Ao tomar conhecimento da produção de "Demon City", a nova investida da Netflix, confesso que a primeira impressão foi de um sobressalto. O recente histórico de adaptações live-action de animes clássicos, como "One Piece" e "Yu Yu Hakusho", me levou a crer que se tratava de uma releitura de "Demon City Shinjuku", a icônica animação de 1988 dirigida por Yoshiaki Kawajiri e baseada na obra de Hideyuki Kikuchi. No entanto, o "Demon City" da Netflix revela-se uma adaptação do mangá homônimo de Masamichi Kawabe, apresentando uma narrativa distinta da animação oitentista.
Em "Demon City", acompanhamos a trajetória de Shûhei Sakata (Tôma Ikuta), um ex-assassino injustamente acusado do assassinato de sua própria família e dado como morto. Imbuído por um desejo de vingança, Sakata busca desmascarar e eliminar os "demônios" mascarados que controlam a cidade e destruíram sua vida. O roteiro, assinado pelo diretor Seiji Tanaka, opta por uma abordagem direta e concisa, sem grandes digressões, o que confere à obra um caráter superficial e pouco reflexivo.
Entretanto, a aparente falta de profundidade narrativa é compensada por um espetáculo de violência visceral, característica marcante do cinema japonês, que evoca produções como a série cinematográfica "Street Fighter", estrelada por Sonny Chiba. É importante ressaltar que a obra não se confunde com as adaptações equivocadas dos videogames da Capcom. A influência de Chiba, que também marcou presença em "Kill Bill" de Quentin Tarantino, é notável, estabelecendo um paralelo entre "Demon City" e a obra do diretor americano, que revolucionou o cinema nos anos 90.
A conexão com Tarantino se estende à trilha sonora, que conta com a participação do renomado compositor Tomoyasu Hotei, autor da icônica música "Battle Without Honor or Humanity", presente em "Kill Bill: Volume 1". A presença de Hotei confere um tempero especial à produção da Netflix.
O elenco entrega atuações competentes, e o público familiarizado com as nuances da interpretação oriental certamente apreciará o trabalho dos atores. A previsibilidade da trama impede que "Demon City" seja levado a sério como uma obra de maior profundidade, mas o filme cumpre seu papel como entretenimento despretensioso, celebrando a estética da violência e a liberdade criativa do cinema oriental. Além do protagonista, interpretado por Ikuta, o filme traz Masahiro Higashide, Miou Tanaka, Ami Touma, Taro Suruga, Mai Kiryu, Naoto Takenaka, Takuma Otoo, Masanobu Takashima, e Matsuya Onoe.
Por fim, "Demon City" se destaca por sua ousadia e irreverência, características que o distanciam das produções ocidentais contemporâneas, muitas vezes reféns de agendas políticas e correções excessivas. A obra celebra a liberdade de expressão e a criatividade sem amarras, reafirmando a vitalidade dos telefilmes japoneses.
Marlo George assistiu, escreveu e, apesar de pintar o cabelo e maquiar a mulher, nunca pintou uma unha dela... até agora
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