Baseada nos quadrinhos da Dynamite Comics, de Garth Ennis e Darick Robertson, The Boys conclui sua terceira temporada com muito sangue e respostas para questionamentos políticos atuais


As entranhas da Vought, empresa fictícia da série The Boys que é a responsável por todo o marketing, merchandising e promoção da paz mundial através de mentiras sinceras e nada bem intencionadas, são expostas de vez nesta terceira temporada da atração da Amazon Prime Video. 

Tamanha exposição é bastante interessante, uma vez que, toda a podridão que habita o interior da empresa, cuja fachada é bela, heroica e temível, é bastante semelhante àquela que temos no mundo real,. Especialmente, por dentro dos partidos políticos, e protegidas pelo pé direito dos prédios de administração pública, geralmente construções altas para, intencionalmente, nos diminuir. O cheiro ruim da corrupção, violência, sangue e sexo [forçado] está por todos os lados. Seja em uma superpotência como os EUA. Seja em um país pobre, obsoleto e terceiro mundista como o Brasil, por exemplo.

De forma alegórica, os roteiristas trataram de nos mostrar, através de uma historinha da carochinha lúdica sobre super-heróis e vilões, a forma como grande parte do eleitorado é levada a acreditar em mentiras que o torna amantes de políticos ou pretendentes a cargos públicos. Não se deixe enganar: Seja de direita ou de esquerda, The Boys é mais sobre VOCÊ, do que sobre as personagens que estão se movendo na telinha.

E a série se posiciona de forma bastante clara. Na guerra entre progressistas e conservadores, ela escolheu o seu "lado certo" da história, e se mostra bastante favorável ao pensamento político democrata. Chega a ser quase bernista. Porém, apesar de toda a panfletagem progressista, não são os republicanos o alvo principal: São os extremistas de direita, a tal alternative-right, ou alt-right americana, já que o movimento de extrema direita QAnon, que não pode ser confundido com partidos republicanos tradicionais ou liberais clássicos (por ser um grupo que difunde fake news, teorias da conspiração e adoração messiânica ao ex-presidente Donald Trump) é tema da maior parte das caricaturas que são mostradas em The Boys.

Apesar do alvo dos produtores da atração, não importa se você é de esquerda, direita ou "nem-nem", o que importa é que o modus operandi como estes dois grupos agem para criar "gado" e massa de manobra está lá, sendo mostrado na série com uma nudez que para sempre será perdoada. 

Afinal, perdoaremos, para sempre, ações que sejam tomadas para tentar desgarrar ovelhas do rebanho da idiotia política e do aprisionamento propagandeado pelos políticos de estimação. Os nossos políticos são como os heróis da série. Em sua maioria são os verdadeiros vilões.


Outro aspecto da produção que me chamou a atenção foi a forma como ela propõe que até mesmo a mais absurda das propostas pode não ser tão chocante assim. Sei que muita gente achou que o evento "Super Suruba" seria o grande ápice da série. E lógico, deveria de ter sido. Ocorre que, nós já estamos em um momento no mundo em que nada mais choca. Todo o alarde feito, até mesmo pela Prime Video ao fazer uma tela de aviso antes da exibição do episódio sacaninha, só nos mostrou que sexo depravado é menos impactante que um homem preto destroçando um racista mestiço. As redes sociais, informação demais e nada na cabeça, tem tornado o ser-humano cínico. É triste notar que não temos mais a inocência de ontem.

A trama da terceira temporada de The Boys mostra o grupo antifascista (liderado por um fascista) do título, enfrentando novamente a Vought e o Capitão Pátria (a tradução de Homelander, nome original do "herói", no Brasil é simplesmente excelente) em uma batalha na qual eles tem tudo para perder. Até que, inesperadamente, eles topam com uma possível solução para liquidar com o "Superman da Vought". Eles só não sabiam o quão peculiar era essa "arma".

Os valores de produção são incríveis e é possível acreditar que aquela realidade alternativa, de fato, existe. A direção de arte é de David Best e William ChengCheryl Dorsey é responsável pela decoração de cenário e fez um belíssimo trabalho, mostrando muitos elementos de cena que ajudam na tarefa de construir a atmosfera autoritária da Vought e dos grupos que apoiam o regime que está sendo imposto por Capitão Pátria e sua ideologia nazifascista, inspirada por Tempesta.

O figurino é de Laura Jean Shannon e Michael Ground. Não traz muitas novidades, mas continua belíssimo e criativo. O competente desenho de produção é de Arvinder Greywal, que tinha trabalhado na série em 2020 e retorna nesta terceira temporada.

A temporada, assim como toda a série, desde seu lançamento em 2019, é muito bem filmada e a cinematografia apurada. As lutas, especialmente, são muito bem registradas, trazendo emoção e nos levando a acompanhá-las como se lá estivéssemos, testemunhando tudo aquilo. A direção de fotografia é de Dan Stoloff e Miroslaw Baszak. Destaco também a edição de David Kaldo, William W. Rubenstein e Tom Wilson.

Os episódios desta temporada foram dirigidos por Philip Sgriccia, Sarah Boyd, Nelson Cragg e Julian Holmes. A realização é magnífica e não tenho como definir o trabalho em palavras. Aplausos para todos. Maravilhoso.


O elenco da série é gigantesco e todos mandaram muito bem. Mas preciso destacar os novos integrantes da trupe, Jensen Ackles e Laurie Holden. Dele eu não tinha referências, pois não assisto Supernatural, mas adorei seu trabalho como Soldier Boy. Já Holden, a minha querida Andrea de The Walking Dead, deu um show. Literalmente.

The Boys continua uma série acima da média, terá um lugar especial na cultura POP e é, cada vez mais, muito relevante.



Marlo George assistiu, escreveu e vota nulo.

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