Sou fã da série The Walking Dead (TWD), lançada em 2010 e que é baseada nos quadrinhos de Robert Kirkman, mas confesso que nunca fui receptivo à ideia de programas derivados da obra, que foi terminada em 2022, após 11 temporadas.

Jamais me pareceu uma boa ideia e, como eu esperava, nenhuma delas me agradou. Fear The Walking Dead, The Walking Dead: World Beyond, Tales of the Walking Dead e The Walking Dead: Dead City eram tão ruins que desisti de assisti-las.


Lançada em 2015, Fear tem um início chato e nem mesmo a chegada de uma personagem importante da série original a salvou. Parei na quarta temporada.

World Beyond é uma tragédia que estreou na AMC em 2020, e que, apesar de prometer expandir o universo de The Walking Dead, durou apenas duas temporadas. Leia minha crítica da primeira temporada neste link. Não quis encarar a segunda temporada. 

Tales, antologia da franquia lançada em 2022, começa bem, com um primeiro episódio interessante e que nos remete aos filmes de terror giallo dos anos 70 e 80. O segundo episódio é bem "fora da curva" trazendo uma vibe "Dia da Marmota", porém os demais são péssimos. Não assisti o último. E nem acho que irei assistir um dia.

Dead City, que também não terminei de assistir, é a tão esperada série do Negan e da Maggie. A produção não aproveitou o hype em torno das personagens, tendo em vista que o roteiro é genérico e boboca.

A essa altura do campeonato, eu já não esperava nada da franquia The Walking Dead. Portanto, foi com descrença que comecei a assistir The Walking Dead: Daryl Dixon, a também esperada série solo de uma das personagens mais amadas da marca, e acabei me surpreendendo.


The Walking Dead: Daryl Dixon faz tudo aquilo que as demais tentaram e falharam miseravelmente: Expandiu o universo da franquia, abrindo caminho para que respostas que os fãs esperam há uma década sejam, finalmente, respondidas.

Diferente do que aconteceu com as demais, não tinha como abandonar The Walking Dead: Daryl Dixon. Pelo contrário, eu ficava esperando o próximo episódio com expectativa e cheguei a ficar triste quando tudo terminou.

Nesta aventura solo, Daryl (Norman Reedus) foi parar na França, em pleno apocalipse zumbi. Lá, o besteiro encontra novas comunidades de sobreviventes, assim como também toma conhecimento de uma milícia armada que as explora. Neste ponto, a série não se diferencia das demais, uma vez que esta é a situação que se apresenta em qualquer outra produção da franquia, nas quais os vivos tentam sobreviver à ameaças dos mortos e também aos grupos opressores. 

Ocorre que, em The Walking Dead: Daryl Dixon vimos pela primeira vez "espécies variantes" de zumbis, algumas delas bastante interessantes, e que expandem o universo de TWD, oferecendo, inclusive, material que pode vir a ser trabalhado em futuras temporadas desta própria série solo do Daryl, assim como em outras da franquia. Acredito que, a intenção desta nova série seja aproximar a história dos "caminhantes mortos" de sua conclusão, uma vez que, resolvida a pandemia zumbi, a série, naturalmente, termina também.

E, conforme vimos nos seis episódios do programa, fica evidente que existe uma possibilidade real de cura para a pandemia.

O roteiro explora esta possibilidade de modo deveras inteligente, pois apresenta dois caminhos possíveis para a descoberta da cura. Dois caminhos conflitantes: a ciência e a metafísica. E a história é contada sem muitas explicações, deixando para o espectador o trabalho de concluir isso.

Ao final, temos um script enxuto, sem maiores enrolações e que enriquece o mundo no qual a história se passa. Nos últimos episódios temos a explicação para a, inicialmente mirabolante, aparição da protagonista na Europa. Acredite, fez mais sentido do que eu esperava. Eu preferia que The Walking Dead: Daryl Dixon fosse uma minissérie limitada, que não abrisse a possibilidade de futuras temporadas, mas ela termina em aberto, deixando muitas pontas soltas. Mas isso não é um pecado, é uma fórmula do mercado. Money talks!


Talvez o único pecado de The Walking Dead: Daryl Dixon seja não ter desenvolvido mais a personagem título. Daryl é introspectivo, desconfiado e arredio. Isso funciona na série original, na qual ele não é o foco principal, mas em sua própria série, isso atrapalha, já que ele não evolui nada, continuando o mesmo "casca-grossa" caladão de sempre. Mantendo tais modos, a personagem nos apresenta mais do mesmo e isso não é tão interessante. Gostaria de vê-lo mais emotivo, mais aberto e, quiçá, finalmente disposto a se envolver em um relacionamento amoroso.

A personagem da atriz Clémence Poésy, Isabelle Carrière, poderia ter a função de quebrar essa casca, fazendo-o se abrir mais. Mas não é o que ocorre em tela, porque, mais uma vez, Daryl é ingênuo demais para perceber certos sinais.

Reedus e Poésy demonstraram muita química em cena. O restante do elenco é bem entrosado, mas as personagens são ofuscadas pela dupla, uma vez que tudo gira em torno de Daryl e Isabelle.

A trilha sonora é de David Sardy (Homem-Aranha 3, Zumbilândia) e, exceto a música de abertura, traz composições que não chamam atenção. São músicas genéricas e sem graça.

Os episódios foram dirigidos por Daniel Percival (O Homem do Castelo Alto) e Tim Southam (One Piece). O trabalho é burocrático, engessado. Aliás, nos aspectos técnicos, The Walking Dead: Daryl Dixon é bem parecida com as demais séries da franquia. O produto é satisfatório e feito na medida para agradar aos fãs, mas parece ter saído de uma "forma de bolo". Satisfaz, mas não tem nada de diferente. Não tem aquele "toque de mestre". Falta uma identidade própria.

The Walking Dead: Daryl Dixon surpreende pelas possibilidades apresentadas e por toda a expansão de universo que é feita em tão poucos episódios.  Já estou ansioso pela próxima temporada que vem em 2024.



Marlo George assistiu, escreveu e tomou a pílula da perfeição

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