Dirigido por Kat Coiro e Anu Valia - com Jessica Gao como roteirista principal -, estrelado por Tatiana Maslany (com participações especiais de Jameela Jamil, Ginger Gonzaga, Mark Ruffalo, Benedict Wong, Tim Roth, Charlie Cox e grande elenco), o seriado “Mulher Hulk - Defensora de Heróis” divide opiniões mas uma coisa é certa: quando a Casa das Ideias ri de si própria, não é algo tão ruim assim... Ou será que é?
Quando foram divulgados os primeiros trailers de “Mulher Hulk - Defensora de Heróis”, as principais reclamações eram sobre o tom explícito do humor num seriado Marvel (depois de quase 15 anos de produções com essa característica, ainda tem gente que perde tempo em reclamar disso) e a respeito dos (d)efeitos especiais apresentados. Depois de ter sua data de estreia postergada - provavelmente para consertar esse último problema -, veio a estreia com um episódio que se mostrou bem promissor a respeito do que o espectador poderia aguardar dali para frente. Ainda que insiders de Hollywood apontassem que o seriado da advogada "malvadinha, verdinha e de calça apertadinha" (hahaha!!!) era um experimento e que nem os produtores da Marvel Studios sabiam exatamente o que esperar da produção. E se isso era verdade, porque o público deveria?
Na trama, vemos as agruras da jocosa Jennifer Walters (Maslany), uma advogada solteira que acaba se transformando numa superpoderosa versão feminina do Hulk de 2 metros de altura após um acidente de carro envolvendo seu primo Bruce Banner (Ruffalo) - o Hulk original.
E, a partir daí, é uma inevitável montanha-russa de altos e baixos, que se percorre com um único objetivo: aprofundar-se numa personagem e seu universo bem incomum de experiências com super-poderes, preconceito, desventuras amorosas e, claro, machismo. Machismo esse que acabou reverberando dentre parte da audiência que defende com unhas e dentes "coisas" como "Deadpool 2" por exemplo.
Aliás, depois de ferrenhas discussões por semanas com este escriba, Marlo George diz que "(...) a Marvel simplesmente decidiu rir de si própria e isso foi bem interessante. Especialmente ao citar erros de filmes anteriores (Thor 1), algoritmos que interferem em enredos, parodiar o MODOK usando as costumeiras abreviações da Marvel (IMA, SHIELD, etc...). (...) Além disso, antes da quebra de quarta parede, temos o roteiro brincando com questões atuais, como os fóruns de 'fãs' misóginos, meritocracia (sério, ri muito) e formação de quadrilha e milícia digital travestida de fã-clube. 'She-Hulk' ri da Marvel escancarando - com uma bocarra arreganhada - problemas atuais e sérios demais. Escárnio e deboche são mais efetivos contra essas pessoas tóxicas".
"E uma série cômica é o terreno ideal para empalar a ignorância propagada por essa gente. Anarquia define. Pra mim, pela ousadia, merece quatro poltronas. (...) Além disso, tivemos ainda a homenagem à série dos anos 1970. Logicamente é uma citação direta, mas a vibe de outras séries da época, como 'Mulher Biônica' e 'O Homem de 6 Milhões de Dólares' estavam lá também. Pelos menos, despertou essa nostalgia em mim. (...) Eu ri mais nesta série do que em todo o MCU", finaliza Marlo George.
Independente de se concordar ou não com o que Marlo George declarou acima, há de se reconhecer que a Marvel Studios dar uma série protagonizada por uma personagem feminina para ser dirigida por duas mulheres e ter quatro mulheres contra dois homens na parte do roteiro - e, ainda assim, uma mulher supervisionar o que seria entregue no quesito "história" - é um passo bem importante em matéria de se atualizar nesses novos e sombrios tempos. E em vez de seguir a manjada - mas segura - cartilha Marvel de apresentação de personagens, houve pelo menos a tentativa de fazer algo diferente. E vocês sabem que ser diferente hoje em dia motiva ódio em uma parcela bem específica da população, né?
Aliás, vamos combinar que não podemos menosprezar uma série que traz de volta não somente o vigilante / advogado Demolidor / Matt Murdock (Charlie Cox) como também o Abominável / Emil Blonsky (Tim Roth), Bruce Banner / Hulk (Mark Ruffalo) e ainda se dá ao luxo de ter a presença do Feiticeiro Supremo Wong (Benedict Wong) - agora conhecido como "Wonguinho" -, além de apresentar personagens classe Z dos quadrinhos Marvel desconhecidos pelo grande público como Titania (Jameela Jamil), Runa, Homem-Sapo, Homem-Touro, Sr. Imortal, Donny Blaze, dentre outros... Para, literalmente, zombar de TODOS eles ao mesmo tempo.
Não, o CGI não melhorou muito desde aqueles primeiros trailers (tem umas cenas bem medonhas nesse sentido e viram até uma ótima piada no último episódio), a fotografia é apenas eficiente e algumas cenas de ação - quando tem - funcionam apropriadamente. Mas tem um detalhe que ninguém que leu os quadrinhos (principalmente da fase Byrne) pode negar: Tatiana Maslany carrega essa série nas costas, imprimindo o tom necessário de comédia e até alguns poucos momentos de drama pessoal que a personagem necessita.
E pra falar a verdade, não adianta desgostar da série, do seu tom de humor pois a produção está rindo de quem a deturpa mas tem que assistir para falar mal junto com os amiguinhos para não ficar de fora da conversa do dia, não é mesmo? Dê uma chance, rebole esse traseiro com a canção repetitiva de uma rapper famosa (ou aprecie de verdade o delicioso tema de encerramento composto por Amie Doherty - que conversa com temas musicais de seriados setentistas com obras mais modernas, remetendo inclusive ao tema de "Os Vingadores") e não espere muito que você pode até... como é mesmo que se fala... sorrir. Faz bem e você deveria experimentar.
Kal J. Moon ainda acha engraçado conhecer, há mais de vinte anos, um advogado que curte quadrinhos chamado Marlo - que também é nome de personagem do gibi do Hulk dos anos 1980... (shhhh)
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