Previsto para entrar em cartaz, nos EUA, em 17 de julho de 2015, estreará, finalmente nos cinemas do Brasil,
Batman Vs. Superman: A Origem da Justiça.
Lá se vão 3 anos desde o anuncio oficial do filme, feito pelo diretor
Zack Snyder na San Diego Comic-Con 2013, quando ficamos sabendo que a sequência de
O Homem de Aço seria na verdade o primeiro filme a reunir no cinema alguns dos maiores heróis dos quadrinhos. Desde então fomos surpreendido com anúncios polêmicos de elenco e de personagens, além das mudanças de data de lançamento, que só nos deixavam mais curiosos sobre o que viria a ser o novo filme da DC, o segundo de um universo cinematográfico promissor, que contará no futuro com filme do
Esquadrão Suicida,
Mulher Maravilha,
Aquaman e
Liga da Justiça. Tudo isso tornou os últimos três anos quase intermináveis.
Valeu a pena a espera, pois o novo longa de Snyder é imperdível.
No primeiros cinco minutos de filme já é possível notar a tinta forte da caneta com a qual o diretor assinou a direção. Trata-se de um filme de Zack Snyder. Não há dúvidas quanto à sua legitimidade. Constam no longa a maior parte das técnicas e truques que o diretor utilizou em seus últimos trabalhos, e que deram certo, como as paletas de cores diferenciadas e granulação características do cânone Snyderiano.
O que não funciona mais ficou de fora, como por exemplo, aquelas cenas de ação em
slow motion, usadas à exaustão em
300. Elas não estão lá por se tratar de recurso datado e, francamente, seria péssimo ver o
Batman enfrentar o
Superman daquele jeito.
Ao conseguir imprimir uma marca, uma assinatura de direção, como ele demonstra de forma definitiva neste longa, que pode vir a ser considerada sua obra-prima, torna Snyder em um dos maiores diretores de sua geração.
Além disso o filme é muito bem dirigido nos aspectos tanto técnicos quanto artísticos.
Os efeitos especiais, responsabilidade da
Weta Workshop (O Senhor dos Anéis), são incríveis, especialmente por serem muito críveis. A direção de fotografia, de
Larry Fong, também impressiona por não ter a rigidez daquelas dos filmes de ação curriqueiros. Todas as lutas e peripécias dos heróis são belamente apresentadas, o que resulta em um longa excitante, ágil e bonito de se ver.
As locações externas foram cuidadosamente escolhidas, em especial as que se passam em Smallville.
O roteiro, escrito por
Chris Terrio e
David S. Goyer, apesar de não se basear em arcos específicos, explora os gibis
Batman: O Cavaleiro das Trevas de
Frank Miller e especialmente
A Morte do Superman, escrito por
Dan Jurgens,
Roger Stern,
Louise Simonson,
Jerry Ordway, e
Karl Kesel. Trata-se de uma trama simples e até mesmo previsível, mas o modo como o argumento foi construído embeleza a narrativa. Infelizmente inexistem diálogos retirados diretamente dos quadrinhos. Seria muito bom ouvir o Batman advertir o Superman de que ele foi o único homem que o derrubou, como ocorre na HQ de Miller ou Luthor vociferar como o fez no gibi
Lex Luthor: Homem de Aço de
Brian Azzarello.
O elenco conta com
Henry Cavill (Agentes da U.N.C.L.E.), que continua inepto e nos entrega novamente um Superman sem carisma, que só funciona melhor neste filme do que no anterior, O Homem de Aço, por estar amparado no roteiro, que é pesado e coloca o maior super-herói de todos os tempos em maus lençóis.
Ben Affleck (O Gênio Indomável), após todo o
mimimi em torno de sua escalação para o elenco, demonstrou compromisso com o personagem e já é, para mim, o dono da melhor versão do Homem Morcego de todos os tempos. Bruto, agressivo, inteligente e obstinado, o Bruce Wayne de Affleck é arrojado e convence com e sem o manto negro do justiceiro de Gotham.
O vilão da vez é Lex Luthor e este foi personificado neste novo Universo Cinematográfico DC por
Jesse Eisenberg (Zumbilândia). Por se tratar de um personagem difícil, muito bem construído, Eisenberg poderia errar a mão e estragar tudo. Ocorre que o ator, ao interpretar uma personagem com delírios filosóficos mesclados com uma insanidade advinda se sua genialidade, o fez de modo teatral, tanto é que a impressão que tive foi de que o Luthor destoou de todo o restante do universo apresentado. Não de modo negativo e sim positivo, por ele ser único em um mundo de pessoas curriqueiras e alguns meta-humanos. Desenvolver e trabalhar uma personagem deste calibre e com a maestria que Eisenberg utilizou, é coisa que só vemos em grandes atores. Se continuar assim, ele vai acabar se tornando um deles.
A atriz de
Velozes e Furiosos 7,
Gal Gadot encarnou Diana Prince, a Mulher Maravilha, que não está no filme como mero bibelô sem função nessa estante gigantesca que é Batman Vs. Superman: A Origem da Justiça. A personagem mostra a que veio e tem serventia vital para o desenvolvimento da franquia. Além disso, Miss Gadot convenceu e supriu todas as expectativas que um fã da criação máxima de
William Moulton Marston, como eu, poderia ter.
Confiante de que você irá curtir o filme, caso seja fã do gênero, recomendo o novo longa de Snyder, e da DC, enfatizando que ficará muito difícil pro lado da
Marvel daqui pra frente, uma vez que a DC, após empurrar diversas vezes essa franquia com a barriga, conseguiu, finalmente, fazê-la pegar no tranco.
Marlo George assistiu, escreveu e já faz um cruzeiro no Português Branco.