Subscribe Us

CRÍTICA [CINEMA] | "Código Alarum", por Marlo George

A premissa de "Código Alarum" até poderia despertar algum interesse: dois espiões renegados buscam uma vida pacata após anos de adrenalina, mas seu refúgio isolado é invadido por diversas agências de inteligência obcecadas por um pendrive roubado. A escalação de Scott Eastwood, Sylvester Stallone e a participação da brasileira Isis Valverde inevitavelmente criam expectativas. Contudo, o que se desenrola na tela é um festival de clichês e uma gritante falta de originalidade, transformando o filme em um fiasco cinematográfico.


Apesar das presenças ilustres, as atuações, infelizmente, não salvam a precariedade do material. Scott Eastwood, como Joe Travers, entrega uma performance burocrática, carente do carisma e da intensidade necessários para um protagonista em fuga, além de aparentar despreparo físico para as cenas de ação. Sylvester Stallone, creditado como Chester, surge em tela com sua habitual carranca e físico robusto, mas suapresença se resume a um chamariz de bilheteria, sem qualquer profundidade. 

Willa Fitzgerald, interpretando Lara Travers, esforça-se para conferir alguma emoção à sua personagem, protagonizando as "menos piores" cenas de ação, mas a superficialidade de sua história impede qualquer conexão genuína com o público. Mike Colter, como o genérico antagonista Orlin, não apresenta motivações claras ou nuances que o tornem minimamente interessante, e sua ameaça nunca se concretiza de forma convincente.

Já Isis Valverde, como Bridgette Rousseau, tem uma participação ainda mais frustrante, resumindo-se a poucas aparições em tela. Sua personagem é mal desenvolvida e sem influência real no enredo. A participação esparsa da atriz a impediu de mostrar um pouco mais de seu trabalho, sendo sua presença talvez mais notável em materiais promocionais direcionados ao público brasileiro, como o pôster nacional, por exemplo. Uma pena, uma vez que o filme que marca a estreia internacional de Valverde no cinema.


A mediocridade de "Código Alarum" se estende aos aspectos técnicos. A trilha sonora de Yagmur Kaplan é ruim e evoca a canção "Control" de Tracy Lords (da trilha de Mortal Kombat), sendo um dos pontos mais fracos do filme. A direção de fotografia de Jayson Crothers não inspira, assemelhando-se a produções televisivas de baixo orçamento. A edição genérica de Paul Buhl não imprime ritmo à narrativa. O design de produção de Travis Zariwny, a cenografia de Daniel Adan Baker e o figurino de Zachary Sheets seguem a mesma linha de mediocridade, com ambientes e vestimentas sem personalidade. Em suma, "Código Alarum" é um produto tecnicamente desleixado, reforçando a impressão de um investimento cinematográfico malfadado.

É lamentável que uma produção tão desinspirada tenha se beneficiado de um crédito tributário generoso do Ohio Motion Picture Tax Credit. Embora o objetivo do OMPTC seja fomentar a indústria cinematográfica em Ohio, o investimento em "Código Alarum" soa como um desperdício de recursos públicos. Em vez de um thriller eletrizante, o que se entrega é um filme genérico, previsível e com uma participação brasileira insignificante. Passe muito, muito longe.



Marlo George assistiu, escreveu e deseja que nossa brasileira tenha mais papeis e destaque no cinema internacional

Em todo o site, deixamos sugestões de compra geek. Deste modo, poderemos continuar informando sobre o Universo Nerd com fontes confiáveis e mantendo nosso poder nerd maior que 8.000. Afinal, como você, nós do portal Poltrona POP já éramos nerds antes disso ser legal!