livro... não, péra... Este novo filme tem um pouco de tudo para quem curte essa história. Só não é engraçado - e talvez isso seja algo positivo...


Ay, ay, ay...
Muitas pessoas quando ouvem o título "O Pai da Noiva", lembram imediatamente daquele filme de 1991 que passava nas tardes da TV aberta estrelado por Steve Martin e que teve uma continuação em 1995. Mas é só fazer uma pesquisa e vemos que o filme original não é aquele que todo mundo já assistiu ao menos um pedacinho (e riu das caretas que Martin fazia quando Short dizia que algo iria custar bem mais caro que o planejado) mas sim "Minha Filha Vai Casar" (ou "O Papai da Noiva") o que foi lançado em 1950, estrelado por Spencer Tracy, Joan Bennett e uma jovem Elisabeth Taylor. O filme com Martin seguia bem de perto o enredo do filme com Tracy mas ainda temos de lembrar que ambos são baseados no livro (pois é) escrito por Edward Streeter. Bem, como vemos, essa é uma história com muitas versões e a de 2022 é somente mais uma delas, talvez mais afinada com os tempos atuais do que as versões anteriores mas não necessariamente melhor ou pior, somente diferente.

Na trama, os patriarcas cubanos Billy Herrera (Garcia) e Ingrid Herrera (Estefan) estão passando por uma crise matrimonial e decidem se divorciar. Porém, Sofia (Arjona), a filha mais velha do ex-casal, anuncia que vai se casar e, por conta disso, eles resolvem se separar depois do casamento. Mesmo com Sofia e Adan (Boneta) querendo um casamento mais reservado e íntimo, Billy resolve bancar a cerimônia e a festança ao melhor estilo cubano, batendo de frente tanto com os interesses da filha quanto de Hernan (Pedro Damián), o pai do noivo, que é multimilionário e também quer bancar parte das despesas do casório, mas, com isso, controlar parte do que vai ocorrer e ser servido na cerimônia, ao melhor estilo mexicano. Mas algo inesperado acontece e exigirá da união de ambas as partes dessa nova família para que o casamento aconteça... de um jeito ou de outro.

Resumindo: você já viu esse filme. Mas você já viu a versão DRAMÁTICA dessa história? Com certeza, não - mesmo que as versões anteriores brincassem bastante com a melancolia do pai ao ver sua filha mais velha deixar o lar para formar família com um rapaz que ela mal conhece. E esse drama - misturado com todo o exagero e nervosismo natural das famílias latino-americanas -, talvez, seja a novidade que o roteiro escrito por Matt Lopez (que escreveu o agridoce infantil "Um Faz de Conta que Acontece" e é o criador do seriado "Promised Land") tenha de mostrar que não há decisões fáceis a serem tomadas por aquelas pessoas mas que algo precisa ser feito "pelo bem maior".


Não, não há nenhuma genialidade neste roteiro nem deve concorrer a prêmios nem nada mas até mesmo o maior plot twist da história é algo mais próximo da realidade do que se via nos filmes anteriores. Algo BEM imprevisível, na verdade. E mesmo que algum espectador possa especular que uma solução "fácil" daria para ser tomada, o próprio roteiro mostra que o buraco é BEM mais embaixo. Mas a forma leve como essa história é conduzida, com uma direção de fotografia "clássica" comandada por Igor Jadue-Lillo (de "Passageiros"), deixando a Miami mostrada na telinha ainda mais bonita e atrativa, com todas as suas misturas de cores, tons e nuances.

Ainda sobre o roteiro, é importante frisar que existem algumas desconstruções próprias dos remakes mais atuais para que haja não somente mais inclusão como também outras vozes além da do pai, da mãe ou dos sogros - o que tornou essa história um pouco mais... plural. Nesta versão, a mulher pediu o homem em casamento, a noiva tem uma irmã bem mais nova (que se sente preterida por conta da mais velha ser a "preferida do papai") e acaba recebendo um incentivo para apoiar a irmã ao ser incumbida de confeccionar o vestido não apenas da noiva como das damas de honra... Algumas bandeiras são levantadas, sim, mas nada que ofusque ou atrapalhe o ritmo e o rumo do roteiro. São novos tempos: ame ou odeie, faz parte.

A direção geral de Gary Alazraki (egresso dos curtas e da TV mas que já dirigiu "Los Nobles: Quando os Ricos Quebram a Cara" em 2013) é correta, favorece o elenco a mostrar o que sabe mas sem nenhum destaque - porém tudo é direcionado com leveza, como quem diz que tudo vai dar certo no final (se ainda não deu, é porque ainda não chegou no final, certo?) - mas para dar certo, todas as partes terão que ceder um pouco. Mas ainda sobre o elenco, nem mesmo o veterano Andy Garcia se destaca, que aqui faz um personagem mais próximo do filme de 1950, uma vez que, se agora dinheiro não é mais o problema central da trama, sua atenção está em tentar, timidamente, reconquistar a esposa e, ao mesmo tempo, conseguir o melhor para o casamento de sua querida filha. A história é mais importante que os personagens nesse sentido.


(Talvez alguém se pergunte porque existe um remake latino de "O Pai da Noiva" quando se poderia trazer Steve Martin e todo o elenco daquele filme para um terceiro volume. Bem, até se acreditou que haveria um terceiro filme da franquia quando surgiram boatos de que a trama seria sobre o casamento do filho mais novo, que se declararia homossexual - sendo a nova "noiva" do título - e a história mostraria como um pai conservador lidaria em ter de bancar esse casamento. Ao que parece, mesmo não sendo uma ideia necessariamente ruim, talvez ofendesse parte da audiência. Em 2021, houve uma reunião do elenco mostrando como estão hoje mas não era mesmo um projeto para um terceiro filme...)

As canções escolhidas para compor a trilha sonora espelham toda a latinidade abordada na tela com músicas que vão de um extremo a outro, colocando, lado a lado, modernidade (duas canções de Ozuna) e ancestralidade (como o belo jazz orquestrado "The Jam" de Terence Blachard, a belíssima versão de "Get Lucky" - clássico pós-moderno do duo Daft Punk, agora com molho caliente de Mr. B. Combo - ou ainda a delicada "Quiérreme Mucho", de Arturo Sandoval).

O remake de 2022 de "O Pai da Noiva" não é melhor ou pior que os filmes anteriores. É só diferente, mesmo com algumas semelhanças. Porque você sabe: pai e mãe é tudo igual, só muda o endereço...




Kal J. Moon mal pode aguardar pelo remake brasileiro de "O Pai da Noiva", estrelado por Leandro Hassum. Não, não é brincadeira. Façam acontecer...

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