A Califórnia dos anos 70 é um terreno que já foi bem explorado pelo diretor Paul Thomas Anderson. Com Boogie Nights: Prazer Sem Limites, de 1997, ele começou a ser levado à sério como diretor e, de quebra, tirou do ostracismo o ex-rapper Marky Marky, revelando aquele que é hoje conhecido como Mark Wahlberg.

Desde então, Anderson já trabalhou com parte da nata de Hollywood, tendo dirigido pesos pesados como os vencedores do Oscar Daniel Day-Lewis, Julianne MoorePhilip Seymour Hoffman e indicados como Burt Reynolds, Amy AdamsEmily WatsonJoaquin Phoenix.

Este último é o protagonista de Vício Inerente, seu segundo trabalho ao lado de Anderson. Phoenix já havia protagonizado o filme O Mestre, de 2012, pelo qual foi indicado ao Oscar de Melhor Ator.

Ocorre que, ao contrário de O Mestre, que é um filme soberbo, Vício Inerente não passa de um delírio hippie do diretor. Apesar do ótimo trabalho de direção de arte, que retrata, de modo muito convincente a Califórnia do início dos anos 70, o filme tem um roteiro raso e de difícil compreensão. Além disso o longa se escora durante seus, intermináveis, 148 minutos no talento de Phoenix. Sua interpretação eficiente e entrega ao personagem é a única coisa que sobra deste pesadelo beatnik.


Baseado no livro lançado em 2009, escrito por Thomas Pynchon, Vício Inerente tenta contar a história de Larry "Doc" Sportello (Phoenix), um investigador particular que tenta desvendar o desaparecimento da ex-namorada, Shasta Fay Hepworth (Katherine Waterston). O tom noir do livro que originou o filme é totalmente deixado de lado em troca de apresentar uma trama lisérgica equivocada.

O curioso é que Vício Inerente só escapou do fracasso total porque Paul Thomas Anderson dispensou Robert Downey Jr. como protagonista do filme, uma vez que decidiu que queria trabalhar novamente com Phoenix.

Fico imaginando o estrago, caso Joaquin não topasse fazer o filme.



Marlo George assistiu, escreveu e ficou na maior larica ao sair do cinema.