Caramba! Eu já tinha minha tartaruga naquela época e a Chandika (é uma fêmea) poderia ser tudo: Muito rápida pra sua espécie, forte, casca grossa, até mesmo imortal. Mas NINJA? Isso já era um pouco demais.
Assisti o desenho animado naquele dia, mas não quis acompanhá-lo. Sei lá? Não me conquistou. Os anos se passaram e vi de longe o crescimento da franquia. Descobri inclusive que a mesma se originava de quadrinhos independentes, violentíssimos e que nada tinham a ver com as tartaruguinhas simpáticas da TV e do cinema, e mesmo assim não me interessei por elas.
Hoje, quase 30 anos depois, estou aqui, escrevendo a crítica da sequência da nova série cinematográfica de Donatello, Rafael, Michelangelo e Leonardo e já posso adiantá-los que o quarteto ainda não me ganhou.
Dirigido por Dave Green (Terra para Echo), "As Tartarugas Ninja: Fora das Sombras" começa no mesmo ponto onde terminou o filme original de 2014. Agora elas tem de lidar com a fuga do vilão Destruidor (Brian Tee) que, aliado ao gênio tecnológico Baxter Stockman (Tyler Perry), ameaça o futuro da Terra ao obterem um artefato alienígena que os permitirá criar super-soldados. Além disso, o quarteto ainda terá que lidar com a ameaça de Krang, um vilão do espaço que pretende invadir nosso planeta. Donnie, Rafa, Mick e Leo contam com a ajuda de seu antigo Mestre, Splinter (Tony Shalhoub), April (Megan Fox) e um novo aliado, Casey Jones (Stephen Amell).
A trama do longa está longe de ser original. Super soldados e invasões alienígenas são temas recorrentes em filmes de ação desde sempre. Robocop, Soldado Universal e O Soldado do Futuro são os melhores exemplos de que me lembro no momento. Porém, o erro maior reside no fato de a Marvel Studios estar tratando destes mesmos temas, com êxito, em longas como os da Trilogia Capitão América, Os Vingadores e em filmes vindouros baseados no Universo Marvel. Vale ressaltar que as sequências finais de "Fora das Sombras" lembram muito as de Os Vingadores, de 2012.
O desenvolvimento do filme é apressado e tudo parece acontecer rápido demais, apesar do filme ter 1 hora e 52 minutos de duração. Os diálogos e o próprio argumento do script são infantis, o que torna o filme fácil de assistir. Talvez fácil demais para um público exigente. Até mesmo as referências são de fácil assimilação, como uma das primeiras, feita por Michelangelo, que cita a mais célebre frase de "Scarface", de Brian De Palma.
O elenco é fraco e apenas Stephen Farrelly (o Sheamus da WWE) e Gary Anthony Williams, que deram vida (e voz) aos vilões Rocksteady e Bebop, respectivamente, se destacam. Eles pareciam estar se divertindo interpretando os personagens e isso acabou me contagiando. Rock e Beeb são os únicos personagens carismáticos. Megan Fox retorna como a antipática April O´Neill e agora está acompanhada do fanfarrão Stephen Amell (Arrow), que protagoniza as cenas mais "vergonha alheia" do cinema este ano até o momento.
Noel Fisher, Jeremy Howard, Pete Ploszek e Alan Ritchson dublam, novamente, as personagens título, sem grandes destaques. Brian Tee substituiu Tohoru Masamune como Destruidor. Se Tee estava muito desmotivado para interpretar o vilão ou se falhou ao dar um tom sombrio ao mesmo, eu ainda não sei. A única certeza é que seu Destruidor tinha mais cara de desânimo do que de malvado.
Pra não dizer que tudo está arruinado, os efeitos visuais e especiais são bastante interessantes e as cenas de luta não decepcionam. A trilha sonora também tem trechos interessantes, apesar da falta de um tema emblemático, daqueles que nos fazem assobiá-lo na saída do cinema.
Com poucos atrativos para os cinéfilos mais cascudos — não resisti ao trocadilho — pode agradar a parcela do público que invade os cinemas em busca do blockbuster da semana, mas não terá força para resistir ao tempo.
Marlo George assistiu, escreveu e já procurou objetos alienígenas pelo Brasil. Só achou o Kal.